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Arquivos Psicanálise - Bibiana Malgarim

CURSO Online

Há anos eu estava inquieta com a ideia que ouvia frequentemente:

“Não dá pra entender a Psicanálise, ela é muito subjetiva!”

Sim, ela fala sobre a subjetividade. Mas, o que isso quer dizer? Quer dizer que não é possível entender? Que é para poucos?

NÃOOOOO!!!!

A Psicanálise é uma experiência que nós estudamos (e muito!) e podemos ver ela na nossa rotina porque ela é sobre a VIDA COTIDIANA, ou seja, é sobre a vida de todos nós.

Foi com essa ideia que comecei a fazer os cursos sobre Psicanálise e o mais novo é o A PSICANÁLISE PELOS TEXTOS DE FREUD, no qual eu trago vários textos fundamentais de Freud de forma comentada, embasada e leve.

O curso tem:

12 Aulas gravadas

2 Aulas síncronas (a serem agendadas)

Caderno e slides

Certificado

Didático e consistente

1 Ano de Acesso

PSICANÁLISE SEM RANÇO!

Acessa esse link: https://bibianamalgarim.com/textos-freud/

Escolher ter filhos é tão difícil quanto escolher não os ter

Escolher é a questão. Escolher é o difícil.

Optar por ter filhos é uma atitude de desprendimento titânica: não há como voltar. A vida ganha afetos, intensidades, cheiros e amores antes desconhecidos. Mescla-se com dias repletos de ansiedades pelo desconhecido, pelo cansaço e por dúvidas atrozes.

Contudo, escolheu-se fazer um ser humano. E esse caminho é um caminho necessário para a humanidade. A escolha das palavras aqui é precisa: escolha, ser humano e humanidade. Não se está falando de capacidade reprodutiva. Fala-se de humanos fazendo outros humanos com qualidades que os elevem.

Em nenhum momento será fácil. Será bom. Será ótimo. E será ruim também.

O contrário é verdadeiro.

Escolher não ter filhos também é uma opção que não trará a completude idealizada. É desprendimento? Total, mas de outra ordem: desprende-se de estigmas ou obrigações os quais parecem já estarem registrados na certidão de nascimento, especialmente esse você nasceu menina. Escolher não os ter é um caminho que se organiza em função de uma opção e de uma renúncia. A vida será pautada por afetos, com noites e dias de uma autonomia gostosa, uma calma para olhar e sentir a vida. Quem escolhe esse caminho não será poupado das dúvidas. Também é um lugar que espinha porque não há certezas, e há muitos olhares duvidosos e críticas cruéis. Afinal, não são somente os pais quem são alvos.

E talvez esse seja um ponto importante: quem consegue e pode escolher algo para seu caminho de vida pode se tornar alvo porque optou por algo, renunciando a outras tantas possibilidades. Lidou com a castração, psicanaliticamente falando.

Escolher não se trata de “se jogar” impulsivamente, ou fazer algo pautado por um afeto intenso e descarrilhado, nem sequer não o fazer pela impossível culpa que o pretenso ato gerará. Escolher é arcar com o que se opta, isso inclui o ônus e o bônus. Sempre.

Ter ou não ter filhos? Não há escolha mais fácil aqui. O difícil não é tê-los ou não, o difícil é fazer a escolha.

A Psicanálise na Universidade: Como e para que?

Em 1919 Freud escreveu um texto chamado “Deve-se ensinar a Psicanálise nas universidades?” no qual ele aponta se a Psicanálise é para a universidade. Se considerarmos que a formação para psicanalistas é orientada para o que se chama de tripé analítico – estudo, supervisão e prática – o ensino da psicanálise é bastante restrito no contexto universitário. Freud afirma dos ganhos que os profissionais teriam ao estudar essa ciência, entretanto, ao fim do texto ele afirma “o estudante de medicina jamais aprenderá a psicanálise. […] é suficiente que ele aprenda sobre e com a psicanálise…” (p.381, 1919/2010).

