Para dizer adeus não é necessário usar muitas palavras, nem fazer muitos gestos, tão quanto empregar muitas lágrimas. A despedida por si só já se coloca como uma síntese de tudo isso: a síntese dos gestos, das ações, das palavras e das lágrimas.
O que parece mais inquietante, no entanto, não é o que não foi dito nesse momento de despedida, mas o que se disse. O antes do “adeus” já fora construído de palavras e gestos lançados ou como abraços para enganchar e aproximar, ou como farpas para ferir e maltratar. Não importa mais, abraços ou farpas, tudo foi feito na construção de uma história permeada por afetos espantosamente diversos .
Na hora do “adeus”, tudo se encerra e palavras serão (mais) úteis somente depois, porque na hora do adeus, tanto já se fez que tudo o mais se torna redundante. Ou seja, parece-me que a despedida – pelo menos em sua grande maioria das vezes – é feita de minimalismos: paradoxalmente nada vazios, nada silenciosos, nada rasos, nada simples e fáceis.