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Psicanálise

Quando se tem filhos, todos os dias, são dias úteis

Certo dia ouvi o seguinte comentário: “Quando se tem filhos, todos os dias são dias úteis!”. Essa frase, proferida por um pai em tom de desabafo, referia-se a um contexto no qual esse homem comentava que suas horas de sono diminuíram significativamente, finais de semana a rotina é muito parecida com todos os demais dias da semana e as responsabilidades também são as mesmas, ou seja, nessa relação – assim como em muitas outras, mas especialmente nessa – não dá para dar “dar um tempo” ou o famoso sétimo dia de descanso.

Isso e uma recente reportagem de uma revista conhecida, cuja capa trás o questionamento sobre a compatibilidade de ser feliz e ter filhos, fez-me pensar no quanto, possivelmente, esses homens e mulheres não conseguem apreender mais realisticamente o que é o processo de parentalidade e, com isso, todas as implicações que esse novo papel possui em si.

É recorrente escrevermos e falarmos sobre as dificuldades que as crianças passam em seus contextos familiares, e muito pouco, detemo-nos a refletir sobre as dificuldades dos adultos frente a essa nova função – porque a cada filho, primogênito ou não, novos espaços psíquicos se inauguram. Penso que quando nascem os filhos, nascem os pais, e esse nascer implica em toda uma transformação que acontece concomitante com o desenvolvimento dos seus pequenos rebentos. Nascer como pai e como mãe pode ser uma experiência intensa e complexa e isso começa a se tornar evidente quando as dificuldades que começam a emergir quando testemunhamos esses momentos de desabafo, os quais, muito mascarados e pouco discutidos, podem gerar – e muitas vezes, geram – olhares repreensivos sobre esses pais cansados e a partir desse olhar, culpabilizado por não sentir-se feliz integralmente com a experiência de ser pai ou ser mãe.

Factualmente, cá entre nós, não existem formas de se preparar para a experiência de parentalidade. Entretanto, quando se nasce pai e mãe, viver essa experiência emocional de uma maneira mais plena é possível e dentro disso, pensar abertamente sobre as dificuldades e as limitações afetivas e de disposição é plenamente cabível e saudável, até mesmo porque o ditado “padecer no paraíso” não deve ser mais o suficiente. Esse “paraíso” deve conseguir abarcar o gozo das funções parentais e o tal padecimento deveria ser igualmente integrado à experiência. Ou seja, as características do extremo ao paraíso, o inferno, deveriam poder conviver sem culpa dentro desses pais.

Dessa forma, talvez não devêssemos idealizar o paraíso, nem tampouco fugir do inferno, talvez a medida seja deixar os pés – e os afetos – no meio, em terra, por exemplo.

Observação de Bebês e o Processo de Supervisão em Grupo: Alguns apontamentos a partir dessa experiência – Jornada de Psicologia FADERGS

Através da experiência de supervisão de Observação Pais-Bebês com os colegas Felipe Marazita, Clara dos Anjos e Luciane David e com a supervisora Elizabeth Zambrano surgiu esse trabalho, cuja apresentação acontecerá em formato de pôster na Jornada de Psicologia da FADERGS.

MALGARIM, Bibiana G. (Psicóloga, CEAPIA, professora de Psicologia da FADERGS), ANJOS, Clara (Psicóloga e CEAPIA), MARAZITA, Felipe (Psicólogo e CEAPIA), DAVID, Luciane (Psicóloga e CEAPIA), ZAMBRANO, Elizabeth (Psiquiatra, psicanalista e supervisora CEAPIA). Observação de Bebês e o Processo de Supervisão em Grupo: Alguns apontamentos a partir dessa experiência.

O presente trabalho possui como objetivo apresentar a experiência de Observação de Bebês através do relato das supervisões em grupo. A Observação de Bebês, introduzida inicialmente pelo Método Bick, foi modificada no processo de formação do CEAPIA (Centro de Estudo, Atendimento e Pesquisa da Infância e Adolescência), agregando-se assim a experiência uma entrevista antes do nascimento do bebê e filmagens sistemáticas. Tal processo passa para além da mera observação de desenvolvimento e interação mãe-bebê: auxilia a construção de uma série de predicativos fundamentais para um bom psicoterapeuta em sua prática clínica e para tanto, como um dos pilares dessa prática aponta-se o processo de supervisão em grupo. O grupo de supervisão auxilia como um continente, presta-se a ser um dos aspectos egóicos saudáveis, incluindo a possibilidade de apoio e de propiciar o aumento da capacidade de pensar e internalizar os aspectos observados e sentidos durante a observação de bebês. Como resultado desse processo, entende-se que os profissionais envolvidos com as questões de saúde mental possuam maiores recursos instrumentais para a sua prática clínica.

