Skip to main content
Category

Psicologia

Para crescer, é preciso perder: Discurso aos meus afilhados e afilhadas Psicologia UNISINOS/2018

É inevitável para mim, desde o convite para ser paraninfa dessa turma, pensar frequentemente na questão: O que mais podemos, posso eu, dizer para essa turma que hoje concretiza um sonho se tornando psicólogos e psicólogas?

O que ainda não foi dito?

Foi então, que em um de nossos encontros tive meu insight, mais precisamente numa aula da disciplina de Intervenção com Crianças e Adolescente, quando alguns de vocês apresentavam seus trabalhos finais da disciplina, na qual me dei por conta que não precisava falar necessariamente de uma novidade hoje, mas sim, falar de algo que constante se renova em todo o curso do nosso desenvolvimento: Para crescer é preciso e necessário dizer adeus!

Irei fazer uma analogia entre a formação e o desenvolvimento de uma criança.Afinal vocês sabem que ministro essa disciplina também!

A universidade gesta um curso, cuida, alimenta, compõem, faz todo o pré-natal para esperar seus rebentos: vocês nascem, bebês! Na mesma proporção que há toda uma potencialidade para crescer e aprender – e sabemos que a mais incrível  condição de aprender está nos recém-nascidos –, há o medo do desconhecido, e a pergunta inevitável se faz: Que vida é essa que me aguarda nesse mundo?

Como bebês, repletos de recursos e tempo, querem e precisam crescer.

Crescemos! Vocês cresceram!

Para tanto, abrimos mão constantemente de coisas que nos são muito preciosas, muito queridas, mas que já não podem, nem precisam ser mantidas: Abrimos mão da segurança do colo materno em prol de andar com as próprias pernas, abrimos mão do que é conhecido, em prol de terras novas e cheias de pessoas que se tornarão como uma nova família para nós;  abrimos mão de um corpo infantil e de onipotências infantis, para ganhar tanto mais, inclusive a maturidade para suportar a dúvida constante que é marcadamente característica da vida de um adulto.

Poder ir frente é tolerar deixar para trás algo. É tempo de delicadeza, e concomitantemente, de firmeza.

Hoje vocês correm! Hoje vocês estão crescidos! Mais precisamente, vocês ESTÃO crescendo!

Não mais bebês, nem mais adolescentes – lembrando daquela crise bem comum no meio do curso, onde as demandas parecem impossíveis de serem vencidas – hoje são nossos / nossas colegas agora. Gente grande!

Paramos de perder então?

Perder é necessário. Ao se perder não se deixa de ganhar, é escolha. Isso que é uma aparente contradição,  é lindo! E cheio de possibilidades!

A Psicologia foi escolhida por vocês – e cada um de vocês certamente escolheu essa profissão por uma razão tão particular que não poderia ser generalizada – e para essa escolha ter sido feita, muitas outras possibilidades foram deixadas de lado: E será que isso foi ruim? Nesse momento, aqui com vocês, olhando vocês, os olhos, os sorrisos, só posso crer que foi uma acertada escolha!

Durante todo esse percurso muitos momentos se tornaram marcos, marcos do crescimento de cada um de vocês, foi necessário escolher o tempo todo: estudar ou descansar? Quais disciplinas em quais horários? Qual estágio fazer e onde fazer? Tcc agora ou no próximo semestre? Quem escolher para me orientar? Estar em casa, ou, estar na universidade? Dormir ou levantar?

Vocês são testemunhas uns dos outros o quanto todas essas escolhas e simultâneas renúncias compuseram cada um de vocês de maneira única e fizeram da jornada de se tornarem psicólogos e psicólogas um desejo possível, e que foi alcançado.

Queremos crescer! Desde que nascemos!

Quando crescemos, paramos de perder? Não, queridos queridas afilhados e afilhadas. E volto a dizer: isso ainda assim é bom!

