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Formação Acadêmica

Curso de Psicologia em EAD?

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou hoje seu posicionamento em relação ao curso de graduação de Psicologia no formato de educação a distância (EAD): o CFP é contra. Pessoalmente, apoio a posição adotada pelo conselho, uma vez que, como professora universitária, tenho por experiência a compreensão de que o contato do aluno com o professor(a) – e vice-versa – é fator fundamental na transformação do sujeito em um profissional da área psi.

Trabalhar com saúde mental é trabalhar com relacionamentos, proximidade, implicação, trocas, e tudo isso não ocorre de maneira eficaz quando mediado por uma tela – virtualmente. Para trabalhar com pessoas, é preciso estar com elas.

Segue algumas das palavras do CPF sobre o tema:

“O CFP reafirma seu posicionamento contrário ao ensino 100% a distância. Para o CFP, não é possível ensinar Psicologia de forma impessoal, a distância, sem considerar as interações de quem ensina e quem aprende, por considerar fundamental uma formação humanitária no encontro com as peculiaridades de cada sujeito, centrada no cuidado ao ser humano.

A modalidade de Educação a Distância (EAD) deve ser adotada com parcimônia, sem considerá-la um substituto da educação básica e da formação superior inicial, pois formar não é apenas oferecer conteúdos teóricos, metodológicos e/ou práticos, mas envolve convivência, debate, acesso a experiências práticas individuais e coletivas, bem como a inúmeras práticas formativas extra-classe.”

(Clique nos parágrafos acima para acessar a notícia original)

O que você pensa sobre o assunto?

Para crescer, é preciso perder: Discurso aos meus afilhados e afilhadas Psicologia UNISINOS/2018

É inevitável para mim, desde o convite para ser paraninfa dessa turma, pensar frequentemente na questão: O que mais podemos, posso eu, dizer para essa turma que hoje concretiza um sonho se tornando psicólogos e psicólogas?

O que ainda não foi dito?

Foi então, que em um de nossos encontros tive meu insight, mais precisamente numa aula da disciplina de Intervenção com Crianças e Adolescente, quando alguns de vocês apresentavam seus trabalhos finais da disciplina, na qual me dei por conta que não precisava falar necessariamente de uma novidade hoje, mas sim, falar de algo que constante se renova em todo o curso do nosso desenvolvimento: Para crescer é preciso e necessário dizer adeus!

Irei fazer uma analogia entre a formação e o desenvolvimento de uma criança.Afinal vocês sabem que ministro essa disciplina também!

A universidade gesta um curso, cuida, alimenta, compõem, faz todo o pré-natal para esperar seus rebentos: vocês nascem, bebês! Na mesma proporção que há toda uma potencialidade para crescer e aprender – e sabemos que a mais incrível  condição de aprender está nos recém-nascidos –, há o medo do desconhecido, e a pergunta inevitável se faz: Que vida é essa que me aguarda nesse mundo?

Como bebês, repletos de recursos e tempo, querem e precisam crescer.

Crescemos! Vocês cresceram!

Para tanto, abrimos mão constantemente de coisas que nos são muito preciosas, muito queridas, mas que já não podem, nem precisam ser mantidas: Abrimos mão da segurança do colo materno em prol de andar com as próprias pernas, abrimos mão do que é conhecido, em prol de terras novas e cheias de pessoas que se tornarão como uma nova família para nós;  abrimos mão de um corpo infantil e de onipotências infantis, para ganhar tanto mais, inclusive a maturidade para suportar a dúvida constante que é marcadamente característica da vida de um adulto.

Poder ir frente é tolerar deixar para trás algo. É tempo de delicadeza, e concomitantemente, de firmeza.

Hoje vocês correm! Hoje vocês estão crescidos! Mais precisamente, vocês ESTÃO crescendo!

Não mais bebês, nem mais adolescentes – lembrando daquela crise bem comum no meio do curso, onde as demandas parecem impossíveis de serem vencidas – hoje são nossos / nossas colegas agora. Gente grande!

Paramos de perder então?

Perder é necessário. Ao se perder não se deixa de ganhar, é escolha. Isso que é uma aparente contradição,  é lindo! E cheio de possibilidades!

A Psicologia foi escolhida por vocês – e cada um de vocês certamente escolheu essa profissão por uma razão tão particular que não poderia ser generalizada – e para essa escolha ter sido feita, muitas outras possibilidades foram deixadas de lado: E será que isso foi ruim? Nesse momento, aqui com vocês, olhando vocês, os olhos, os sorrisos, só posso crer que foi uma acertada escolha!

Durante todo esse percurso muitos momentos se tornaram marcos, marcos do crescimento de cada um de vocês, foi necessário escolher o tempo todo: estudar ou descansar? Quais disciplinas em quais horários? Qual estágio fazer e onde fazer? Tcc agora ou no próximo semestre? Quem escolher para me orientar? Estar em casa, ou, estar na universidade? Dormir ou levantar?

Vocês são testemunhas uns dos outros o quanto todas essas escolhas e simultâneas renúncias compuseram cada um de vocês de maneira única e fizeram da jornada de se tornarem psicólogos e psicólogas um desejo possível, e que foi alcançado.

