Haverá um mês diferente. 

Haverá um mês, que mesmo anunciando a mudança de estações, estará recoberto de um outro clima, um ar mais denso, folha caída, um cinza indeciso, uma saudade.

Haverá um mês que será confuso por muitos anos.

Passa um, passa dois, passarão mais, e ele será o mês.

Nele cabe o impossível: o início e o fim. 

Nele coube o que não tem palavra até hoje.

O tempo parece que enlouqueceu.

Haverá um mês que teimamos em não querer sentir.

As marcas estão presentes e ditam que ali algo findou.

E é essa inevitabilidade que arrasa com as defesas.

Sempre haverá um mês em que não se poderá esquecer.

Não se esquece o que está tão profundo:

Como as árvores, folhas e flores e frutos não se sustentam nos passar dos meses. 

As raízes, sim. Elas seguem. E cavam mais fundo todos os anos.

Então, seguiremos raiz, mês a mês, ano a ano.

8 de outubro

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