Luto é um fio que não se enxerga o fim: tece, fia, tece, fia e não acaba. As vezes penso que se é Penélope, mas não sei quem desfaz a tecedura no curso das noites. Ainda não sei.
Penso em ti todos os dias.
Dia sim, dia não sinto a memória tomada e a saudade devora como Cronos devorou seus filhos. Haverá um rebelado que colocará fim a esse banquete nefasto?
Luto não é coisa pequena.
Mas, até para gente grande é demais.
Quisera ver você de novo, tal qual Ícaro.
Prometem que um dia será só uma boa saudade. Ah Luto, quem dera tivesse algo de Perséfone.
Então, é esse emaranhado que fica de um fio que não cessa: moiras incansáveis sempre dispostas à próxima tesourada.
Eco diz por ai que o luto não cede até você aprender a conviver com o que é nó.