O ponto é: os cursos universitários formam psicanalistas? Não, não formam. O objetivo da maioria dos cursos de graduação atualmente, se não todos, é uma formação generalista – o que se opõe a uma formação profunda em algo, como a psicanálise. Então, o que se aprende em um curso de Psicologia, por exemplo? Para que a psicanálise na graduação?

Farei uma metáfora para exemplificar:

Quando o bebê nasce você não oferece uma maçã para ele. Com o passar dos meses você oferecerá o suco da maçã; mais meses se passam, a maçã em forma de purê; em seguida um pedaço da maçã, o qual o bebê irá brincar, cheirar e sentir a textura da fruta. A criança, enfim, recebe a fruta maçã, tal como é: irá comer ou brincar? Ou ambos? Adulto, a maçã se transforma em sofisticadas receitas.

Na universidade o que se oferece é o suco. É tudo que pode ser uma maçã? Nunca. Não é maçã? Sim, é, mas com toda certeza é uma ideia bastante básica de tudo o que a fruta pode oferecer e ser. Para que ela é oferecida? Porque é uma prática consagrada pela sua relevância clínica, pela condição de compreensão de processos complexos típicos do humano, pela prática como uma via de pesquisa que se dá no campo – no setting –, da prática para a teoria, e não o contrário, etc. São muitas as razões.

E então, você provou dessa fruta?

Referência:

Freud, S. História de uma neurose infantil (“O homem dos lobos”): além do princípio do prazer e outros textos (1917-1920). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

A Introdução do livro Psicanálise e Resiliência – Capítulo 1

Pensei em compartilhar com vocês o Capítulo 1 Introdução do nosso livro Psicanálise e Resiliência! Isso porque o capítulo conta como o livro foi pensando e também apresenta todos os capítulos dele! Confere e me conta o que achou!

Se tiver interesse em adquirir, pode entrar em contato comigo pelo e-mail bmalgarim@yahoo.com. ou pelo meu Whastapp (51) 982095051. Nosso livro foi editado pela Editora Zagodoni.

Capítulo 1: Introdução

Por que estudar e entender sobre Resiliência? Por que seguir estudando Psicanálise? E como esses dois conceitos se relacionam? Como a Resiliência tem sido entendida e estudada pela Psicanálise? Em que casos ou situações a Resiliência pode ser percebida?

Essas questões todas, e provavelmente muitas outras, motivaram a escrita desse livro que hoje está materializado nessas folhas. Trata-se de questões todas muito complexas, igualmente profundas e com inúmeras possibilidades de respostas. Dessa forma, o que buscamos apresentar nesse material são algumas alternativas de caminhos para essas respostas, frente as quais cada um poderá buscar outras alternativas, através de seu estudo e de sua prática clínica.

O livro “Psicanálise e Resiliência” começou a ser pensado de maneira muito latente ainda quando a organizadora, Bibiana G. Malgarim, desenvolvia sua pesquisa de Doutorado, cujo tema era justamente esse. Através das pesquisas teóricas, diversas dúvidas se agregaram e a pesquisa se tornou ainda mais complexa, intensa e menos propensa a encerrar-se com o término do Doutorado. Esse último ponto em tudo tem a ver com as características próprias à ciência e à Psicanálise: seguir contemporânea ao tempo em que vive.

A partir dessas inquietações, surgiu o desejo de materializar a obra. Para isso, a Profa. Daniela C. Levandowski, que já havia orientado pesquisa sobre o tema e tem experiência em publicação científica, foi convidada a contribuir na tarefa de organização. Após isso, autores de diferentes âmbitos de atuação, filiados a diferentes instituições, reconhecidos por suas produções na Psicanálise e, particularmente, pelo estudo da Resiliência, foram convidados a contribuir com capítulos de caráter conceitual e/ou aplicado. Este livro, portanto, é fruto de um esforço coletivo, uma produção tecida por muitas e diversas mãos.