Inocentemente podemos pensar que quando se cresce, vira gente grande, dizer adeus fica mais fácil, mas não fica. Nunca é. Mas, é tão importante e tão potente: dizer adeus hoje é só um outro começo; um outro momento no qual tantas novidades e possibilidades se apresentarão que se torna irresistível crescer!

Hoje estamos aqui juntos para comemorar um grande crescimento e vocês me deram a honra de apadrinha-los.

Dessa maneira, desejo que como todo adulto, continuem crescendo.

Continuem se questionando! Inquietando-se! Ganhamos muita coisa ao mesmo tempo em que renunciamos outras. Sejam esses colegas que nós todos aqui, como universidade, gestamos e apostamos: pessoas éticas, cuidadosas, afetivas, comprometidas e em permanente movimento!

Então, nesse momento, adeus acadêmicos de Psicologia, e sejam muito bem vindos meus e minhas colegas!

Bem vindos a um novo caminho!

 

 

 

Artigo da Tese publicado: THE MEANING OF RESILIENCE AS A PSYCHOANALYTIC CONCEPT […], confere!

Depois de alguns anos de bastante dedicação, muita leitura, muitas revisões, discussões, escritas e revisões novamente… o primeiro artigo fruto da minha tese de doutorado foi publicado pelo British Journal of Psychotherapy .

Um trabalho que me deixou muito honrada porque pude conhecer uma editora incrível e e consequentemente uma equipe muito dedicada! Não posso deixar de citar a minha orientadora Lúcida Helena, e minha co-orientadora, Mônica Macedo, sem as quais essa tarefa – que em muitos momentos parecia impossível – foi possível!

É realmente uma sensação muito boa ver esse material publicado nesse periódico!

Obrigada!

 

Apresentação2

Segunda Edição Pais e filhos separados:Alienação Parental e Denunciação Caluniosa

IMG_20180731_122837_565

Com nova capa a Segunda Edição do livro conta também com o conteúdo revisado, ampliado e atualizado segundo as novas leis.

Construímos esse material por acreditar nessa necessária interlocução entre as áreas, de maneira não mais multidisciplinar, mas muito mais inter e transdisciplinar.

Alienação Parental é um processo complexo e que exige das diferentes esferas sociais uma ação.  Por ser tão delicada, no que diz respeito a área da psicologia espacialmente, é fundamental ter conhecido do que define a Alienação e como essa pode ter como consequência uma síndrome, a Síndrome da Alienação Parental, hoje já reconhecida inclusive pelo CID-11 ( a ser lançado).

O livro é uma maneira modesta de contribuir com esse cenário  e de ampliar as discussões sobre o tema, sobre a violência contra crianças, sobre as formas de parentalidade e o desenvolvimento infantil.

Falso e Verdadeiro Self: Caminhos pela linguagem

O bebê disse Ououou

A mãe respondeu Aiaiai

O bebê não entendeu. Disse Ououou

Aiaiai, a mãe com um tom sutilmente mais enfático disse.

O bebê não entendeu, mas algo diferente ocorreu: sentiu.

O bebê disse: Ououai?

A mãe o olhou e disse: Só aiaiai.

O bebê não entendeu. O bebê desistiu.

O bebê aprendeu.

Agora o bebê: Aiaiai.

