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Arquivos Psicoterapia - Bibiana Malgarim

Tão cheios de manias!

É muito comum ouvirmos que alguém é “cheio de manias”. À essas manias se atribuem comportamentos habituais, comportamentos muitas vezes não propositais, mas que fazem parte de todo um ritual e que o sujeito sente necessidade de fazer.

Algumas coisas precisam ser esclarecidas:

  • O sentido popular de mania nada tem a ver com o sentido científico – popularmente atribui-se mania como sinônimo de hábito; mania, para a psicologia e psiquiatria diz respeito a um estado de humor.
  • Esses comportamentos chamados de manias, em muitas situações, são comportamentos obsessivos que fazem parte de um ritual necessário para o sujeito e que visam aliviar a ansiedade.

A dificuldade dessa situação é que o alívio da ansiedade começa a ficar cada vez mais difícil para o sujeito e a tendência é haver um sofrimento muito grande, mesmo em situações aparentemente muito simples da rotina.

“Manias” não são situações que devem ser desconsideradas e precisam ser entendidas como um sinal de alerta. Não são coisas bobas, nem passageiras. A indicação mais adequada é uma avaliação com um profissional capacitado. Pense nisso!

Quando NÃO devemos encaminhar a criança para psicoterapia?

Uma criança não deve fazer psicoterapia porque está indo “mal” no colégio

Avaliações apressadas da situação da criança podem conduzir a alguns erros de encaminhamentos também. Muitas vezes a escola e o baixo rendimento nela de fato são sintomas de sofrimento infantil, e nesse caso uma avaliação psicológica cuidadosa verificará isso e o atendimento psicoterápico se justificará. Entretanto, não podemos tomar isso como regra absoluta: não ter um rendimento esperado na escola pode ser consequência de vários fatores, incluindo problemas de ordem física como dificuldades de visão e audição, só para citar algum exemplo.

 

Uma criança não deve fazer psicoterapia porque está triste com a perda do bichinho de estimação

Perder alguém ou algum bichinho de estimação pode ser uma experiência muito difícil, entretanto é importante também entendermos a perda e a morte como algo que faz parte da experiência humana. E ainda, ficar triste com ela também é um processo esperado e saudável. É diferente quando se observa que o sujeito – criança ou adulto – não consegue se recuperar dessa perda e alguns sintomas aparecem como sinalizadores desse sofrimento.

 

Uma criança não precisa necessariamente de psicoterapia porque apresenta sintomas

Para muitos psicanalistas infantis a ausência completa de sintomas na infância não indica saúde como a maioria das pessoas está inclinada a pensar. Sintoma pode ser entendido como um sinalizador de sofrimento, um conteúdo amarrado a outro de ordem inconsciente, uma comunicação, ou seja, algo que sempre tem um sentido próprio. Desenvolver sintomas no decorrer do desenvolvimento é um recurso psíquico importante e que denuncia, inclusive, quando o sofrimento precisa ser acolhido, compreendido e tratado. Antes disso, não se espera que passemos todo nosso desenvolvimento imunes porque somos sujeitos nascidos de outros sujeitos cujas histórias também possuem marcas. Nasceu o irmão mais novo e o mais velho deu sinais de incômodo expressos por uma dependência maior ou uns escapes de xixi na cama? Isso pode estar comunicando que a chegada do irmãozinho está demando dele, mas não quer dizer necessariamente patologia.

Os encaminhamentos para psicoterapia devem ser avaliados com cuidado e de maneira contextualizada: muitas vezes se subestima o sofrimento infantil – como já discuti no Post https://conversadegentemiuda.wordpress.com/2015/04/28/por-que-uma-crianca-faz-psicoterapia/ – outras, no entanto, encaminha-se para a área da psicologia porque não se sabe ao certo o que fazer ou do que se trata aquela situação. De qualquer forma, um profissional ético poderá auxiliar inclusive na compreensão dessa demanda, isto é, se ela justifica ou não o atendimento psicoterápico. A dificuldade – e/ou a beleza – da vida é que tudo e todas as experiências possuem diversas facetas e cada sujeito vivencia de maneira única.

Lembra do primeiro item desse post, sobre ter baixo rendimento no colégio? Ele por si só não indica necessidade de tratamento psicológico, entretanto uma grande parte das crianças que necessitam do tratamento psicoterapêutico apresentam dificuldades de aprendizagem. Deu para entender, certo?

