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Abuso Sexual

Sobre a violência contra criança pelas lindas palavras da colega Luciane

“Hoje de manhã, indo para o consultório, eu escutava na Radio Gaucha – Ao Vivo uma entrevista com o delegado responsável pelo caso da menina Naiara, de Caxias do Sul. Ter contato com o relato foi me deixando triste e cada vez mais nauseada, com um nó no estômago e na garganta. Disse para mim mesma que não deveria estar ouvindo os detalhes sórdidos relatados pelo delegado, passei a imaginar as cenas, me colocar no lugar impossível e enlouquecedor da vítima. Se eu, adulta, psicóloga, fiquei deste jeito, não consigo nem alcançar o pânico e o sofrimento que esta pequena passou com seu algoz. O nó na minha garganta nela fez-se em gritos inaudíveis de socorro.
Todo relato de estupro e abuso mexe com a gente, é humano e natural, somos criaturas empáticas (alguns mais, outros menos). Mas o que mexeu comigo também foi escutar o delegado se referir a este crime da seguinte forma: “após a relação sexual (…) antes da relação sexual que ele teve com ela”. Bah, isso mexeu demais comigo. Não acredito que o delegado use estas palavras por mal, talvez ele nem se dê conta da forma como isso reverbera. Mas palavras têm poder, poder de significado, de dar sentido às coisas e guiar o modo como percebemos e compreendemos o mundo. O que o abusador teve com Naiara não foi uma relação sexual, foi estupro, foi abuso sexual, jamais relação.
Relação diz respeito a uma troca, por exemplo, eu tenho relações sexuais COM alguém, é entre, é uma troca em que duas pessoas plenas de suas faculdades mentais consentem em relacionar-se. Dentro desta linha de raciocínio, um estuprador não mantém relações sexuais COM sua vítima, ele, num ato perverso, subjuga a vítima, faz dela seu objeto de desejo, ele não estupra COM a vítima, não há relação, não há entre e muito menos troca.
Desfaço o nó na minha garganta escrevendo isto, de modo que as palavras possam ser repensadas e elaboradas, pois palavras são incrustadas de significado, guiando a forma como os fatos são compreendidos. O que podemos pensar sobre o sentido de usar o termo relação sexual, é que este termo traz consigo o significado de troca e consentimento, e no caso de um crime sexual o lugar da vítima pode ficar dúbio e questionável, como muito se vê em manchetes noticiadas pela mídia sobre estupros e abusos sofridos por mulheres, por exemplo.
Não existe relação sexual entre um adulto e uma criança pois isto é impossível, a criança não tem maturidade suficiente (psíquica e fisicamente) para se relacionar desta forma com ninguém. 
Dito isto, que sigamos transformando o luto em luta, sempre.”

Luciane David, publicado no Facebook dia 22 de Março de 2018.

Quando a Violência é Tudo

violência

 

Não há como uma criança sair ilesa de um contexto de vida no qual a violência – seja ela qual for – é o que dá tom das relações que ela tem. Não há como uma criança se safar de uma vida pautada pelo mau trato. Não há como imaginar que não haverá marcas, memórias, referências ou identificação quando a negligência ou o abuso (de qualquer ordem) estão constantemente presentes na rotina de um(a) miúdo(a).

Violência não passa com o tempo. Violência não se esquece. Violência não se ignora. Não se aprende com ela também.

Ao ler sobre relatos de adultos que hoje possuem uma série de dificuldades, como por exemplo, os que não conseguem estabelecer com o outro uma relação de alteridade ou uma relação que não seja pautada pela submissão, controle e agressão, não consigo deixar de pensar retrospectivamente em suas vidas: certamente marcadas desde bastante cedo pela violência – não preciso apostar nisso, infelizmente.

E quando tudo que se tem é violência, como ser outra coisa?

Revista Rabisco “Agressões”: Artigo “saindo do forno”

Sempre que falamos sobre Abuso Sexual Infantil algo se desacomoda em nós. E por mais que falemos sobre o tema, sempre fica o que ser dito, pensado, escrito e trabalhado.

