Na última sexta-feira, dia 08 de Dezembro, defendi minha tese de doutorado, cujo título está acima. Quer saber sobre o que ela versava? Confere o resumo dela no post:
“A Resiliência é um conceito relativamente novo no plano da psicologia e ainda mais recente para a psicanálise. O conceito de Resiliência, e mais especialmente sua origem no sujeito, ainda são temas geradores de inúmeras dúvidas. Um ponto que apresenta maior convergência na literatura especializada é o fato da Resiliência estar associada à noção de trauma. A presente tese aborda o conceito de Resiliência e sua articulação com o campo psicanalítico. Três artigos, incluindo uma revisão sistemática, foram desenvolvidos a partir do objetivo geral que foi o de investigar como o conceito de Resiliência é compreendido na prática clínica através da perspectiva psicanalítica, problematizando-o a partir do relato de situações/vivências traumáticas. O método utilizado para a pesquisa caracterizou-se pelo delineamento Qualitativo do tipo Exploratório, com Análise de Conteúdo a priori e a posteriori, com coleta realizada através de entrevistas semiestruturadas e consulta a prontuários. Composto por dois momentos, a primeira coleta da pesquisa ocorreu com dez analistas didatas filiados à uma sociedade de psicanalítica de Porto Alegre e a segunda com pacientes acolhidos por um Programa de atendimento voltado às vítimas de vivências traumáticas de um hospital de Porto Alegre . Como resultado da primeira etapa (Análise de Conteúdo a posteriori) foi possível levantar quatro categorias finais, sendo elas: (1) A inegável complexidade implicada na origem e na definição conceitual da Resiliência; (2) Potenciais técnicos da Resiliência: Interlocuções e Efeitos a partir da perspectiva da Clínica Psicanalítica; (3) Vias e Vicissitudes sobre o Ser Resiliente: Condições, características e desenvolvimento; e, (4) Associação entre clínica do trauma e os recursos do sujeito – a Resiliência em discussão. Na segunda etapa, a análise ocorreu a priori a partir das duas Categorias Finais referidas acima. Os achados permitiram afirmar que a Resiliência está alicerçada em recursos Egóicos os quais farão frente a eventos de ordem traumática, possui aspectos inconscientes e conscientes, relaciona-se com uso de mecanismos de defesas e o seu desenvolvimento possui uma estreita relação com as experiências inicias de vida do sujeito. Nos contextos de atendimento de vítimas de traumas, a Resiliência tem potencial para ser um recurso relevante a ser considerado no tratamento, especialmente no que tange a busca por auxílio por parte do paciente, no prognóstico e capacidade de insight. Dessa forma, foi possível identificar que, no curso da vida de um sujeito resiliente um encontro constante ocorrerá entre os recursos egóicos e um ambiente propício ao acolhimento da narrativa desse. Logo, devido a sua complexidade, a Resiliência certamente necessita de novos e contínuos estudos, pois se trata de um recurso constituído na sutiliza das relações diárias e que, acionado frente às situações ansiogências, articuladamente com os demais recursos do sujeito, pode apresentar-se com todo seu potencial.”
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