Férias: Um desafio para a psicoterapia d@ miúd@

criancas-praia

As férias de verão são definitivamente um período muito aguardado pelos pequenos: a rotina muda; as brincadeiras e jogos estão liberados; não há tarefas escolares; os horários são mais flexíveis. Parece ótimo, não parece?

A questão que proponho é: e como fica a psicoterapia d@s miúd@s nesse período?

É frequente que os pequenos associem férias escolares à “férias” da psicoterapia, até mesmo alguns pais acabam por fazer essa associação – e não é gratuita: primeiro porque a psicoterapia é um compromisso assumido pela família e pelo paciente; segundo, porque muitas queixas advém de questões escolares. Claro que haveria uma terceira, quarta, quinta, etc. explicação, mas em síntese podemos indicar essas duas, as quais são muito comuns. Contudo, o período de férias escolares dos pequenos, em regra, não deve ser equivalente ao período de afastamento da psicoterapia.

É fundamental ter em mente que psicoterapia é contato, vínculo, é rotina também. Manter o trabalho mental é importantíssimo para que o processo não se prejudique.E isso se aplica de forma ainda mais especial quando falamos de crianças bem pequenas ou com dificuldades de desenvolvimento severas. Descanso é fundamental, para todos, entretanto, esse espaço não deve ser tão extenso a ponto de afloxar o laço que é a relação terapêutica.

Dessa forma, a psicoterapia deve continuar mesmo no período de férias escolares – em geral, de quase 90 dias (3 meses)- e as férias da psicoterapia podem ser combinadas com o psicoterapeuta, o qual discutirá conjuntamente com a família o período mais interessante para todos. Depois disso, boas férias!!

Psicoterapia #Sinistra #Maneira

Quem vai ao psicólog@? Que mitos existem em torno dessa decisão de fazer ou não psicoterapia? Quais preconceitos estão arraigados ao tratamento psicológico?

Quem precisa de psicoterapia ? Você? Eu? Pessoas seriamente doentes?

Psicoterapia é uma possibilidade incrível de se conhecer e ampliar o seu bem-estar e saúde mental. É um mergulho profundo, com direito a oxigênio!  Mas, muitas vezes parece bem difícil de entender por quê fazer psicoterapia e quais os benefícios dessa escolha, então olha aí o vídeo da Jout Jout mandando muito bem sobre esse assunto!

 

Psicoterapia pode ser muito MANEIRA! E “bye bye” ao preconceito sobre o tratamento psicoterapia!!

 

 

Supervisão Supervisor: Territórios

Li há alguns dias em uma postagem de rede social a seguinte frase:

“A supervisão é um território privilegiado de transmissão de um ofício.”

(frase atribuída a M. Viñar)

Linda a frase, não é mesmo? E se torna tão bonita porque convoca um sentimento genuíno em nós, psicólogos. Ainda que a definição da palavra Supervisão esteja vinculada a uma noção de inspeção, guiar ou auxiliar a gerar resultados, ela claramente transcende isso, simplesmente porque é mais. Para mim, ser supervisor também se trata de testemunhar a descoberta gradual de uma condição: a condição de se tornar psicoterapeuta – constantemente e renovadamente.

Ser psicoterapeuta é algo difícil de definir. Tentamos estudar através dos textos e artigos o que é, como é, o que se diz, como se faz e com quem se faz, contudo é no território do setting terapêutico que se descortina o psicoterapeuta verdadeiramente: aquele que acolhe com uma escuta atenta, generosa e ética o sofrimento de quem lhe procura, e ainda, através dessa dupla (psicólogo/sujeito e paciente/sujeito) que se constrói, desbravam outros tantos territórios inexplorados, mas que sempre estiveram lá, no intimo daquele sujeito que lhe comunica.

Supervisionar é sim um território paralelo porque além de termos a oportunidade de transmitir algo somos convidados a acompanhar os descobrimentos sobre o próprio psicoterapeuta.

Gostei tanto dessa frase, suponho nesse momento, porque ela aponta que ser psicoterapeuta (ou analista) não é meramente uma profissão, é um ofício! Ou seja, vai convocar você a bem mais que ler livros e decorar teorias, vai convocar você a se transformar. E isso pode ser lindo!

 

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