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Psicanálise

Quando NÃO devemos encaminhar a criança para psicoterapia?

Uma criança não deve fazer psicoterapia porque está indo “mal” no colégio

Avaliações apressadas da situação da criança podem conduzir a alguns erros de encaminhamentos também. Muitas vezes a escola e o baixo rendimento nela de fato são sintomas de sofrimento infantil, e nesse caso uma avaliação psicológica cuidadosa verificará isso e o atendimento psicoterápico se justificará. Entretanto, não podemos tomar isso como regra absoluta: não ter um rendimento esperado na escola pode ser consequência de vários fatores, incluindo problemas de ordem física como dificuldades de visão e audição, só para citar algum exemplo.

 

Uma criança não deve fazer psicoterapia porque está triste com a perda do bichinho de estimação

Perder alguém ou algum bichinho de estimação pode ser uma experiência muito difícil, entretanto é importante também entendermos a perda e a morte como algo que faz parte da experiência humana. E ainda, ficar triste com ela também é um processo esperado e saudável. É diferente quando se observa que o sujeito – criança ou adulto – não consegue se recuperar dessa perda e alguns sintomas aparecem como sinalizadores desse sofrimento.

 

Uma criança não precisa necessariamente de psicoterapia porque apresenta sintomas

Para muitos psicanalistas infantis a ausência completa de sintomas na infância não indica saúde como a maioria das pessoas está inclinada a pensar. Sintoma pode ser entendido como um sinalizador de sofrimento, um conteúdo amarrado a outro de ordem inconsciente, uma comunicação, ou seja, algo que sempre tem um sentido próprio. Desenvolver sintomas no decorrer do desenvolvimento é um recurso psíquico importante e que denuncia, inclusive, quando o sofrimento precisa ser acolhido, compreendido e tratado. Antes disso, não se espera que passemos todo nosso desenvolvimento imunes porque somos sujeitos nascidos de outros sujeitos cujas histórias também possuem marcas. Nasceu o irmão mais novo e o mais velho deu sinais de incômodo expressos por uma dependência maior ou uns escapes de xixi na cama? Isso pode estar comunicando que a chegada do irmãozinho está demando dele, mas não quer dizer necessariamente patologia.

Os encaminhamentos para psicoterapia devem ser avaliados com cuidado e de maneira contextualizada: muitas vezes se subestima o sofrimento infantil – como já discuti no Post https://conversadegentemiuda.wordpress.com/2015/04/28/por-que-uma-crianca-faz-psicoterapia/ – outras, no entanto, encaminha-se para a área da psicologia porque não se sabe ao certo o que fazer ou do que se trata aquela situação. De qualquer forma, um profissional ético poderá auxiliar inclusive na compreensão dessa demanda, isto é, se ela justifica ou não o atendimento psicoterápico. A dificuldade – e/ou a beleza – da vida é que tudo e todas as experiências possuem diversas facetas e cada sujeito vivencia de maneira única.

Lembra do primeiro item desse post, sobre ter baixo rendimento no colégio? Ele por si só não indica necessidade de tratamento psicológico, entretanto uma grande parte das crianças que necessitam do tratamento psicoterapêutico apresentam dificuldades de aprendizagem. Deu para entender, certo?

Férias: Um desafio para a psicoterapia d@ miúd@

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As férias de verão são definitivamente um período muito aguardado pelos pequenos: a rotina muda; as brincadeiras e jogos estão liberados; não há tarefas escolares; os horários são mais flexíveis. Parece ótimo, não parece?

A questão que proponho é: e como fica a psicoterapia d@s miúd@s nesse período?

É frequente que os pequenos associem férias escolares à “férias” da psicoterapia, até mesmo alguns pais acabam por fazer essa associação – e não é gratuita: primeiro porque a psicoterapia é um compromisso assumido pela família e pelo paciente; segundo, porque muitas queixas advém de questões escolares. Claro que haveria uma terceira, quarta, quinta, etc. explicação, mas em síntese podemos indicar essas duas, as quais são muito comuns. Contudo, o período de férias escolares dos pequenos, em regra, não deve ser equivalente ao período de afastamento da psicoterapia.

É fundamental ter em mente que psicoterapia é contato, vínculo, é rotina também. Manter o trabalho mental é importantíssimo para que o processo não se prejudique.E isso se aplica de forma ainda mais especial quando falamos de crianças bem pequenas ou com dificuldades de desenvolvimento severas. Descanso é fundamental, para todos, entretanto, esse espaço não deve ser tão extenso a ponto de afloxar o laço que é a relação terapêutica.

Dessa forma, a psicoterapia deve continuar mesmo no período de férias escolares – em geral, de quase 90 dias (3 meses)- e as férias da psicoterapia podem ser combinadas com o psicoterapeuta, o qual discutirá conjuntamente com a família o período mais interessante para todos. Depois disso, boas férias!!

Capítulo: As relações de gênero na escola: Provocações psicanalíticas

baloes

Já dizia o sábio:

Felicidade só é felicidade quando compartilhada.

Escrever para mim é uma felicidade, escrever sobre o que faço, é muita felicidade. Então, compartilho com vocês o capítulo do livro “Compêndio de Artigos I Encontro História & Psicologia: dialogando Relações de Gênero” o qual foi divulgado no dia 12 de Dezembro (2016).

Em parceria com a colega e amiga Renata Plácido lançamos provocações a respeito das questões de gênero no contexto escolar, pelo olhar psicanalítico – que sempre nos acompanha (e que ótima companhia!).