O livro está dividido em três grandes seções: na primeira delas, o tema da Resiliência é explorado através do seu conceito e as relações que estabelece com a Psicanálise. Para tanto, apresenta-se cinco capítulos que veiculam ideias que se complementam no entendimento da noção do que é Resiliência dentro da perspectiva psicanalítica. Na segunda seção, apresentamos seis capítulos, todos igualmente interessantes e originais, os quais versam sobre a Resiliência no contexto da clínica psicanalítica, o que pressupõe diferentes facetas da escuta clínica. Por fim, na terceira seção, são apresentados dois capítulos nos quais se visualiza a relação entre Resiliência e saúde, com enfoque em situações específicas de saúde, a partir de dados de pesquisas realizadas em nosso meio. Nas três seções é possível constatar o cuidado dos autores em, a cada início de capítulo, apresentar a perspectiva conceitual com a qual estão trabalhando, especialmente no que diz respeito à resiliência – conceito amplo e frequentemente empregado de maneira superficial e inconsistente.

Compondo a Seção 1, no Capítulo 2, intitulado “Por que a Resiliência: Um Panorama Geral e Conceitual”, encontramos uma explanação de por qual razão estudar e compreender o conceito de Resiliência dentro da perspectiva psicanalítica, assim como uma introdução sobre o tema, o que auxiliará na leitura dos capítulos subsequentes. No Capítulo 3, “Resiliência na Psicanálise: Uma construção psíquica” a interlocução entre a Psicanálise e a Resiliência fica ainda mais explicitada, pois, além do resgate das noções de trauma e traumatismo, também encontradas no Capítulo 2, aborda-se a compreensão de autores franceses contemporâneos sobre o tema, com destaque para o conceito de vulnerabilidade e a importância da relação mãe-pai-bebê no processo de constituição psíquica e, por conseguinte, de resiliência do indivíduo.

O Capítulo 4, intitulado “A Força da Resiliência frente ao Traumático: Conceitos e Reconfigurações”, aborda diferentes concepções e significados de resiliência encontradas na literatura, tendo como pano de fundo o contexto de trauma psíquico, uma vez que a resiliência permite entender as respostas dos indivíduos frente a eventos adversos da vida, em especial os eventos traumáticos.

No Capítulo 5, intitulado “A Mentalização como um Fator de Resiliência”, os autores discorrem sobre um conceito bastante importante, mas ainda pouco explorado na Psicanálise, que é o de mentalização. A partir da teoria psicanalítica das relações objetivais e da vertente psicanalítica contemporânea da teoria do apego, nesse texto os autores refletem sobre a possibilidade de o funcionamento reflexivo de um indivíduo, ou, dito de outro modo, sua capacidade de mentalização, ser um vetor capaz de promover resiliência. Para tanto, o papel do trauma na trajetória desenvolvimental do indivíduo e na capacidade de mentalização e resiliência também é abordado.

Iniciando a segunda parte do livro, que trata das interconexões entre resiliência e prática clínica, o Capítulo 6, “Entre o trauma e a resiliência: Os percursos do narrar em Psicanálise” apresenta um fator fundamental na composição da Resiliência, que também é condição para a prática clínica: a possibilidade de narrar, isto é, de construir narrativas sobre acontecimentos traumáticos. A narrativa é uma ação presente na história da humanidade, assim como na própria Psicanálise, e é através dela que o sujeito e o coletivo de sujeitos, a cultura, pode atribuir sentidos às experiências, vivências, dificuldades e sofrimentos.

No Capítulo 7, “A Vida Secreta e a Aparente de Karen”,  apresenta uma personagem a qual fusiona em sua existência partes diversas de analisantes do autor. O capítulo lembra um conto, ou poderia ser também um sonho ou caso clínico em torno dos temas da resiliência e da monogamia.

No Capítulo 8, intitulado “A Resiliência e a Escuta do Trauma”, as autoras, a partir de relatos de pacientes de um programa destinado ao atendimento precoce de pacientes que vivenciaram situações traumáticas de natureza diversa, refletem sobre as possibilidades de escuta e acolhimento dessas narrativas. Destacam a relevância das experiências do sujeito com o ambiente, incluindo aí as experiências intersubjetivas, especialmente a partir de aportes de Sándor Ferenczi e Donald Winnicott. Pautadas nesses aportes, pontuam, ao longo do capítulo, características importantes para o trabalho clínico com pacientes, cujas vidas foram perpassadas por vivências traumáticas.

