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Paternidade

Licença Paternidade: “Não basta ´ser pai´, tem que participar”

 
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Saiu uma notícia muito interessante ainda ontem: A licença paternidade pode ser ampliada para até 20 dias. Não é muito, mas vamos combinar que 5 dias é até engraçado!

Lembro exatamente quando ouvi pela primeira vez sobre o assunto, ainda bem no início da faculdade (segundo ou terceiro semestre), ainda muito imatura e cheia de preconcepções pouco refletidas e com vieses complicados. Foi nossa patronesse, na época coordenadora do curso, quem comentava do pouquíssimo tempo para a licença paternidade. Na época não entendi muito bem e ela me explicou, e a partir daí fez outro sentido para mim.

Numa sociedade predominantemente machista, o filho é da mulher, certo? Na prática – e na vida – errado! Licença paternidade não é uma novidade e já é público e notório há mais de século que a figura paterna é absolutamente importante na vida do seu filho. E veja bem, eu falei em FIGURA, não em sexo masculino. Vamos registrar que por FIGURA entende-se uma série de cuidados e de marcas sociais que serão destinadas a esse pequeno que está em constituição.

Em países europeus a licença aos PAIS pode ser distribuída entre os dois, como os mesmos acharem melhor, isto é, é licença para OS PAIS cuidarem dos seus pequenininhos. Não é muito interessante?

Por óbvio que não somos um país europeu, você já deve ter pensando isso. Logo, é compreensível que nós mesmos – brasileiros – tenhamos que ir achando o que funciona para nós como cultura própria que temos e que somos. De qualquer forma, saber que os pais poderão estar mais uns dias próximos dessa gente miudinha e de seus parceiros e parceiras logo após o nascimento (ou adoção) é uma notícia que vale a pena registrar.

 

OBS.: O link da notícia original se encontra acima, na primeira linha.

😉

 

 

Filhos: melhor não tê-los, mas se não os temos, como sabê-lo?

Já dizia o poeta:

“Filhos… Filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?” (Vinícuis de Moraes)

 

 Embora ninguém possa desautorizar as palavras eternizadas do poeta, e muitos de nós concordemos com elas, já parece não ser consenso a necessidade aparentemente inerente do ser humano em ter filhos. Ainda, parece que a “necessidade” implícita na poesia também já não vigora mais com dominância suficiente para não ser ao menos questionada.

 

No jornal Zero Hora desse domingo (20 de outubro de 2013) em uma extensa reportagem mulheres, em sua maioria, mencionaram no texto seu não desejo pela maternidade e o que as levaram a esse posicionamento, aparentemente tão avesso ao que se espera de mulheres e casais maduros (em vários sentidos). Os argumentos são diversos, assim como as citações de estudos sobre a razão pela qual não ter filhos ou tê-los seria importante, bom ou ruim. O fato, aparente ao menos, é que esses sujeitos que optam por uma vida sem prole cresce e demanda mais espaço para essa nova forma de se constituir como família ou como forma de desejo autorizada socialmente.

 

Uma das colocações me chama especial atenção, referindo-me a um depoimento de uma mulher que optou por não ter filhos em sua relação, disse ela, mais ou menos nessas palavras: “Não há vazio a ser preenchido.” Essa frase me despertou atenção não somente por ser direcionada a ter ou não filhos, e o destino a que muitos desses filhos parecem destinados nas suas histórias familiares: sanar o vazio de existências incompletas. Chama-me a atenção de forma ampla: como nós, como sujeitos e sociedade, depositamos em um outro nossas expectativas de completar as nossas vidas, as quais, possivelmente, inadvertidamente, não conseguimos por nós mesmos. Isso vale para filhos, maridos, esposas, parceiros, amigos, amigas, parentes.

 

Ao contrário de uma postura narcísica, na qual através de um egocentrismo tortuoso, o sujeito se basta, pensei na perspectiva do sujeito não prescindir do outro necessariamente, mas não utiliza-los para tamponar buracos cavados somente a duas mãos, na maior parte dos casos. Não se trata de preencher vazios, trata-se de abrir novos espaços. Quando se quer colocar alguém em algum lugar vazio, é porque já havia espaço predestinado. Se há esse espaço, há uma configuração à espera. Com ela a expectativa inerente e a frustração logo adiante. Preencher vazios é como oferecer o já usado, o que sobrou, o já instalado, o lugar empoeirado. Construir espaços me parece diferente, mais próximo do que os sujeitos podem ser uns em relação aos outros, mais genuíno, onde até a poeira é diferente: porque ela surge da ação, não do vazio.

E o pai dessa criança?

 

É um chavão clássico do senso comum: “na psicologia tudo é culpa da mãe!”.

E essa afirmação não está de toda errada, entretanto a primeira correção necessária é trocar a palavra “culpa” por “responsabilidade”; e em segundo, temos que levar em consideração uma figura que fica sempre acaba em segundo plano nessa discussão: o pai.

 

Os pais de maneira alguma são renegados dentro da psicologia, muito menos na psicanálise infantil. Eles ocupam um lugar importante e fundamental no desenvolvimento dos seus filhos, assim como as mães. Entretanto, o que diferencia fundamentalmente essas figuras são os papéis que eles ocupam e o tempo em que vão se colocando na vida das crianças.

 

A figura do pai no primeiro momento de vida dos seus filhos é ser uma espécie de ambiente seguro e acolhedor para a díade mãe-bebê. É ele quem pode garantir que a figura da mãe possa se dedicar tudo o que precisa para esse novo sujeito que está emergindo.

 

Com o tempo, a função paterna vai se ampliando e o pai irá ocupar um espaço cada vez maior na vida da criança.  É ele que ajudará a mostrar o mundo externo para o bebê e introduzir questões importantes que o auxiliarão na organização de sua identidade. O pai cuida do bebê de uma maneira diferenciada e, com isso, apresenta outras possibilidades que compõem a subjetividade do filho.

 

Um ponto que está razoavelmente claro é que, quando essas mães as quais afirmam que “tudo” é culpa delas, nada mais fazem do que reafirmar seus sentimentos de onipotência e fomentar a cultura que o pai ocupa lugar inferior ao delas.

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