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Pais e Filhos

O abraço que é de dentro (Holding)

Abraço é tudo de bom! É aquele carinho que não tem critério, não tem razão para não se fazer.
Abraço de pai e de mãe é ainda mais especial. É um abraço que deixa ir e muitas vezes vai continuar existindo só no olhar… ou na saudade que fica.
Mas abraço a gente sente, mesmo que de longe. Abraço também se faz com os olhos, mente, palavras, voz. Abraço também é uma presença que pode nem estar mais tão próxima fisicamente, mas está dentro.
E abraço que vem de dentro também conta! Também conforta! Também é quente!
Esse abraço que falo é aquele que segura a gente, segura o que temos por fora, mas sustenta ainda mais o está dentro.
E abraço assim a gente leva junto, para a vida, para dar a outras pessoas também!
Porque dar abraço também abraça!

Férias: Um desafio para a psicoterapia d@ miúd@

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As férias de verão são definitivamente um período muito aguardado pelos pequenos: a rotina muda; as brincadeiras e jogos estão liberados; não há tarefas escolares; os horários são mais flexíveis. Parece ótimo, não parece?

A questão que proponho é: e como fica a psicoterapia d@s miúd@s nesse período?

É frequente que os pequenos associem férias escolares à “férias” da psicoterapia, até mesmo alguns pais acabam por fazer essa associação – e não é gratuita: primeiro porque a psicoterapia é um compromisso assumido pela família e pelo paciente; segundo, porque muitas queixas advém de questões escolares. Claro que haveria uma terceira, quarta, quinta, etc. explicação, mas em síntese podemos indicar essas duas, as quais são muito comuns. Contudo, o período de férias escolares dos pequenos, em regra, não deve ser equivalente ao período de afastamento da psicoterapia.

É fundamental ter em mente que psicoterapia é contato, vínculo, é rotina também. Manter o trabalho mental é importantíssimo para que o processo não se prejudique.E isso se aplica de forma ainda mais especial quando falamos de crianças bem pequenas ou com dificuldades de desenvolvimento severas. Descanso é fundamental, para todos, entretanto, esse espaço não deve ser tão extenso a ponto de afloxar o laço que é a relação terapêutica.

Dessa forma, a psicoterapia deve continuar mesmo no período de férias escolares – em geral, de quase 90 dias (3 meses)- e as férias da psicoterapia podem ser combinadas com o psicoterapeuta, o qual discutirá conjuntamente com a família o período mais interessante para todos. Depois disso, boas férias!!

#2ª Edição à vista

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Contagiada pela época  –  Feira do Livro 2016  –  compartilho com vocês que estamos trabalhando na Segunda Edição do nosso livro.

Completamente revisado, com conteúdo novo, capa com novo desing, a segunda edição do livro “Pais e Filhos Separados: Alienação Parental e Denunciação Caluniosa”  escrito em parceira com os advogados Paulo Fayet e Fabiana Ribeiro Lunardi virá abrindo nosso ano novo!

Em breve!!

#2017 #Livros

As Exigências da Infância, Jornada Anual do Ceapia

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Queria registrar sobre a Jornada do Ceapia desse ano a qual foi muito boa!
Com o tema As Exigências da Infância abordou desde questões escolares, relações parentais, tecnologia e a técnica psicoterápica, todas articuladas com o tema central. As falas das convidadas foram ótimas e destaco a primeira mesa de sábado, Discussão Clínica na qual foi apresentado um caso e discutido por duas psicólogas e psicanalistas, uma delícia de acompanhar!

Os Temas Livres, apresentação de trabalhos, também sempre é um ponto a ser destacado: valeu muito a pena, tanto em participar como poder escutar o trabalho dos colegas. Nesse ano, pude participar pela primeira vez como comentarista, atividade a ser realizada logo após a apresentação.

O tema que contemplamos foi a respeito da adolescência e suas inquietações esperadas ou não, perpassando pela discussão do corpo nessa fase, alienação e transgeracionalidade.

Abaixo, alguns pontos que escrevi e apresentei sobre o tema:

Autores defendem perspectivas diferenciadas sobre quando a adolescência começou: é um fenômeno pós guerra? Sempre existiu? Exemplo dessas discordâncias podem ser vistas nos textos de Calligaris, Levisnki e Jeammet, Corcos, por exemplo.

