Pensei em compartilhar com vocês o Capítulo 1 Introdução do nosso livro Psicanálise e Resiliência! Isso porque o capítulo conta como o livro foi pensando e também apresenta todos os capítulos dele! Confere e me conta o que achou!

Se tiver interesse em adquirir, pode entrar em contato comigo pelo e-mail bmalgarim@yahoo.com. ou pelo meu Whastapp (51) 982095051. Nosso livro foi editado pela Editora Zagodoni.

Capítulo 1: Introdução

Por que estudar e entender sobre Resiliência? Por que seguir estudando Psicanálise? E como esses dois conceitos se relacionam? Como a Resiliência tem sido entendida e estudada pela Psicanálise? Em que casos ou situações a Resiliência pode ser percebida?

Essas questões todas, e provavelmente muitas outras, motivaram a escrita desse livro que hoje está materializado nessas folhas. Trata-se de questões todas muito complexas, igualmente profundas e com inúmeras possibilidades de respostas. Dessa forma, o que buscamos apresentar nesse material são algumas alternativas de caminhos para essas respostas, frente as quais cada um poderá buscar outras alternativas, através de seu estudo e de sua prática clínica.

O livro “Psicanálise e Resiliência” começou a ser pensado de maneira muito latente ainda quando a organizadora, Bibiana G. Malgarim, desenvolvia sua pesquisa de Doutorado, cujo tema era justamente esse. Através das pesquisas teóricas, diversas dúvidas se agregaram e a pesquisa se tornou ainda mais complexa, intensa e menos propensa a encerrar-se com o término do Doutorado. Esse último ponto em tudo tem a ver com as características próprias à ciência e à Psicanálise: seguir contemporânea ao tempo em que vive.

A partir dessas inquietações, surgiu o desejo de materializar a obra. Para isso, a Profa. Daniela C. Levandowski, que já havia orientado pesquisa sobre o tema e tem experiência em publicação científica, foi convidada a contribuir na tarefa de organização. Após isso, autores de diferentes âmbitos de atuação, filiados a diferentes instituições, reconhecidos por suas produções na Psicanálise e, particularmente, pelo estudo da Resiliência, foram convidados a contribuir com capítulos de caráter conceitual e/ou aplicado. Este livro, portanto, é fruto de um esforço coletivo, uma produção tecida por muitas e diversas mãos.

O livro está dividido em três grandes seções: na primeira delas, o tema da Resiliência é explorado através do seu conceito e as relações que estabelece com a Psicanálise. Para tanto, apresenta-se cinco capítulos que veiculam ideias que se complementam no entendimento da noção do que é Resiliência dentro da perspectiva psicanalítica. Na segunda seção, apresentamos seis capítulos, todos igualmente interessantes e originais, os quais versam sobre a Resiliência no contexto da clínica psicanalítica, o que pressupõe diferentes facetas da escuta clínica. Por fim, na terceira seção, são apresentados dois capítulos nos quais se visualiza a relação entre Resiliência e saúde, com enfoque em situações específicas de saúde, a partir de dados de pesquisas realizadas em nosso meio. Nas três seções é possível constatar o cuidado dos autores em, a cada início de capítulo, apresentar a perspectiva conceitual com a qual estão trabalhando, especialmente no que diz respeito à resiliência – conceito amplo e frequentemente empregado de maneira superficial e inconsistente.

Compondo a Seção 1, no Capítulo 2, intitulado “Por que a Resiliência: Um Panorama Geral e Conceitual”, encontramos uma explanação de por qual razão estudar e compreender o conceito de Resiliência dentro da perspectiva psicanalítica, assim como uma introdução sobre o tema, o que auxiliará na leitura dos capítulos subsequentes. No Capítulo 3, “Resiliência na Psicanálise: Uma construção psíquica” a interlocução entre a Psicanálise e a Resiliência fica ainda mais explicitada, pois, além do resgate das noções de trauma e traumatismo, também encontradas no Capítulo 2, aborda-se a compreensão de autores franceses contemporâneos sobre o tema, com destaque para o conceito de vulnerabilidade e a importância da relação mãe-pai-bebê no processo de constituição psíquica e, por conseguinte, de resiliência do indivíduo.

O Capítulo 4, intitulado “A Força da Resiliência frente ao Traumático: Conceitos e Reconfigurações”, aborda diferentes concepções e significados de resiliência encontradas na literatura, tendo como pano de fundo o contexto de trauma psíquico, uma vez que a resiliência permite entender as respostas dos indivíduos frente a eventos adversos da vida, em especial os eventos traumáticos.