Queremos crescer! Desde que nascemos!

Quando crescemos, paramos de perder? Não, queridos queridas afilhados e afilhadas. E volto a dizer: isso ainda assim é bom!

Inocentemente podemos pensar que quando se cresce, vira gente grande, dizer adeus fica mais fácil, mas não fica. Nunca é. Mas, é tão importante e tão potente: dizer adeus hoje é só um outro começo; um outro momento no qual tantas novidades e possibilidades se apresentarão que se torna irresistível crescer!

Hoje estamos aqui juntos para comemorar um grande crescimento e vocês me deram a honra de apadrinha-los.

Dessa maneira, desejo que como todo adulto, continuem crescendo.

Continuem se questionando! Inquietando-se! Ganhamos muita coisa ao mesmo tempo em que renunciamos outras. Sejam esses colegas que nós todos aqui, como universidade, gestamos e apostamos: pessoas éticas, cuidadosas, afetivas, comprometidas e em permanente movimento!

Então, nesse momento, adeus acadêmicos de Psicologia, e sejam muito bem vindos meus e minhas colegas!

Bem vindos a um novo caminho!

 

 

 

Supervisão Supervisor: Territórios

Li há alguns dias em uma postagem de rede social a seguinte frase:

“A supervisão é um território privilegiado de transmissão de um ofício.”

(frase atribuída a M. Viñar)

Linda a frase, não é mesmo? E se torna tão bonita porque convoca um sentimento genuíno em nós, psicólogos. Ainda que a definição da palavra Supervisão esteja vinculada a uma noção de inspeção, guiar ou auxiliar a gerar resultados, ela claramente transcende isso, simplesmente porque é mais. Para mim, ser supervisor também se trata de testemunhar a descoberta gradual de uma condição: a condição de se tornar psicoterapeuta – constantemente e renovadamente.

Ser psicoterapeuta é algo difícil de definir. Tentamos estudar através dos textos e artigos o que é, como é, o que se diz, como se faz e com quem se faz, contudo é no território do setting terapêutico que se descortina o psicoterapeuta verdadeiramente: aquele que acolhe com uma escuta atenta, generosa e ética o sofrimento de quem lhe procura, e ainda, através dessa dupla (psicólogo/sujeito e paciente/sujeito) que se constrói, desbravam outros tantos territórios inexplorados, mas que sempre estiveram lá, no intimo daquele sujeito que lhe comunica.

Supervisionar é sim um território paralelo porque além de termos a oportunidade de transmitir algo somos convidados a acompanhar os descobrimentos sobre o próprio psicoterapeuta.

Gostei tanto dessa frase, suponho nesse momento, porque ela aponta que ser psicoterapeuta (ou analista) não é meramente uma profissão, é um ofício! Ou seja, vai convocar você a bem mais que ler livros e decorar teorias, vai convocar você a se transformar. E isso pode ser lindo!

 

A Construção da Identidade do Jovem Psicoterapeuta (Parte II)

Texto dedicado aos colegas e alunos  da área  psi.

 

Continuando a pensar na construção do “ser psicólogo”, Zimerman (1999) aponta que há muito tempo que já não se crê na idéia de que os fenômenos psíquicos de um indivíduo estejam centrados exclusivamente nele mesmo e sim, na interação desse mesmo indivíduo com o meio e, conseqüentemente nos relacionamentos estabelecidos com os demais. Assim também ocorre dentro de um setting entre paciente e psicólogo (ou analista). Desta forma, como cita o autor, torna-se quase que unânime a afirmação de que o processo psicoterápico repousa sobre a dinâmica que há dentro do campo analítico, isto é, entre o par psicoterapeuta e paciente.

Para isso, segundo Zimerman (1999), existem pontos cruciais (“condições necessárias”) para que um psicoterapeuta (analista, segundo o texto) desenvolva de forma bem articulada o seu trabalho e constitua-se como tal. Ressaltando os pontos que parecem ser de suma importância, o primeiro a ser revisado diz respeito a formação do psicoterapeuta sendo que, ela está além da formação acadêmica e teórica necessária, ou seja, o psicoterapeuta deve estar munido de si mesmo e das possibilidades não previsíveis que cada paciente pode lhe propor dentro do setting e para isso existe a necessidade da psicoterapia pessoal e de supervisão.

O par analítico, outro ponto, traduz toda a delicadeza da relação que se dará de forma única entre aquele psicoterapeuta e o paciente, ou seja, a tonalidade de cada encontro e de todas as interações desse par.

Além das necessidades acima, existem outras como o respeito pelo paciente e seus limites, a empatia, a capacidade de ser continente, paciência, curiosidade sadia, ter claro para a importância a abrangência da identificação projetiva e da contratransferência, etc., todas essas são habilidades que devem aparecer em um psicoterapeuta e serem trabalhadas com a finalidade do seu trabalho ser suficientemente abrangente e capacitado (ZIMERMAN, 2004).

