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Algumas Palavras

Mineiro de nós mesmos: As paredes nossas de cada dia

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Quantos muros erguemos em torno de nós mesmo sem ao menos notar?

E quantos outros erguemos propositadamente? Erguemos muros em torno para protegermos dos outros, das dores, de nós mesmos, do inevitável que são os acontecimentos que a vida e todas as interrupções que podem se apresentar.

Os muros erguidos, aos poucos se incorporam se tornando uma espécie de pele protetora, mas com que tijolos se constroem esses muros todos? O material desses muros, por vezes, pode ser mais traiçoeiro que esse suposto esconderijo forjado por cada um de nós.

As pessoas vão catando ali e aqui seus tijolos e aos poucos o som do que ecoa em volta pode chegar tão distorcido e parecer vir de tão longe que já não se consegue apreender o que é uma nova experiência. Não se entende mais o que acontece em volta: o muro ficou duro demais, alto demais, espeço demais.

O brutal é que muitas e muitas vezes, realmente não percebemos quão rápido estamos erguendo esses muros e vamos colando essas camadas que nos distanciam tanto de tudo e de todos. Os tijolos os quais podemos chamar apressadamente de indiferença, de intolerância, de desamparo tornam-se tão amalgamados que, quando tudo isso desmoronar, não fazemos ideia do que veremos: uma onda de calor? Uma desproporcional reação? Dor? Nada?

O que ficou por baixo de tudo isso?

Teremos que ser mineiros de nós mesmos em algum momento. Avante e para dentro, pessoal!

A minha, a sua, a nossa rotina!

A rotina é reconfortante.

A rotina, o fazer igual, ter seu dia como qualquer outro é algo bom, esperado, e que na falta dele, você sentirá saudade.

Esses dias com seus eventos cotidianos são o nexo das nossas vidas e quando rompidos nos dão a exata clareza do quanto, na verdade, primamos pelas nossas rotinas. Viver num caminho de dias e noites com eventos que seguem aparentemente controlados pelo nosso desejo oferece a possibilidade de nos sentirmos até mesmo livres e proprietários nas nossas vidas.

Viajar é algo maravilhoso e até mesmo necessário? Concordo plenamente. Entretanto, essa sensação alcançada pelo desprendimento entorpecente de uma viagem só se oferece porque temos um contraponto, ao qual voltaremos e queremos voltar: nossa rotina.

Você está jurando que não se identifica com nada disso, que não tolera a rotina, que sua vida é um jogo louco de improvisos e eventos fortuitos. Engana-se que não goste de rotina: ter a vida louca evitando a todo custo eventos “repetitivos”, torna-se a sua própria rotina: evita-la também é uma rotina.

Um dia que se parece com o outro e no qual você consegue se achar nele, tem cheiro de bolo de bolo feito em casa, tem o aconchego de uma lareira em dia frio, tem aquele olhar da mãe para o filho: complacente com um certo desejo de burlar alguma regrinha – sair da rotina, e ao mesmo tempo terno, de quem sabe que você está confortável sem estar indiferente a sua vida.

Já dizia um sábio estudioso da alma humana: a saúde está ligada ao sentimento de continuidade que teremos em nossa vida! Então, deixemos a rotina seguir seu curso e tratemos de aproveitar essa ilustre conhecida de todos os dias! Você pode não concordar, talvez você não concorde com muitas coisas, não será um estilo rotineiro seu?

Desejo para mais um ano

 

Gostaria de desejar mais um ano para todos nós! Um ano, que possivelmente, não será tão diferente de 2013, ou de todos os outros que já passaram, mas que por alguma razão tendemos a acreditar fervorosamente que será inédito em todos os sentidos!

Certamente você acordará no dia 02 e ao levantar-se fará exatamente a mesma rotina de todos os outros dias, e enfim, irá trabalhar (caso você não esteja de férias, e se estiver, é só esperar acabar para comprovar) e no trabalho todas as mesmíssimas coisas de sempre estarão a espera. Quando o dia de trabalho findar, você tem opções de fazer coisas diferentes, mas provavelmente vá voltar correndo para casa porque não suporta esse calor que anda fazendo.