No Capítulo 5, intitulado “A Mentalização como um Fator de Resiliência”, os autores discorrem sobre um conceito bastante importante, mas ainda pouco explorado na Psicanálise, que é o de mentalização. A partir da teoria psicanalítica das relações objetivais e da vertente psicanalítica contemporânea da teoria do apego, nesse texto os autores refletem sobre a possibilidade de o funcionamento reflexivo de um indivíduo, ou, dito de outro modo, sua capacidade de mentalização, ser um vetor capaz de promover resiliência. Para tanto, o papel do trauma na trajetória desenvolvimental do indivíduo e na capacidade de mentalização e resiliência também é abordado.

Iniciando a segunda parte do livro, que trata das interconexões entre resiliência e prática clínica, o Capítulo 6, “Entre o trauma e a resiliência: Os percursos do narrar em Psicanálise” apresenta um fator fundamental na composição da Resiliência, que também é condição para a prática clínica: a possibilidade de narrar, isto é, de construir narrativas sobre acontecimentos traumáticos. A narrativa é uma ação presente na história da humanidade, assim como na própria Psicanálise, e é através dela que o sujeito e o coletivo de sujeitos, a cultura, pode atribuir sentidos às experiências, vivências, dificuldades e sofrimentos.

No Capítulo 7, “A Vida Secreta e a Aparente de Karen”,  apresenta uma personagem a qual fusiona em sua existência partes diversas de analisantes do autor. O capítulo lembra um conto, ou poderia ser também um sonho ou caso clínico em torno dos temas da resiliência e da monogamia.

No Capítulo 8, intitulado “A Resiliência e a Escuta do Trauma”, as autoras, a partir de relatos de pacientes de um programa destinado ao atendimento precoce de pacientes que vivenciaram situações traumáticas de natureza diversa, refletem sobre as possibilidades de escuta e acolhimento dessas narrativas. Destacam a relevância das experiências do sujeito com o ambiente, incluindo aí as experiências intersubjetivas, especialmente a partir de aportes de Sándor Ferenczi e Donald Winnicott. Pautadas nesses aportes, pontuam, ao longo do capítulo, características importantes para o trabalho clínico com pacientes, cujas vidas foram perpassadas por vivências traumáticas.

Já no Capítulo 9, A Matriz da Resiliência, as autoras dedicam-se a apresentar alguns pressupostos teóricos sobre a constituição física e psíquica que ocorre no período fetal, destacando a importância do ambiente-mãe nesses processos que, segundo elas, constituiriam a base da matriz da resiliência. Com base nisso, relatam um atendimento no qual a intervenção psicanalítica a uma gestante em situação de risco possibilitou a manutenção da vida do bebê e, com isso, da matriz da resiliência.

O último capítulo da Seção 2, intitulado Resiliência, Psicanálise e o Processo de Supervisão de Pacientes de “Difícil Acesso” (capítulo 10), aborda o tema da Resiliência na Psicanálise a partir de uma perspectiva diferente: a resiliência do psicoterapeuta. Nesse sentido, as autoras tecem uma reflexão sobre o campo da supervisão, envolvendo o analista, o supervisor e os denominados “pacientes de difícil acesso”. Com isso, buscam compreender aspectos presentes na relação analista-supervisor, destacando a possibilidade de pensar esse espaço como uma oportunidade com potencial para o desenvolvimento da resiliência do terapeuta.

Iniciando a Seção 3 do livro, que tem como foco a Resiliência e a Saúde, são apresentados dois capítulos derivados de pesquisas realizadas no contexto gaúcho, envolvendo pacientes portadores de condições de saúde física diferentes, ambas bastante complexas, e seus familiares. Um deles, intitulado “Trauma, resiliência e ressignificação: Um olhar psicanalítico sobre os cônjuges de pessoas com câncer” (capítulo 11), tem como foco analisar a perspectiva dos cônjuges sobre a doença oncológica dos(as) seus parceiros(as). Essa vivência é entendida como potencialmente traumática. As autoras refletem, então, sobre as possibilidades de ressignificação da doença por intermédio do conceito de resiliência.

Por fim, o capítulo 12, intitulado “Trauma e Elaboração em Pacientes após a Internação na UTI”, articula as concepções de Freud e Lacan sobre o trauma para compreender as vivências de pacientes após a internação em uma Unidade de Terapia Intensiva e suas possibilidades de elaboração e (re)significação a partir da noção de resiliência. As autoras entendem essa experiência de internação como potencialmente traumática, devido ao estado de saúde crítico e de risco à vida que esses pacientes apresentam.

Sendo assim, a partir dessas diferentes contribuições teóricas, clínicas e de pesquisa, aportadas nesses capítulos por autores com experiências profissionais diversas, embora sempre fundamentadas na Psicanálise, espera-se que esta obra possa contribuir para a continuidade das reflexões sobre Resiliência nessa vertente teórica, dado o potencial desse construto para a promoção da saúde e da qualidade de vida dos indivíduos e seus coletivos.”

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