Ferro (1995) ressalta que, entre as diversas necessidades de um analista, a primeira é a de não poluir a mente de seu paciente e estar verdadeiramente disponível para ele. O autor coloca o quanto a situação interna do analista é algo fundamental no seu trabalho e, por isso mesmo, deve ser freqüentemente revisada e atualizada. Entretanto, não se pode esquecer que, segundo Ferro (1995), trata-se sempre de um par, ou seja, dois pólos e sendo assim não poder-se-ia isolar um do outro.

Diversas são as necessidades que existem para um analista, psicólogo ou psicoterapeuta e para Grolnick (1993) o “terapeuta estudante” deverá manter seu conhecimento psicanalítico mais ao fundo de sua mente para que próximo à superfície esteja a possibilidade de contato com seu paciente. O processo de “escavação” que ocorrerá dentro da análise ou da psicoterapia deve ocorrer, segundo o autor, com calma e o terapeuta deve ter claro que ele é um facilitador, não a força motriz e, dessa forma, tolerar que cometerá erros e sentirá sentimentos diversos às vezes (incluindo os negativos, como ódio, por exemplo).

Winnicott (apud Grolnick, 1993) coloca que o terapeuta bem preparado tem a possibilidade de movimento dentro dos níveis evolutivos e dos diagnósticos dos seus pacientes, ou seja, ele estaria aparelhado para lidar com pacientes que tenham sofrido profundamente. Entretanto, isso ainda não basta, o terapeuta tem que contar com uma boa capacidade de sustentar, manusear, ser criativo, ter tido algumas boas possibilidades de desenvolvimento e estudar, sendo que conforme Grolnick (1993) o fazer terapia é uma das formas mais eficientes de se alcançar alguns desses pontos.

Grolnick (1993) embasado no trabalho desenvolvido por Winnicott, cita:

… a técnica é ajustada ao nível de desenvolvimento do paciente e aos limites da compreensão do terapeuta. Quando precisam ser satisfeitas necessidades não-verbais, palavras em demasia e significados em excesso podem obstruir a compreensão. (Grolnick, 1993, p. 132)

 

O que o autor busca afirmar com a citação é a importância em evitar o erro de crer que o aspecto cognitivo da interpretação é de superior importância e que somente ele é que opera a modificação no paciente, antes ao contrário, a boa evolução do paciente em terapia (e na vida, como acrescenta o autor) se dá quando significado e sentimento estão o mais unido possível.

 

A literal construção de um psicoterapeuta já vem sendo discutida à longa data e notadamente mais aprofundada pelos estudiosos. Ironicamente, quanto mais se estuda, muitos outros pontos são avistados e exigem aprofundamento cada vez maior na formação de um jovem psicólogo. O que pode ficar razoavelmente claro é que, quando se fala em exigências não se refere simplesmente à formação acadêmica, inclui-se em igual importância a formação pessoal do psicólogo através de sua análise, da supervisão, sua prática e, por incrível que pareça, a capacidade de viver e possuir experiências pessoais.

Essa prática inicial indica ser sempre portadora de alguma ansiedade que por sua vez se torna útil na medida em que gera um movimento de busca pelo que falta. Outro ponto é o fato de que não é possível conceber que se terá um profissional pronto e amplamente acabado, logo não faz sentindo assorear-se correndo o risco de deixar vias importantes de entendimento entulhadas, ou, tomar-se de angústia pelo extenso caminho a ser trilhado no processo de formação e prática profissional.

Logo, a questão que parece muito relevante nesse momento é a possibilidade de submeter a teoria à prática e, em cima dessa última passar a construir algo que singularize o trabalho do profissional e acabe por dizer algo dele mesmo. Crê-se que isso é a busca pela identidade: procurar fazer do seu trabalho algo único e verdadeiramente seu, isto é, apropriar-se da sua prática. De fato não existem fórmulas – nem textos que dêem conta desse desafio –, existe sim um par que deverá se constituir e entre ele se dará a busca pelo tom único que marcará essa relação.

 

Referências:

Ferro, A. (1995). A técnica na psicanálise infantil: a criança e o analista da relação ao campo emocional. Rio de Janeiro: Imago.

Grolnick, Simon A. (1993). Winnicott o trabalho e o brinquedo: uma leitura introdutória. Porto Alegre: Artes Médicas.

Zimerman, David. (1999). Fundamentos Psicaníliticos. Porto Alegre: Artmed.

_____________. (2004). Manual de técnica psicanalítica – uma re-visão. Porto Alegre: Artmed.

Psicopatologia Infantil (Curso de Extensão)

Curso de Extensão

Divulgação Curso de Extensão de Psicopatologia Infantil

 

Um curso de extensão acadêmico que visa propiciar um espaço de reflexão sobre alguns quadros de sofrimento infantil, ministrado por Bibiana G. Malgarim, psicóloga especialista em infância.

Não se trata de diagnóstico, nem de buscar um enquadre para essas crianças. Trata-se de estudar, refletir e indicar alguns caminhos no sentido de auxiliar indivíduos que se encontram em sofrimento para que, assim, consigam continuar seu desenvolvimento de maneira saudável e feliz.

O curso será promovido pela ULBRA Santa Maria.

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