Palavras-chaves: Observação, Bebê e Supervisão em Grupo.

Qual é a sua história? Entre números, diagnósticos e histórias

Há alguns dias atrás, voltei a escutar uma música cuja letra continha as seguintes frases:

“Números, números, números
O que é, o que são
O que dizem sobre você
Números, números, números
O que é, o que são
O que dizem sobre você

Essa não é a sua vida
Essa não é a sua história
Essa não é a sua vida
Essa não é a sua história” (Papas na Língua).

Essa música acabou fazendo para mim uma associação com um tema que venho pensando e discutindo, o diagnóstico infantil (e todos os processos diagnósticos) na área da psicologia e psicanálise. Em certos momentos, ou a partir de certas demandas, verifica-se o que poderíamos chamar de um verdadeiro fetiche pela classificação diagnóstica, como se ela, por si só pudesse “salvar” ou “subtrair” o sofrimento a que o sujeito em questão está enlaçado. Curiosamente, o que poucos se questionam – ou querem se questionar – é o que esse mesmo sofrimento pode dizer sobre a história desse sujeito e o que, por sua vez, pode significar.

A princípio, parece consenso, que pessoa alguma opta ou quer viver em sofrimento. A princípio, isso poderia ser entendido como uma verdade absoluta. Em certa medida – quantitativa ou qualitativa, como medir? – sofrimento frequente, intenso e contínuo não indica condições de saúde e bem-estar. Contudo, execrar esse processo numa tentativa de pura negação dessa vivência pode trazer – e certamente trará – outros tipos de consequências.

Dessa forma, quando pensamos em atribuir um diagnóstico – e vejam bem, não afirmo em momento algum que o diagnóstico seja desnecessário ou uma prática inadequada, pelo contrário – antes dele, e para chegar até ele quando for o caso, é necessário pensar na história desse sujeito e como ela se construiu, para além da quantidade de vezes que um sintoma aparece ou dos miligramas de medicação prescrita, buscando perceber a dinâmica por trás desses números e encontrando um sentido próprio e único. Essa sim é verdadeira a história de cada um: suas vivências, suas dores, suas satisfações, suas limitações e inclui-se nisso tudo, os sofrimentos de cada um como uma parte que integra, não que se nega.

V Colóquio Winnicott de Porto Alegre: A linguagem em Winnicott

Data: 6 de outubro de 2012
Local: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Auditório da FABICO
R. Ramiro Barcelos, 2705
Estacionamento: entrada pela Jacinto Gomes (atrás da FABICO)

Conferencistas convidados
André Neves (ilustrador e escritor)
Caroline Vasconcelos Ribeiro (psicóloga, UFBA)
Elsa Oliveira Dias (psicanalista, CWSP)
Tagma Schneider Donelli (psicóloga, UNISINOS)
Zeljko Loparic (filósofo, UNICAMP, PUCPR)

Apoio
Núcleo de Infância e Família do PPG-Psicologia da UFRGS
Grupo de Pesquisa em Filosofia e Práticas Psicoterápicas (GFPP)
do Centro de Lógica (CLE) da Unicamp
Centro Winnicott de São Paulo (CWSP)
Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana (SBPW)
Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise Natureza Humana
Revista Internacional de Psicanálise Winnicottiana Winnicott e-Prints

Inscrições gratuitas
Faça sua inscrição on-line indicando seu nome completo, profissão e instituição para winnicottpoa@hotmail.com

Entre 2008 e 2011, numa parceria entre o GFPP do Centro de Lógica da Unicamp e o Núcleo de Infância e Família do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS, foram realizados os quatro primeiros Colóquios Winnicott de Porto Alegre, com o objetivo de estabelecer, na universidade, um espaço de discussão e desenvolvimento de pesquisas sobre a teoria e a clínica winnicottiana. O I Colóquio Winnicott teve como tema A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott, o II, A ética do cuidado, o III Colóquio, Solidão essencial e dependência e, no IV, o tema foi Criatividade na vida e na arte.
Em 2012, estamos realizando o V Colóquio Winnicott de Porto Alegre, que terá como tema Linguagem em Winnicott. O pensamento winnicottiano traz uma ampliação retrospectiva da teoria psicanalítica rumo às fases mais primitivas do amadurecimento. Contribui, assim, para a descoberta de novos fenômenos psíquicos, em particular, de formas de linguagem não verbal, que levam a uma transformação da linguagem da psicanálise para dar conta da natureza humana e suas manifestações no tempo. Winnicott impressiona pela capacidade de recriar em palavras o estranho mundo do bebê e da relação mãe-bebê.