Em minha mais recente parceria, com a quase psicóloga Maria Elisabete P. dos Santos e a psicóloga e psicanalista Evelise Waschburger, uma nova publicação cheia de carinho pôde surgir, abordando esse difícil tema sob uma perspetiva cada vez mais especial para mim, a perspectiva winnicottiana.

Na nova edição da Revista Rabisco, intitulada Agressão, você poderá conferir o artigo “Impactos do Abuso Sexual no Desenvolvimento Infantil: Reflexões á Luz da Teoria Winnicottiana”.

Que as leituras sempre nos ampliem e nos inspirem para um trabalho cada vez mais comprometido e criativo!

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Centro de Referência Especializado de Assistência Social: Apanhados Teóricos Sobre uma Rede Especial de Apoio e Proteção em Casos de Abuso Sexual Infantil

Com grande satisfação posto mais um trabalho que foi publicado na área de Abuso Sexual Infantil.

E esse material possui para mim uma grande significância afetiva, pois foi possível em função da parceria com uma colega e amiga, Maria Luiza Pacheco.

RESUMO
O abuso sexual intrafamiliar é um grave problema de saúde pública que desorganiza diversos âmbitos da vida das pessoas envolvidas nesse tipo de violência. Diante dessa realidade intervenções de serviços especializados, como o CREAS, são fundamentais na articulação de uma rede de apoio e proteção a qual assegure o direito às vítimas de abuso sexual e de suas famílias de reordenar os vínculos familiares e sociais desfeitos por tal vivência danosa. O artigo tem como objetivo explanar, através de uma revisão da literatura nacional disponível em bancos de artigos virtuais ou não, sobre o funcionamento do CREAS. Tal centro tem como finalidade reordenar vínculos, buscar a representação e partilha da angústia dos conteúdos destrutivos, bem como proporcionar condições concretas de enfrentamento. Dessa forma a proposta é no sentido de auxiliar na reflexão sobre a implementação desses órgãos de proteção, aspectos teóricos e algumas sinalizações sobre a prática atual desses serviços, entendo que muito já foi
realizado, mas ainda persiste a necessidade de expansão e qualificação de ações no combate a violência.

Palavras- chaves: Abuso Sexual, Família, Rede de Apoio e CREAS.

Novo Artigo Publicado: “O abuso sexual no contexto psicanalítico: das fantasias edípicas do incesto ao traumatismo” (Revista Alethéia)

Resumo:

O objetivo deste artigo é discutir a questão do abuso sexual, destacando a
contribuição psicanalítica na compreensão do impacto do abuso sobre o desenvolvimento
psíquico do indivíduo. Nas últimas décadas, observa-se um crescente interesse das pesquisas
na identificação de diferentes aspectos do problema, incluindo questões epidemiológicas,
características, e consequências do abuso sexual. Entretanto, apesar da extensa contribuição
de diferentes áreas, há uma escassez de estudos baseados na compreensão psicanalítica sobre
o abuso sexual. Ainda assim, a discussão sobre o abuso sexual é um tema que encontra berço
dentro da teoria psicanalítica, desde seu início, com as histéricas e, posteriormente, com o
desenvolvimento do conceito chave do desenvolvimento da personalidade, o Complexo de
Édipo.


Palavras-chaves: Psicanálise; Abuso Sexual; Trauma.

Sexual abuse in the psychoanalytical context: From oedipical phantasies
to incest and trauma

Abstract: The objective of this article is to discuss the topic of sexual abuse, highlighting the
contribution of psychoanalysis to the understanding of the impact of this event upon the individual
psychic development. In the last decades, it is observed a growing interest on epidemiological
questions, characteristics and consequences of the act on the individual development. However,
in spite of the extent contribution of different areas, there are fewer studies based on the
psychoanalytical comprehension. Still, the discussion about sexual abuse is a theme originated
within psychoanalytic theory, since its beginning with the hysterics and later with the key concept
of personality development, the Oedipal Complex.
Keywords: Psychoanalysis; Sexual Abuse; Trauma.

Consequências do Abuso Sexual: algumas considerações

Já falamos desse assunto, mas é importante retomar algumas coisas e explanar sobre outras tantas.

Que o abuso sexual infantil é um assunto sério, não há muita dúvida. Entretanto, há muitas questões a serem esclarecidas sobre essa violência. Dentre elas, as conseqüências que podem ser observadas a curto e longo prazo nas crianças.

