No dia do trabalho faço a pergunta: Por que o trabalho é um dos fatores de maior estresse e adoecimento mental nos adultos? Essa é uma questão muito frequente de ser testemunhada na clínica.
Primeiramente é preciso dizer o quanto o trabalho hoje tomou um lugar fundamental na vida dos adultos, já que o mesmo é um pilar identitário significativo na nossa cultura. E justamente, por isso, quando pensamos no atendimento de adultos, é tão relevante considerar essa importante faceta da identidade.
Então, o trabalho também faz parte daquilo que somos, e de como somos vistos, nosso lugar social. Sendo assim, corremos o risco de pensarmos que o trabalho deve ser sempre bom (positivo) para nós, já que faz parte de quem somos, certo?
Sim e não!
O trabalho, como qualquer outra coisa na vida, pode adoecer. E adoece!
Basicamente o trabalho adoece quando o sentido dele se perde, sua finalidade, sua relação subjetiva com o sujeito se esvazia.
Que um exemplo bem atual que podemos observar: trabalhadores da saúde que atendem em hospitais, sua meta é recuperar a saúde de seus pacientes, mas quando a morte e a perda se tornam maciças, o sentido pessoal e coletivo fica ameaçado. E aí temos uma brecha para o adoecimento psíquico e físico (doenças psicossomáticas). Esse é apenas um exemplo para que possamos entender o quanto o trabalho tem parte significativa na nossa vida.
Vou deixar aqui 2 referências incríveis sobre o tema aqui, se você quiser, podemos conversar mais sobre isso! Essas referências me ajudaram muito a entender toda essa dinâmica que descrevi acima, e me ajudam até hoje a manter uma escuta sensível no que tange a atividade laboral.
Referências:
Dejours, C. A loucura do trabalho.5 ed. São Paulo: Cortez – Oboré, 1992.
Dejours, C., Abdoucheli, E., Jayet, C. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.