Programação

Sábado, 6 de outubro de 2012

9h00: Zeljko Loparic
Linguagens para falar da natureza humana

10h00: Caroline Vasconcelos Ribeiro
Winnicott e a descrição dos fenômenos humanos: uma linguagem não
Objetificante

11h00: Nara Amália Caron, Rita de Cássia Sobreira Lopes, Denise Steibel, Tagma
Schneider Donelli
“Um lugar onde a verbalização perde todo e qualquer sentido”

12h30: Almoço

14h30: Elsa Oliveira Dias
Comunicação verbal, não-verbal e não comunicação

15h30: André Neves
O TOM da narrativa visual

Ser criança garante uma infância?

Já faz algum tempo que um documentário chamado “A Invenção da Infância” foi lançado e tinha como uma das perspectivas questionar se infância e ser criança eram conceitos que estavam entrelaçados na prática.

É esperado que você creia que “ser criança” e “infância” sejam sinônimos. Mas não o são.

A fase em que o sujeito é considerado criança diz respeito a um momento específico do desenvolvimento psíquico, físico e social. Já a infância é um período que foi “descoberto” em um dado momento histórico e atribuído a esse momento em que o sujeito é criança. O interessante é que, em alguns momentos, em algumas vidas, esses momentos não coincidem e ser criança não garante ter uma infância.

Na pós-modernidade a infância é um momento exaltado e extremamente protegido, talvez porque nessas crianças se depositem a esperança de um futuro melhor. Contudo, esses pequenos muitas vezes trabalham – como é mostrado no filme – e são absorvidos por diversas demandas as quais, seriam tipicamente referentes à fase adulta, e assim, ser criança deixa de garantir a infância, pois seu ingresso no mundo adulto já foi realizado – pelo menos em alguns pontos importantes.

Agendas cheias e trabalhos intensos e perigosos podem ser os violões evidentes desse “atalho” entre a infância e a adultez, contudo é preciso pensar num sentido mais macro, num sentido mais social e contextualizado, compreendendo em profundidade a razão pelas quais essa realidade é entendida como aceitável e até mesmo incentivada. A criança, nessa confusão de espaço social e valor, acaba sendo vista como algo que pode ser consumido e as realidades acabam de diferentes mundos (adulto e infância) acabam ficando muito parecidos, e isso, gera confusão não só nas crianças, mas nos próprios adultos.

Será que acabaremos roubando a infância das crianças?

 

 

Evento winnicottiano sobre o Pai

XVII COLÓQUIO WINNICOTT INTERNACIONAL

E o Pai?

Data: 24 a 26 de maio de 2012
Local: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras do Coordenador do evento:

Proposta

    As discussões atuais sobre o desenvolvimento da psicanálise têm apontado a obra de D. W. Winnicott como uma das mais importantes contribuições pós-freudianas. Winnicott é significativo não só por suas originais concepções sobre as fases mais primitivas do processo de amadurecimento humano, mas também porque, ao verificar que o modelo de Freud não se aplicava adequadamente à relação originária da criança com a mãe, ele reformulou os fundamentos da doutrina psicanalítica, colocando em questão o primado da função sexual na vida dos indivíduos e das sociedades. Em virtude disso, a sua obra passou a ser avaliada como um novo paradigma para a psicanálise, no interior do qual são reinterpretados os conceitos centrais da psicanálise tradicional  (o complexo de Édipo, a depressão, a origem da moral etc.), permitindo, além disso, sejam formulados e resolvidos novos problemas.
Tudo isso faz com que Winnicott seja considerado, hoje, nos meios psicanalíticos profissionais e em círculos intelectuais mais amplos, uma das figuras centrais da história da psicanálise. Examinar uma obra desse porte não poderia ser tarefa de um único evento. Por isso o Grupo de Pesquisa em Filosofia e Práticas Psicoterápicas (GFPP) da UNICAMP vem organizando, anualmente, os COLÓQUIOS WINNICOTT. Agora, em parceria com a Sociedade Brasileira de Fenomenologia e da sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana, estamos organizando o XV colóquio Winnicott.
O XV Colóquio Winnicott, que conta com destacados pesquisadores da sua obra e tem por objetivo estudar a reformulação winnicottiana da clínica psicanalítica, será dedicado ao tema: O VERDADEIRO E O FALSO SI-MESMO.
 