É importante salientar desde já que essas conseqüências variam de sujeito para sujeito e devem sempre ser analisadas no contexto amplo de cada caso.

As conseqüências variam de acordo com alguns fatores, como:

  • idade que a criança tinha quando o abuso começou;
  • duração da violência;
  • o grau da violência – se envolvia violência física, por exemplo;
  • diferença de idade entre vítima e abusador;
  • se havia figuras protetoras;
  • grau de relacionamento com o agressor.

 

Esses itens devem ser considerados, pois a partir deles poderemos ter uma noção da intensidade do trauma.

Sobre as conseqüências propriamente ditas, podemos citar de maneira geral:

 

  • Sentimentos de culpa e vergonha;
  • Perda de confiança em outras pessoas;
  • Presença de medo constante de sofrer novamente o abuso;
  • Somatização – problemas somáticos;
  • Dificuldade de relacionamento social;
  • Dificuldades de aprendizagem;
  • Quadros de depressão, ansiedade, dentre outros.
Novamente, salienta-se  que sinais ou sintomas isolado – ou mesmo um grupo deles – não devem ser entendidos de maneira determinista ou categórica.

O Abuso Sexual no Cinema

O abuso sexual infantil é uma das  violências possíveis contra crianças e uma das que mais choca a sociedade.

Dessa forma, a indústria cinematográfica também se sente mobilizada por essa questão e disponibiliza alguns filmes que abordam o tema. Sendo assim, segue uma lista de filmes nos quais o tema do Abuso Sexual Infantil aparece:

 

v     O Lenhador;

v     Pecados Íntimos;

v     Dúvida;

v     Monster;

v     Preciosa;

v     Volver;

 

Os dois primeiros filmes – “O Lenhador” e “Pecados Íntimos” – abordam prioritariamente o ponto de vista do sujeito que pratica a violência sexual contra crianças. Ambos os filmes não trazem cenas explicitas e enfocam o sofrimento desses sujeitos envolvidos com pedofilia.

 

Sem dúvida o filme “Preciosa” é o mais “completo” dentro do tema, pois aborda a situação do incesto, dos filhos como conseqüências dessa violência, das dificuldades de relacionamentos, das questões de aprendizagem e, ainda, sobre a possibilidade de ser resiliente (próximo tema a ser abordado).

Abuso Sexual Infantil: Um assunto muito sério!

A violência é entendida como o ato extremo no qual há uma expressão intensa de afetos e ações, dirigidos – quase sempre – no sentido destrutivo. O abuso sexual está incluído dentro desse grupo, o grupo das violências possíveis.

Quando falamos em abuso sexual é sempre um tema que mobiliza e estremece as bases da nossa sociedade, contudo quando a questão está centrada na infância o assunto torna-se ainda mais intenso, mais delicado, mais nebuloso.

Uma definição generalista de abuso sexual infantil consiste na utilização de um menor para satisfação dos desejos sexuais de um adulto. Qualquer tipo de aproximação sexual inadequada que aconteça entre menores de diferentes etapas evolutivas e/ou o uso de algum tipo de coerção (física ou emocional), também se considera abuso sexual. Essas práticas geralmente  são impostas às crianças  ou adolescentes, através de violência física, ameaças, ou em alguns casos, induzindo-as ou convencendo-as.

Os tipos de abuso sexual podem ser:

Exibicionismo

Voyeurismo

Telefonemas obscenos

Abuso sexual verbal

Atos físicos-genitais (Estupro)

Pornografia e Prostituição Infantil e Adolescente

Atentado violento ao pudor

Assédio Sexual

Entretanto, a pergunta mais constante me aprece ser: como saber quando uma criança está sofrendo abuso sexual?

A resposta dessa pergunta é muito delicada, pois em geral a denúncia ocorre em virtude de um flagrante ou de sintomas (ou sinais) que se instalam no comportamento infantil. Faz-se necessário ressaltar: nenhum sintoma ou sinal pode falar por si só, ou seja, não pode ser associado diretamente a um quadro específico, como o abuso sexual. É através da integração de dados que conseguiremos entender o que está ocorrendo e, dessa forma dar o encaminhamento adequado.

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