Demandas diferentes, intensas ou não, abusivas ou omissas, atuações ou o pensar em marcha, tudo isso incide sobre o  corpo adolescente que se produz numa espécie de novo nascimento – contudo, um nascimento que parte de uma história com muitos capítulos, muitas vivências, muitos desejos interpostos. Além do corpo, há concomitantemente o processo identitário e alienante que também se encontram em cena. Com isso em mente, a música de Nando Reis me veio a mente, A Letra A:

“A letra A do seu nome
Abre essa porta e entra
Na mesma casa onde eu moro
Na mesa que me alimenta

A telha esquenta e cobre
Quando de noite ela deita
A gente pensa que escolhe
Se a gente não sabe inventa
A gente só não inventa a dor
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor”

Sobre o nome, entre em sua casa, pensa que escolhe? Justamente, introduziu-se para mim essas questões da alienação do adolescente, da relação com mãe-pai, da trasgeracionalidade.
Pergunto-me: rompe-se com as identificações alienantes? Trata-se de um desejo em relação a isso? Ou ainda, busca-se outras novas possibilidades de alienação? Vive-se sem alienar-se? Essas questões parecem-me que poderão ser desenvolvidas e elaboradas num processo esperado ou saudável de adolescer, uma vez que com a maturidade o sujeito percebe-se num axioma complexo de relações, necessárias e vitais, nas quais pode-se graus distintos de alienação emergem, sem necessariamente engolfar tudo o que há de ter de genuíno em um sujeito.

Constituir-se como sujeito diferenciado nessa etapa da vida é um processo muito difícil e delicado: é um jogar-se no vazio sabendo que há pessoas relevantes a lhe segurar e lhe trazer de volta – os pais, no caso. É um ir e vir, buscando a si de forma incessantemente inédita, entretanto , a delicadeza cabe exatamente que esse inédito é só uma forma de dizer, porque não é de todo, nunca será, não pode ser. Contudo, nesse momento de vida precisa ser vivido como tal.

Sem esquecer, claro, que a sensação do inédito está seguramente velada pelos olhos atentos das figuras de cuidado, as quais conseguem se afastar e se aproximar, tal como uma rede elástica de segurança que contém o corpo em queda. Essa rede de segurança – a qual não aprisiona, nem larga – em um desenvolvimento esperado vai se costurando e se adaptando naturalmente, quando isso não é possível devido a dificuldades na relação parental, talvez o processo psicoterapêutico seja o ambiente para essa confecção, a quatro mãos – ou seis, ou oito, se a mãe e o pai puder / quiser – amplificando as possibilidades e recursos psíquicos.

Parabéns a Comissão Organizadora e até ano que vem!

Ensinar a “falhar”? É possível falar dessa palavra?

O psicanalista Jean-Pierre Lebrun, autor de diversos livros na área da psicanálise (“Um mundo sem limites”, por exemplo), discorre em uma entrevista sobre a relação dos pais com seus filhos e o título da entrevista chama a atenção justamente para a questão inerente a todos os humanos: falhamos.

A reportagem em questão “Ensinem os filhos a falhar”, feita por Ronaldo Soares, apresenta várias questões propostas ao psicanalista e explanadas por esse último. Duas questões, cito aqui em especial, são colocadas e articulando as respostas dadas a elas emerge o que dá título a entrevista: “Por que os pais hoje têm tanta dificuldade de controlar seus filhos?” e “Existe uma fórmula para evitar que os filhos sigam por um caminho errado?“,  é nessa última que Lebrun afirma:

É preciso ensiná-los a falhar. Uma coisa certa na vida é que as crianças vão falhar, não há como ser diferente. Quando os pais, a família e a sociedade dizem o tempo todo que é preciso conseguir, conseguir, conseguir, massacram os filhos. É inescapável errar. Todo mundo, em algum momento, vai passar por isso. Aprender a lidar com o fracasso evita que ele se torne algo destrutivo. Às vezes é preciso lembrar coisas muito simples que as pessoas parecem ter esquecido completamente. Estamos como que dopados. Os pais sabem que as crianças não ficarão com eles a vida inteira, que não vão conseguir tudo o que sonharam, que vão estabelecer ligações sociais e afetivas que, por vezes, lhes farão mal, mas tentam agir como se não soubessem disso. Hoje os filhos se tornaram um indicador do sucesso dos pais. Isso é perigoso, porque cada um tem a sua vida. Não é justo que, além de carregarem o peso das próprias dificuldades, os filhos também tenham de suportar a angústia de falhar em relação à expectativa depositada neles.”

O estudioso aponta sobre um ponto muito interessante o qual fala dessa condição humana a qual inclui errar e falhar, e essas experiências tomadas como algo inevitável e não negativo para o desenvolvimento, visto que permitem um contato profundo com as experiências totais da vida – internas e externas. Lebrun afirma também que os filhos se tornam indicadores do sucesso dos pais, logo, penso que apostar em filhos infalíveis, é também apostar na sua condição onipotente e narcísica de pais. Parece-nos que há uma transmissão desse sentimento nesse momento em que vivemos: prometa que não falhará, seja lá no que for e como for, e assim, todos nós viveremos ainda não felizes para sempre.

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