    Zeljko Loparic

Avaliação Psicológica: Não morde ninguém!

 

É muito comum o termo “Avaliação Psicológica” causar certo desconforto em quem a escuta, contudo se trata de um processo absolutamente comum dentro da Psicologia e que, em geral quando pensamos em atendimento clínico, ocorre nas primeiras sessões de forma natural e pouco ansiogênica.

É sabido que em diferentes correntes teóricas – Psicanálise, Psicologia Cognitivista, Humanismo, Sistêmica, etc. – as formas com que a Avaliação Psicológica será conduzida poderá comportar certas especificidades, contudo em um aspecto geral podemos pensar que é um trabalho de narrar, reunir e atribuir sentidos a uma história de vida, buscando assim, compreender o sujeito em profundidade, independente de se chegar a um diagnóstico.

Na Avaliação Psicológica infantil o cuidado é ainda maior, pois estamos falando de um sujeito que está em desenvolvimento, logo é preciso ter clareza dos processos / aquisições esperados para cada idade e contextualizar a história da criança dentro da história da própria família.

Dessa forma, entendo que é fundamental compreender que o processo de avaliação / diagnóstico é uma história que vai sendo montada, em um tempo próprio, de uma avaliação específica.

A vida “antes” da vida: O Psiquismo Prénatal (Pensando o psiquismo do feto)

Há psiquismo antes do nascimento?

Podemos pensar em registros de memórias, sentimentos ou emoções em embriões ou fetos?

Muitas bibliografias exploram essas questões, dessa forma é interessante deter-se a pensar em, o quanto, de fato, podemos pensar em quando o psiquismo se inaugura – há condições dele estar já presente mesmo antes do nascimento? Há condições fisiológicas para isso? Ou, estamos falando de memórias sensoriais que aquele pequeno corpinho já registra? E se a resposta fosse positiva a essa última questão, segue-se outra: e isso já não seria a base para o psiquismo?

Inquestionavelmente o tema e os estudos sobre a vida intrauterina e seus desdobramentos psíquicos são muito interessantes e oferecem nova luz às teorias, contudo uma questão que fica palpitando quando nos deparamos com os textos que abordam essa temática: as nomeações que os adultos (pais, psicanalista, estudiosos e pesquisadores) fazem para descrever movimentos do feto e, suas intenções, por conseqüência. Embora concorde com os pontos explorados, compreendo também que muitas dessas nomeações são frutos das próprias questões dos observadores – mais especificamente, dos seus próprios filtros psíquicos. Bem entendo que essas nomeações são cruciais para o desenvolvimento infantil e, portanto, fundamental para alicerçar suas bases psíquicas; contudo, não seria muito precoce esse processo quando falamos de fetos e embriões? Amarrando essas observações à dinâmica posterior da vida desses bebês, parece-me que, mesmo que não se nomeasse o que foi observado através de ultrasonografias e derivados, esse caminho psíquico que começou a ser traçado dentro do útero seguiria com força total no sentindo de abrir espaços para se instalar e assim, demonstrar quem se é. Ao mesmo tempo penso que, a palavra aplaca o sofrimento, dando-lhe o devido espaço e possibilitando fluir – como se demonstra nos tratamentos dos pequenos pacientes.

O que parece iluminar essa questão é compreender que quando se fala em psiquismo, percepções de si e do outro, nomeações, fala-se a partir das experiências sensoriais que começam a escavar esse psiquismo imaturo e, aos poucos vão se instalando como memórias longínquas (inconscientes) iniciadas pelo próprio corpo – um ego corporal acima de tudo, como nos disse Freud.

Finalmente, parece-me que uma possibilidade viável para compreender todo esse processo é alcançar o fato que: sendo que os bebês (perinatal) não possuem uma linguagem ainda estabelecida, e portanto, não há um aparelho psíquico que consiga auxiliá-lo na elaboração de seus conflitos, seriam as nomeações oferecidas através de pontuações ou interpretações realizadas pelos psicanalistas – nesse momento da vida em particular –  dirigidas na verdade a figura da mãe, a qual absorve essas nomeações (do que antes estava sem nome e pertencia a ordem da angustia, inclusive para ela mesma) e as elabora, aplacando sua angústia e transmitindo uma nova sensação de calmaria e sentido para seu bebê (cedendo a ele temporariamente seu aparelho psíquico – já capacitado pela linguagem, símbolos e sentidos – para que ambos, em uníssono, possam recordar e elaborar) dando prosseguimento a relação mãe-bebê e ao desenvolvimento desse último. Em um texto de J. Wilheim há uma frase que resume tudo o que se pensou disso: “O papel do psicanalista […], é o de nomear estas memórias, colocando a palavra lá onde existe apenas um significado não dito, uma falta de palavra.”