Abaixo o trechinho que dá o ponta pé na nossa discussão, confere:

Na atualidade, a diversidade, especificamente as manifestações da ordem da sexualidade, apresenta-se na sociedade de forma aparentemente mais democrática ou, ao menos, em termos entendidos como mais “politicamente corretos” do que outrora. De qualquer maneira, tronar-se evidente que há mais espaço para o que nesse momento cultural e social se identifica como “diferente”, o que não significa dizer que há mais tolerância para o “diferente”.” (Plácido e Malgarim, 2016, p.35)

(Imagem retirada do Google Imagens)

Autobiografia de um Espantalho: Caminhos para lembrar

Boris Cyrulnik, psiquiatra, etólogo e neurologista francês, conhece bem o tema Resiliência. Suas obras, as quais comecei a ler ainda no mestrado, possuem uma beleza e uma fluidez, e igualmente uma delicadeza dificilmente pensada quando a escrita se trata de trauma e vivências traumáticas de toda ordem. Estou escrevendo sobre memórias e trauma e recorrer ao que Boris escreve é inevitável.

A construção de memórias é um processo coletivo, não um processo individual. O que quero dizer é que, as lembranças que temos das nossas experiências só existem porque estão relacionadas com a experiência do outro, com o outro e a partir do outro. Nas palavras de Boris: “… seu mundo interno está povoado pelos outros!” (2009, p. 149). Não é por anda que as figuras parentais são tão importantes para seus filhos- que “outros” mais importantes pode haver na vida dos miúdos para serem tomados como referências?

Viver é construir memórias. Somos nossas memórias – e elas são vivas e atemporais porque se atualizam todos os dias através da nossa forma de ser e de se relacionar. Falar sobre nossa vida, sobre nossos sucessos e fracassos, é trazer a tona uma narrativa absolutamente particular e que dependem igualmente de quem acolhe nosso relato. Falar pode ser potencializador para a vida.

Evocando Boris novamente:

“O relato que fazemos do que aconteceu conosco adota a forma que nossa memória lhe dá. Mas nossas lembranças dependem tanto das reações de nossas figuras de apego quanto das histórias que nosso meio compõe com o nos aconteceu. […] Trata-se muito mais da memória de si, da representação que elaboramos de nosso passado do que dos fatos que realmente ocorreram.” (CYRULNILK, 2009, p.146)

Referência:

Cyrulnik, Boris. Autobiografia de um espantalho – Histórias de resiliência: O retorno à vida. São Paulo. Martins Fontes: 2009.

II Colóquio_Psicanálise e Sociedade

 

Entre os dias 16 e 18 de Novembro o curso de Psicologia da UNISINOS conterá com o II Colóquio Psicanálise e Sociedade e o foco desse encontro é na infância e na educação infantil. No dia 16, pela parte da manhã, mediarei a mesa “O trabalho da Psicologia em Diferentes Contextos da Educação” composta pelos convidados: Andressa Andrioli e Melissa Hickmann Müller (EDUCAS)
Georgius Cardoso Esswein e Carolina Machado Mombach (SEMEC Ivoti).

Mais informações: https://www.facebook.com/events/1665101543802399/

Promover, desenvolver e participar de espaços de discussão, reflexão, trocas e transformações é a cara da Psicanálise. Que satisfação fazer parte disso!

Ser o presente e Estar presente

Hoje podemos dizer que há o melhor presente do mundo, e diferentemente da minha posição mais comum, digo que esse presente pode ser generalizado: todas as crianças querem e precisam: você!

A presença dos pais na vida de seus filhos  virou um presente: Algo especial! Isso pode ser ótimo, tanto quanto pode ser um tanto assustador. Estar presente é fundamental para o desenvolvimento das crianças, é enriquecedor para o laço social e potencializa a condição afetiva dos miúdos. Mas, quando a presença das figuras mais importantes para os pequenos virou um presente? Numa perspectiva mais otimista e romântica, sempre o foi; numa perspectiva menos otimista, calcada nas observações diárias, virou um presente porque é raro, porque não é frequente, e justamente por ser algo incomum torna-se tão precioso.

Não soa estranho isso? Pai e mãe é como feijão com arroz: algo que se tem todos os dias, gostoso, nutritivo, comum e especial simultaneamente, que até parece ser enjoativo pela sua frequência – “Quem dera que hoje tivesse outra coisa para comer aqui em casa!” – mas que, quando falta, dá saudade, faz uma falta tremenda. Por incrível que pareça, criança (todas!) gosta e precisa do bom feijão com arroz, ou seja, precisa de você.

Você é o presente mais comum e especial, é o brinquedo mais incrível, é o caminho mais necessário, então, o negócio é investir em estar presente na vida do seu miúdo.

Feliz dia das crianças!

Sándor Ferenczi

Sandór Ferenczi é um psicanalista que dispensa apresentação! Sua obra hoje reunida em 4 livros abrange temas diversos dentro da Psicanálise, além de oferecer uma perspectiva diferenciada da proposta classicamente por Freud, inclusive no que diz respeito a noção de trauma. E hoje chegou meu box!

In love!

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Psicoterapia #Sinistra #Maneira

Quem vai ao psicólog@? Que mitos existem em torno dessa decisão de fazer ou não psicoterapia? Quais preconceitos estão arraigados ao tratamento psicológico?

Quem precisa de psicoterapia ? Você? Eu? Pessoas seriamente doentes?

Psicoterapia é uma possibilidade incrível de se conhecer e ampliar o seu bem-estar e saúde mental. É um mergulho profundo, com direito a oxigênio!  Mas, muitas vezes parece bem difícil de entender por quê fazer psicoterapia e quais os benefícios dessa escolha, então olha aí o vídeo da Jout Jout mandando muito bem sobre esse assunto!

 

Psicoterapia pode ser muito MANEIRA! E “bye bye” ao preconceito sobre o tratamento psicoterapia!!

 

 

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