Sobre a violência contra criança pelas lindas palavras da colega Luciane

“Hoje de manhã, indo para o consultório, eu escutava na Radio Gaucha – Ao Vivo uma entrevista com o delegado responsável pelo caso da menina Naiara, de Caxias do Sul. Ter contato com o relato foi me deixando triste e cada vez mais nauseada, com um nó no estômago e na garganta. Disse para mim mesma que não deveria estar ouvindo os detalhes sórdidos relatados pelo delegado, passei a imaginar as cenas, me colocar no lugar impossível e enlouquecedor da vítima. Se eu, adulta, psicóloga, fiquei deste jeito, não consigo nem alcançar o pânico e o sofrimento que esta pequena passou com seu algoz. O nó na minha garganta nela fez-se em gritos inaudíveis de socorro.
Todo relato de estupro e abuso mexe com a gente, é humano e natural, somos criaturas empáticas (alguns mais, outros menos). Mas o que mexeu comigo também foi escutar o delegado se referir a este crime da seguinte forma: “após a relação sexual (…) antes da relação sexual que ele teve com ela”. Bah, isso mexeu demais comigo. Não acredito que o delegado use estas palavras por mal, talvez ele nem se dê conta da forma como isso reverbera. Mas palavras têm poder, poder de significado, de dar sentido às coisas e guiar o modo como percebemos e compreendemos o mundo. O que o abusador teve com Naiara não foi uma relação sexual, foi estupro, foi abuso sexual, jamais relação.
Relação diz respeito a uma troca, por exemplo, eu tenho relações sexuais COM alguém, é entre, é uma troca em que duas pessoas plenas de suas faculdades mentais consentem em relacionar-se. Dentro desta linha de raciocínio, um estuprador não mantém relações sexuais COM sua vítima, ele, num ato perverso, subjuga a vítima, faz dela seu objeto de desejo, ele não estupra COM a vítima, não há relação, não há entre e muito menos troca.
Desfaço o nó na minha garganta escrevendo isto, de modo que as palavras possam ser repensadas e elaboradas, pois palavras são incrustadas de significado, guiando a forma como os fatos são compreendidos. O que podemos pensar sobre o sentido de usar o termo relação sexual, é que este termo traz consigo o significado de troca e consentimento, e no caso de um crime sexual o lugar da vítima pode ficar dúbio e questionável, como muito se vê em manchetes noticiadas pela mídia sobre estupros e abusos sofridos por mulheres, por exemplo.
Não existe relação sexual entre um adulto e uma criança pois isto é impossível, a criança não tem maturidade suficiente (psíquica e fisicamente) para se relacionar desta forma com ninguém. 
Dito isto, que sigamos transformando o luto em luta, sempre.”

Luciane David, publicado no Facebook dia 22 de Março de 2018.

Quando a Violência é Tudo

violência

 

Não há como uma criança sair ilesa de um contexto de vida no qual a violência – seja ela qual for – é o que dá tom das relações que ela tem. Não há como uma criança se safar de uma vida pautada pelo mau trato. Não há como imaginar que não haverá marcas, memórias, referências ou identificação quando a negligência ou o abuso (de qualquer ordem) estão constantemente presentes na rotina de um(a) miúdo(a).

Violência não passa com o tempo. Violência não se esquece. Violência não se ignora. Não se aprende com ela também.

Ao ler sobre relatos de adultos que hoje possuem uma série de dificuldades, como por exemplo, os que não conseguem estabelecer com o outro uma relação de alteridade ou uma relação que não seja pautada pela submissão, controle e agressão, não consigo deixar de pensar retrospectivamente em suas vidas: certamente marcadas desde bastante cedo pela violência – não preciso apostar nisso, infelizmente.

E quando tudo que se tem é violência, como ser outra coisa?

Cora Coralina: Resiliência em Poema

Cora Coralina uma poeta que traduziu a Resiliência em poemas. Traduziu a vida em frases e palavras. Transformou a sutileza das rotinas diárias em impressionantes versos.

Confira a reportagem sobre essas miudezas que deixam a vida tão larga no site HuffPost. Para deixar o gostinho:

Assim eu vejo a vida

“A vida tem duas faces:

Positiva e negativa

O passado foi duro

mas deixou o seu legado

Saber viver é a grande sabedoria

Que eu possa dignificar

Minha condição de mulher,

Aceitar suas limitações

E me fazer pedra de segurança

dos valores que vão desmoronando.

Nasci em tempos rudes

Aceitei contradições

lutas e pedras

como lições de vida.

e delas me sirvo

Aprendi a viver.”

 

Abrir chat
Precisando de ajuda?
Olá, me chamo Bibiana, qual seu nome e como posso te ajudar?