(Texto produzido a partir de Seminário no curso de formação do CEAPIA/2012)

Novo Artigo Publicado: “O abuso sexual no contexto psicanalítico: das fantasias edípicas do incesto ao traumatismo” (Revista Alethéia)

Resumo:

O objetivo deste artigo é discutir a questão do abuso sexual, destacando a
contribuição psicanalítica na compreensão do impacto do abuso sobre o desenvolvimento
psíquico do indivíduo. Nas últimas décadas, observa-se um crescente interesse das pesquisas
na identificação de diferentes aspectos do problema, incluindo questões epidemiológicas,
características, e consequências do abuso sexual. Entretanto, apesar da extensa contribuição
de diferentes áreas, há uma escassez de estudos baseados na compreensão psicanalítica sobre
o abuso sexual. Ainda assim, a discussão sobre o abuso sexual é um tema que encontra berço
dentro da teoria psicanalítica, desde seu início, com as histéricas e, posteriormente, com o
desenvolvimento do conceito chave do desenvolvimento da personalidade, o Complexo de
Édipo.


Palavras-chaves: Psicanálise; Abuso Sexual; Trauma.

Sexual abuse in the psychoanalytical context: From oedipical phantasies
to incest and trauma

Abstract: The objective of this article is to discuss the topic of sexual abuse, highlighting the
contribution of psychoanalysis to the understanding of the impact of this event upon the individual
psychic development. In the last decades, it is observed a growing interest on epidemiological
questions, characteristics and consequences of the act on the individual development. However,
in spite of the extent contribution of different areas, there are fewer studies based on the
psychoanalytical comprehension. Still, the discussion about sexual abuse is a theme originated
within psychoanalytic theory, since its beginning with the hysterics and later with the key concept
of personality development, the Oedipal Complex.
Keywords: Psychoanalysis; Sexual Abuse; Trauma.

Artigo Publicado – O abuso sexual: estudos de casos em cenas incestuosas

Divido com vocês um momento de gratificação: um artigo, fruto da dissertação de mestrado, publicado na Revista Estudos de Psicologia (Campinas).


RESUMO

A contribuição da perspectiva psicanalítica na compreensão do impacto do abuso sexual no funcionamento psíquico baseia-se na identificação da singularidade dos arranjos defensivos frente à angústia traumática. Assim, neste trabalho buscou-se compreender os processos mentais relativos ao funcionamento psíquico de vítimas dessa violência, a partir da perspectiva da teoria psicanalítica, além do impacto do processo traumático no funcionamento psíquico de dois casos de meninas em atendimento em um centro especializado para vítimas de abuso sexual. Para tal, foram utilizadas entrevistas de Hora de Jogo Diagnóstica e testes projetivos, como o Rorschach e o teste do desenho House-Tree-Person. Verificou-se que o funcionamento das meninas se caracterizava por uma dinâmica psíquica dissociativa de enfrentamento do trauma e por um processo identificatório ambivalente, que afetava a capacidade simbólica dos sujeitos. Em conclusão, o atendimento psicoterápico às vítimas de abuso sexual é um recurso indispensável no âmbito da saúde mental.

Unitermos: Abuso sexual. Feminino. Técnicas projetivas.


ABSTRACT

The psychoanalytical contribution to the comprehension of the impact of sexual abuse on psychic functioning is based upon the identification of the uniqueness of the defensive strategy when faced with traumatic anxiety. Accordingly, the aim of this work was to understand the mental processes involved in psychic functioning based on psychoanalytical theory, as well as the impact of the traumatic process on psychic functioning in the case of two girls referred to a special center for sexual abuse victims. Diagnostic playtime interviews and projective tests, such as Rorschach and the House-Tree-Person drawing test were employed. It was ascertained that the functioning of the girls was characterized by a dissociative dynamic of coping with trauma and by an ambivalent identification process, which affected the subjects’ symbolic abilities. In conclusion, psychotherapy for victims of sexual abuse is an essential resource for the field of mental health.

Uniterms: Sexual abuse. Female. Projective techniques

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