Já no Capítulo 9, A Matriz da Resiliência, as autoras dedicam-se a apresentar alguns pressupostos teóricos sobre a constituição física e psíquica que ocorre no período fetal, destacando a importância do ambiente-mãe nesses processos que, segundo elas, constituiriam a base da matriz da resiliência. Com base nisso, relatam um atendimento no qual a intervenção psicanalítica a uma gestante em situação de risco possibilitou a manutenção da vida do bebê e, com isso, da matriz da resiliência.

O último capítulo da Seção 2, intitulado Resiliência, Psicanálise e o Processo de Supervisão de Pacientes de “Difícil Acesso” (capítulo 10), aborda o tema da Resiliência na Psicanálise a partir de uma perspectiva diferente: a resiliência do psicoterapeuta. Nesse sentido, as autoras tecem uma reflexão sobre o campo da supervisão, envolvendo o analista, o supervisor e os denominados “pacientes de difícil acesso”. Com isso, buscam compreender aspectos presentes na relação analista-supervisor, destacando a possibilidade de pensar esse espaço como uma oportunidade com potencial para o desenvolvimento da resiliência do terapeuta.

Iniciando a Seção 3 do livro, que tem como foco a Resiliência e a Saúde, são apresentados dois capítulos derivados de pesquisas realizadas no contexto gaúcho, envolvendo pacientes portadores de condições de saúde física diferentes, ambas bastante complexas, e seus familiares. Um deles, intitulado “Trauma, resiliência e ressignificação: Um olhar psicanalítico sobre os cônjuges de pessoas com câncer” (capítulo 11), tem como foco analisar a perspectiva dos cônjuges sobre a doença oncológica dos(as) seus parceiros(as). Essa vivência é entendida como potencialmente traumática. As autoras refletem, então, sobre as possibilidades de ressignificação da doença por intermédio do conceito de resiliência.

Por fim, o capítulo 12, intitulado “Trauma e Elaboração em Pacientes após a Internação na UTI”, articula as concepções de Freud e Lacan sobre o trauma para compreender as vivências de pacientes após a internação em uma Unidade de Terapia Intensiva e suas possibilidades de elaboração e (re)significação a partir da noção de resiliência. As autoras entendem essa experiência de internação como potencialmente traumática, devido ao estado de saúde crítico e de risco à vida que esses pacientes apresentam.

Sendo assim, a partir dessas diferentes contribuições teóricas, clínicas e de pesquisa, aportadas nesses capítulos por autores com experiências profissionais diversas, embora sempre fundamentadas na Psicanálise, espera-se que esta obra possa contribuir para a continuidade das reflexões sobre Resiliência nessa vertente teórica, dado o potencial desse construto para a promoção da saúde e da qualidade de vida dos indivíduos e seus coletivos.”

Por que uma criança faz psicoterapia?

dedoches

Já a bastante tempo que psicólogos trabalham com crianças em psicoterapia, espaço esse que foi destinado aos adultos por excelência. Contudo, a infância sempre esteve presente, em especial porque ela era trazida por suas memórias, marcas e experiências todas as quais dizem do adulto que somos hoje.

Nesse sentido, em geral, é possível perceber que pensar em um adulto fazendo psicoterapia é algo que parece já assentado para o público em geral, contudo esse raciocínio parece não se aplicar às crianças de uma maneira tão natural. Por que uma criança precisaria de psicoterapia? Não é nessa fase da vida que somos mais felizes e, portanto, estamos bem?

Nem sempre, seria uma possível resposta, embora vaga. Ou ainda, na verdade isso não é a regra. A infância é ainda uma fase de desenvolvimento extremamente idealizada, na qual de fato, fantasia-se uma séria de aventuras repletas de felicidade incomensurável, prazeres e falta de compromissos – o sonho para muitos adultos. Contudo, não se trata disso em absoluto.

A infância é um momento muito intenso para o desenvolvimento dos sujeitos e com isso, há muito trabalho a ser feito. Cada descoberta, cada aquisição, cada momento pode ser muito extenuante, exigente e, em algumas situações, longe de remeter a um estado de felicidade transcendente. Nós, adultos, esquecemos, mas aprender a andar, por exemplo, é um desafio físico e psíquico imenso, envolve tantas variáveis emocionais tão sutis – e espontâneas – que muitas vezes passam desapercebidas a “olho nu”.  Passar usar um garfo ao invés de uma colher na refeição? Básico? Acredite, nem tanto!

