REPORTAGEM
Geração Felicidade
Calças, camisetas, óculos e tênis coloridos. O happy rock faz o visual e a cabeça dos fãs do estilo
Basta dar uma volta nos locais mais frequentados pelos adolescentes para perceber que uma nova onda – colorida, feliz – acompanha a galera teen. Nos colégios, no Calçadão e nos shoppings da cidade, onde há uma calça verde-limão, há outra rosa-choque. Os integrantes da nova tribo atendem pelo nome de “coloridos”. Nada mais legítimo, porque as cores nem um pouco discretas não se restringem somente a uma peça do look. Elas também estão em camisetas, tênis, óculos e outros acessórios. Tanta criatividade para deixar o visual divertido deve ter uma inspiração nacional, não é mesmo? Uma não, várias. A principal se chama Restart.
Por essa banda, formada pelos jovens inspiradores Pe Lu, Pe Lanza, Thomas e Koba, fãs se reuniram na Praça Saldanha Marinho, no início deste mês, e organizaram o movimento Queremos Restart em Santa Maria. As quase mil assinaturas que foram recolhidas no abaixo-assinado serão enviadas ao empresário do grupo paulista. Em agosto, também foi realizada a primeira edição de Crazy Colors Fest, na qual tocaram os meninos da Dinks – banda santa-mariense que entrou na onda das cores.
– Se a Restart vier para cá, vamos enlouquecer! – sentencia Dévana de Souza Moura, 13 anos, ao pensar na possibilidade de o fenômeno colorido aterrissar por aqui.
– Dependemos apenas de as pessoas da cidade pedirem muito para os produtores de show. Não sabia do abaixo-assinado, mas fiquei muito feliz! Tenho certeza que, em breve, devemos aparecer por aí – comenta, por e-mail, Pe Lu.
A Restart disseminou a onda feliz na qual já estavam surfando outros grupos, como Hori, do cantor e ator Fiuk – outro ídolo da galera. Aliás, a novela Malhação ID, na qual Fiuk vivia o jovem Bernardo – ajudou a colorir a vida dos adolescentes. O sucesso do cantor foi tão grande que ele já está à frente do quadro Jogo da Verdade, do programa Fantástico. Nele, Fiuk comanda uma brincadeira de perguntas e respostas entre cinco jovens, de 15 a 19 anos.
Em busca de uma identidade diferente
O fato é que a turma dos coloridos parece deixar para trás a tribo dos emocores – emotional hardcore –, conhecida por usar roupas pretas e aparentar certa tristeza. Apesar de a música ter basicamente o mesmo som, com guitarras velozes e refrões-chicletes, em um ponto essas tribos são opostas: no sentimento. O estilo que acompanha os coloridos, criado pelos próprios meninos da banda Restart, é o happy rock. Feliz, como o próprio nome já diz.
– O adolescente gosta de buscar um contraponto. Possivelmente, daqui a algum tempo, vai surgir outro grupo para contrapor o dos coloridos. Adolescência é o período de reorganização da identidade – diz a psicóloga Bibiana Godoi Malgarim, 29 anos, especialista em crianças e adolescentes.
Na busca inconstante pela identidade, muitos adolescentes migraram da tribo dos emos para o grupo dos coloridos. Outros, no entanto, quando começaram a fazer as suas próprias escolhas, já estavam em plena “geração felicidade”. Isso mostra que grupos como NX Zero e Fresno podem até ser considerados “tios” da galera colorida.
Para os seus fãs, Pe Lu, Pe Lanza, Thomas e Koba criaram a família Restart. Os coloridos também são conhecidos por usar o símbolo S2 e por unir as mãos em formato de coração.
– A formação de grupos é supernatural. É o movimento para criar uma identidade diferenciada – diz Bibiana.
Natural e contagiante. Assim como a nova geração felicidade.
silvia.medeiros@diariosm.com.br
SÍLVIA MEDEIROS
(FONTE: Jornal Diário de Santa Maria.http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/dsm/capa,14,225,0,1365,Capa.html)