E assim os dias e dias passarão deste novo ano.

Pareceu um tanto pessimista? Eu diria que não, penso que isso é realista: Eu sei, você sabe.

Porém, pensar que nada pode mudar é tão extremista quanto pensar que tudo será diferente. O que muda então na virada de ano? Por que esse desejo intenso de que o ano que se abre será tão diferente? Parece-me que essa expectativa, ou desejo, é na verdade uma tentativa de  mantermos a perspectiva de que a vida e suas rotinas podem – e no caso da virada de ano – ser diferentes, e para melhor.Parece-me uma forma de se manter “ancorado” numa busca incessante, incansável – justa e autêntica a todos nós!

O que deveria mudar não é o em torno, o externo, somos nós. Nós, internamente, temos a condição de mudar essa perspectiva ainda que façamos as mesmas coisas em vários dias do ano e de nossas vidas. O que pode ser visto e sentido, pode ser experimentado através de outras lentes, e isso muda tudo.

Então, desejo um 2014 para todos nós no qual nós sejamos a novidade do ano – ainda que tudo pareça igual!

Abraços a todos!!

Francamente, não me fale sobre coisa alguma…

Falemos com franqueza?

Você não quer saber da Franqueza. Não quer mesmo. E o mais interessante disso tudo é que quando “escuta” isso, ofende-se!

Franqueza é desastrosa. É um ideal dos sonhadores, utópicos, ingênuos, de alguns.

Franqueza é bruta. É sempre mais desorganizadora que se imagina, mais intensa do que se estava esperando, e em geral, não conserva em si a capacidade de “manter um bom clima” entre quem troca franquezas entre si.

Franqueza dói. Na maior parte das vezes, você é jogado para dentro dela, ou ainda, ela é jogada na sua cara, como um tapa mesmo. Ainda que muito bem educado, e quase não parecendo, é um tapa, acredite.

Franqueza congela. Ela pode deixar o tempo parado na expressão das suas palavras, na intensidade da voz, na expressão dos olhos. Ela não quer saber se você estava “aquecido” para tal maratona, ela arromba e: congela.

Franqueza é uma hóspede mal quista, embora, politicamente é adequadíssimo todos, em uníssimo, afirmarmos que sem ela não vivemos. E de fato, paradoxalmente não vivemos. A franqueza hoje é quase um tiro que recebemos a esmo.

Por vezes, nos jogamos na frente do atirador, de propósito, pois ainda que a franqueza conserve em si tantos aparentes adjetivos negativos, ela é poderosa, e hoje, ela movimenta. Muitas e muitas vezes, não a queremos, fugimos do tiroteio, só que somos cegos no escuro fugindo desses tiros. Na verdade, ou na superfície, não queremos saber sobre o que dói, sobre o que é feio ou sobre o que desassossega. Não queremos saber se somos mal, ou se o que dizemos, de fato, machuca os outros, ou se nossos olhares são cruéis demais.

A franqueza, é uma senhora, é perspicaz e experiente, e ainda sim, audaz como só um jovem consegue ser. Ela não quer ser poupada, e não poupa ninguém, e por sua vez não espera que após entre no salão o “clima” seja o mesmo, e não deve continuar o mesmo, de fato. Franqueza é o amargo necessário – e não será nunca doce, não se iluda – cuja medida nunca se acerta, embora se passe muito tempo tentando.

Um pouco de Dostoiévski: Mentir ou não mentir?

Estou lendo Crime e Castigo, de Dostoiévki, um livro que tornou-se um desafio particular, pois ele parece intenso demais, profundo demais, detalhado demais.

Uma frase me chamou a atenção hoje:

“Mentir a seu modo é quase melhor do que falar a verdade à moda alheia; no primeiro caso és um ser humano, no segundo, não passas de um pássaro.”