Até agora, pontuei algumas questões mais específicas do desenvolvimento esperado, mas é quando essas questões encontram “barreiras” a sua franca expansão, agregando-se outras dificuldades daquele pequeno sujeito e de seu entorno, que a situação pode complicar.

Já adianto: Não há fórmula pré-determinada para indicar psicoterapia para uma criança – como não há fórmula alguma para a psicanálise (infantil ou adulta) quando pensamos nas articulações subjetivas possíveis. Contudo, penso que conseguir olhar de forma mais atenta ao que se passa com os pequenos pode ser um bom começo, buscando escapar das idealizações que se acabam por se tornar amarras, ou ainda, do receio de se cair na trágica culpabilização parental.

Acima, falei que muitas coisas passam desapercebidas a “olho nu”: é necessário relativizar nesse ponto! Na verdade, para pensarmos se nossos pequenos precisam ou não de psicoterapia, seria interessante desnudar-se de ideias pré-concebidas sobre a infância, e permitir-se perceber que não precisa ter tamanho, ou idade, para que o sofrimento se apresente de maneira importante. Acredite ou não, sofrimento não é proporcional a tamanho ou idade. Poder lembrar ou perceber isso seria um passo importante. Lógico? Acredite novamente, passa longe de ser fácil!

Ensinar a “falhar”? É possível falar dessa palavra?

O psicanalista Jean-Pierre Lebrun, autor de diversos livros na área da psicanálise (“Um mundo sem limites”, por exemplo), discorre em uma entrevista sobre a relação dos pais com seus filhos e o título da entrevista chama a atenção justamente para a questão inerente a todos os humanos: falhamos.

A reportagem em questão “Ensinem os filhos a falhar”, feita por Ronaldo Soares, apresenta várias questões propostas ao psicanalista e explanadas por esse último. Duas questões, cito aqui em especial, são colocadas e articulando as respostas dadas a elas emerge o que dá título a entrevista: “Por que os pais hoje têm tanta dificuldade de controlar seus filhos?” e “Existe uma fórmula para evitar que os filhos sigam por um caminho errado?“,  é nessa última que Lebrun afirma:

É preciso ensiná-los a falhar. Uma coisa certa na vida é que as crianças vão falhar, não há como ser diferente. Quando os pais, a família e a sociedade dizem o tempo todo que é preciso conseguir, conseguir, conseguir, massacram os filhos. É inescapável errar. Todo mundo, em algum momento, vai passar por isso. Aprender a lidar com o fracasso evita que ele se torne algo destrutivo. Às vezes é preciso lembrar coisas muito simples que as pessoas parecem ter esquecido completamente. Estamos como que dopados. Os pais sabem que as crianças não ficarão com eles a vida inteira, que não vão conseguir tudo o que sonharam, que vão estabelecer ligações sociais e afetivas que, por vezes, lhes farão mal, mas tentam agir como se não soubessem disso. Hoje os filhos se tornaram um indicador do sucesso dos pais. Isso é perigoso, porque cada um tem a sua vida. Não é justo que, além de carregarem o peso das próprias dificuldades, os filhos também tenham de suportar a angústia de falhar em relação à expectativa depositada neles.”

O estudioso aponta sobre um ponto muito interessante o qual fala dessa condição humana a qual inclui errar e falhar, e essas experiências tomadas como algo inevitável e não negativo para o desenvolvimento, visto que permitem um contato profundo com as experiências totais da vida – internas e externas. Lebrun afirma também que os filhos se tornam indicadores do sucesso dos pais, logo, penso que apostar em filhos infalíveis, é também apostar na sua condição onipotente e narcísica de pais. Parece-nos que há uma transmissão desse sentimento nesse momento em que vivemos: prometa que não falhará, seja lá no que for e como for, e assim, todos nós viveremos ainda não felizes para sempre.

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