Freud estudou e analisou a obra desse autor, e em um texto de 1923 fala sobre a noção de culpa e crime e como isso dinamicamente se articula nas nossas instâncias pisquicas. Notadamente, o livro trás a tona essa questão do crime e da culpa advinda dessa ação. Mas, o que me chama atenção, no momento, não é exatamente isso, mas sim a perspectiva de que mentir uma mentira sua seria mais autêntico que utilizar a verdade de outrem.

Construir verdades e dissemina-las, de maneira aleatória, parece ser uma nova especialidade da nossa sociedade – e não é de hoje! E então, a facilidade com que tomamos essas verdades para nós como se desde sempre elas estivessem estado ali. É fácil de observar isso, basta ter olhos para ver e ouvidos para escutar. De maneira que, se seguirmos pensando assim – e você pode ficar com essa “minha verdade”, se quiser – fica razoavelmente fácil concluirmos que o “eu” é cada vez mais “eles”, ou nós – e isso não em um sentido de coletividade profícua.

Em um das vastas conversações dos personagens, mentir, um ato moralmente desonrado, parece tomar as vezes de mocinho uma vez que passa a ser visto como o que de mais autêntico pode ser produzido por um sujeito – e ainda que não seja de vangloriar-se, na pior das hipóteses nos conduz a condição de humanos – seja lá o que isso queira dizer, em um sentido mais profundo, sociológico ou filosófico. Mentir, na nossa discussão aqui e a partir do contexto do livro, seria reinventar algo dado por uma realidade, e daí, algo tão próprio.

Pode ser que você esteja pensando no impropério dessa ideia, mas vamos pensar juntos: quantas mentiras você julga contar no dia? Nenhuma? Pense melhor!

Não importa a intenção, não importa o quão bom queiramos ser, mentir é humano e nos conduz o tempo todo a esse estado de humanidade.

Diante de tanta vida como só a juventude pode representar, viver devia ser a única opção

                Quando uma tragédia acontece e muitas pessoas perdem suas vidas – como o que aconteceu em um final de semana de janeiro na cidade de Santa Maria no mês de janeiro desse ano – é inevitável nos depararmos com os nossos “sentimentos de morte e morrer”.

                Concordo quando escreveram que morremos todos um pouco com essa tragédia. Mas, pensando por outro prisma, além de morrermos, também emerge a consciência de nossa finitude, de nossa própria morte, da nossa fragilidade como humanos que somos – mas que temos que nos haver poucas vezes durante nossa vida. Uma tragédia dessas nos joga para dentro do inevitável: morrer dói, morrer desorganiza, morrer não é uma opção.

                A morte dos outros, não é diretamente a nossa, mas é como se fosse, porque além de nos colocar frente a frente com uma consciência adormecida – e quase esquecida – de que também estamos nesse barco, abala um equilíbrio que nos esforçamos para manter. Equilíbrio esse que diz respeito ao que firmamos para nós mesmos e para quem nos rodeia: a vida é preciosa e deve ser preservada, continuada, cuidada. E diante de tanta vida  como só a juventude pode representar, viver – e viver bem! – devia ser a única opção.

Final de Ano e Tudo Mais!

O que vem depois do final de um ano? Outro?

Negativo! Vem todas as coisas e expectativas que se espera, ou, que pode nos deixar esperando! Quem sabe?

Depois de um final de ano, assim como todos os outros e muitos que ainda virão, teremos a sensação que a vida foi renovada!

Talvez seja somente aquela sensação de troca de roupa, de um banho tomado sem pressa, de um acordar e o ar estar levemente mais fresco, que o coração estará mais tranqüilo e que amanhã, talvez amanhã ainda será melhor!

Seria a ânsia de viver esse futuro melhor?

Esse futuro muito melhor que hoje e pode estar tão distante, em um amanhã perdido no tempo que corremos o risco de passar o resto da vida procurando esse inexistente amanhã melhor!

O que vem depois de tudo isso?

A vontade de pensar em algumas coisas que ficaram para trás e que agora se fazem importantes. Não amanhã, até porque esse dia está longe demais.

Final de ano é assim, exaustivo de emoções e expectativas. Cansativamente despido do tempo presente e voltado para um ano melhor e diferente do que já se viveu, cheio de coisas boas, as quais por acaso não foi nesse ano que se concretizaram. Ano que vem eu vou ser melhor, serei mais calma, serei mais estudiosa, mais dedicada, serei mais magra, mais pontual, mais astuta, mais e mais coisas! Nossa! Esse novo ano acaba de começar cheio!

Quero ser agora tudo de bom que posso ser e depois deitar na minha cama com o coração leve porque o dia foi bom. Não precisa ser o melhor, nem perfeito, só bom.

Quero hoje ser alguém nem mais nem menos do que sou, e olhar para o espelho e pensar que agora, é bom saber que tenho algumas pessoas do meu lado que são assim, como eu, nem melhores nem piores, são o que os dias às permitem serem.

O difícil é chegar a isso: permitir-se ser de uma forma que nenhum próximo ano lhe permitirá ser, porque simplesmente, isso tudo é só com você! E definitivamente, não depende do amanhã, nem do próximo ano, e nem de nada!

Não parece tudo lógico?

Não até agora, até o final do ano e todas as coisas que me nos invadem os pensamentos em um inicio de ano!

Amanhã será diferente?

Pode ser que sim.

Mas, o que posso fazer senão viver agora e ser isso que sou, sem mágoa nos olhos e sombras no coração?

Só quero pensar que ano que vem, ou amanhã ou hoje eu terei as mesmas chances de ser tudo de melhor ou só de diferente.

Por hora, está bom sendo eu! E já bastante… acredite.

 

 

Casa nova não é necessariamente lar

Casa nova não é necessariamente lar.

A casa nova pode ser bem nova mesmo, ou de segunda, terceira ou quarta mão. Entramos nela e nos instalamos com móveis, roupas, fotos e todas as tranqueiras que carregamos pela vida. Mas, até que essa casa nova se torne um lar, pode demorar, pode não vir, pode coincidir.

O lar é também nossa casa nova e nele entram todos essas coisas que se carrega junto, mas de quebra a gente entra junto – esse lar é aquele pedaço – pequeno ou grande – que quando se está nele, sente-se que também está em si!

Coisa boa quando casa nova coincide com lar!

Um feliz 2013 para todos e que as possibilidades desse ano novo sejam muitas!!!

Preconceito: Faz parte de quem?

 

 

Certo dia, numa livraria da cidade, uma senhora segurava um bebê e falava com ele, brincava com ele, entendiam-se. Ela tinha uma determinada cor de pele e ele outra, simplesmente distintas. Uma outra criança, cuja cor da pele era próxima da senhora a qual segurava o bebê, aproxima-se da dupla e pergunta simpática para ela: “_É teu?” A senhora ri desconcertada e responde que não, que ela somente cuidava dele.

Fiquei pensando na cena e em uma pergunta que me foi feita um dia em sala de aula sobre como se constroem os preconceitos nas crianças e para mim fica muito claro que ele, o preconceito, de fato, é construído por outros sujeitos já amadurecidos em uma realidade de estigmas, ignorância e, preconceitos.

Para uma pequena que vê uma senhora com um bebê no colo nada mais natural do que ela seja a sua mãe; para a senhora, cuja vida já agrega diversas experiências – boas e ruins – a pergunta da menina parece ter soado quase engraçada, se não fosse sua mais autentica espontaneidade. Para mim, que observei a cena, pareceu-me a expressão da mais autêntica possibilidade de uma geração futura mais livre dessas amarras horríveis, as quais ainda tem predeterminado que algumas características possam dizer sozinhas, quais espaços sociais os sujeitos vão ocupar.

Diante disso, questiono-me em quem estão os preconceitos? Em quem vivencia eles? Em que os enxerga? Em quem os ouve? Ou, em quem os ignora? Possivelmente estejam em quase todos, bem menos na menina que simplesmente entende que o fato de cuidar, falar e brincar carinhosamente com um bebê torne essa pessoa a “mãe” dele, mais do que qualquer outra condição física ou social.

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