O Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou hoje seu posicionamento em relação ao curso de graduação de Psicologia no formato de educação a distância (EAD): o CFP é contra. Pessoalmente, apoio a posição adotada pelo conselho, uma vez que, como professora universitária, tenho por experiência a compreensão de que o contato do aluno com o professor(a) – e vice-versa – é fator fundamental na transformação do sujeito em um profissional da área psi.
Trabalhar com saúde mental é trabalhar com relacionamentos, proximidade, implicação, trocas, e tudo isso não ocorre de maneira eficaz quando mediado por uma tela – virtualmente. Para trabalhar com pessoas, é preciso estar com elas.
Segue algumas das palavras do CPF sobre o tema:
(Clique nos parágrafos acima para acessar a notícia original)
O que você pensa sobre o assunto?
Nós estaremos na Feira do Livro de Porto Alegre dia 06 de novembro! Curioso com nosso livro sobre Alienação Parental? Aparece lá!
Ontem consegui ter em mãos o livro “Casa das Estrelas” de Javier Naranjo, um professor colombiano que colecionou, a partir de suas relações de troca com seus alunos, definições sobre as mais diversas coisas da vida. Há definições morte, mãe, criança, solidão, professor, alma, etc. Todas elas são uma venda que cai dos olhos de adultos que, como eu, complicam tudo a tal ponto, que não consegue mais enxergar de maneira objetiva e poética simultaneamente. Não há rodeios para dizer de maneira certeira!
A linguagem infantil possui uma riqueza impar e reúne em si, uma forma de olhar tão particular que nos impressiona. É estranho ignorar o que as crianças têm a dizer, é negligente, na verdade. Sua voz precisa ser ouvida em todas as esferas para que possamos efetivamente aprender sobre e com elas.
Certamente, se você pegar esse livro nas mãos, você o lê inteiro, e não porque ele seja curto ou simples, e sim porque ele é incrível. Além das definições (uma mais linda, intensa, triste ou engraçada que a outra) as ilustrações do livro são outro convite! Dá uma olhadinha em algumas dessas riquezas:
Mãe: A mãe é a pele da gente. (Ana Milena, 5 anos)
Criança: É brinquedo de homens. (Carolina Alvarez, 7 anos)
Instante: É a única coisa que alguém pede a uma pessoa. (Leidy Johana Garcia, 10 anos)
Fonte: Naranjo, J. (Org.) Casa das Estrelas: O universo pelo olhas das crianças. Ed. Planeta.
Nosso Grupo de Estudos ainda tem vaga!
Nosso próximo encontro será dia 8 de Outubro e estamos começando com um texto que introduz a ideia da escrita na clínica, suas particularidades e que deixa a inquietante questão: por que escrever?
Nosso cronograma (sujeito a alterações):
- 10 de setembro, primeiro encontro
- 08 de Outubro
- 22 de Outubro
- 05 de Novembro
- 19 de Novembro
- 03 de Dezembro
- 17 de Dezembro
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) hoje (24 de Setembro/2018) discute juntamente com profissionais da área sua posição oficial em relação á Lei da Alienação Parental, sendo que até o momento se posiciona contra a lei (https://site.cfp.org.br/cfp-recebe-especialistas-para-discutir-lei-de-alienacao-parental/) . O CFP entende, de maneira geral, que a lei não se faz necessária uma vez que existe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), evoca algumas questões como a discriminação contra a mulher, além de questionar o lugar do psicólogo nesse panorama.
A Alienação Parental definitivamente não é um fenômeno novo, ainda que tenha sido nomeado mais recentemente, e como consequências desse fenômeno podemos observar, em alguns casos, o que se chama por Síndrome da Alienação Parental (SAP). Alguns profissionais da área, incluindo a mim, entendem que a Lei não desabona o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e sim, poderá ser tomada como uma ferramenta complementar visto que dá conta de fenômenos de violência (psicológica ou física) que passam a ser estudadas e nomeadas no curso do desenvolvimento da nossa sociedade.
Entendo que a aplicação da lei precisa ser cuidadosa, uma vez que toda e qualquer lei pode ser subvertida em sua aplicabilidade, ou seja, a mesma poderá ser utilizada de maneira inapropriada, como tantas outras leis que nos regem. Contudo, uma escuta atenta, uma avaliação ética e um acompanhamento multidisciplinar oferece condições de indicar o que acontece entre os genitores e que envolve, na grande maioria das vezes, os filhos de maneira direta, como exemplo, a questão discutida aqui, a Alienação Parental.
Como psicóloga especializada em crianças e adolescentes, atendendo (e atendi) vários casos na minha prática diária, infelizmente testemunhando que esse fenômeno existe e gera um sofrimento muito significativo para os genitores e, especialmente, para a criança envolvida. Algumas ponderações são necessárias, tomo como exemplo uma das questão apontadas pelo CFP: “A lei da alienação parental pode ser um instrumento para esconder a discriminação existente contra mulheres nos processos judiciais?” (https://site.cfp.org.br/cfp-recebe-especialistas-para-discutir-lei-de-alienacao-parental/). Entendo, que ainda é preciso – e provavelmente isso perdurará por muitas décadas ainda, quiçá séculos – trabalhar, resistir e lutar pela desconstrução do machismo em todos os campos da nossa sociedade, contudo, há de se fazer distinções necessárias: em se tratando de crianças, antes de qualquer movimento pré-concebido é fundamental avaliar cuidadosamente a situação, uma vez que o “mito do amor materno” perdura em posicionamentos de vários profissionais. Infelizmente, é muito frequente percebemos que as questões da conjugalidade mal elaboradas sejam prevalentes às questões da parentalidade quando o casal se separa, e isso ocorre para ambos os genitores.
Definitivamente não há uma única saída, uma única alternativa. Entendo que não somente é preciso cuidar e proteger as crianças, mas atentar para como as leis são executadas. Violência contra crianças e adolescentes é um dos tipos de violência mais frequente, e a prevalência é que a mesma ocorra dentro de casa. A questão definitivamente NÃO é uma questão de gênero, NÃO é culpabilizar genitores, NÃO é desqualificar leis já existentes, NÃO é transformar o psicólogo em um agente punitivo – pelo menos para mim, não deveria ser. Trata-se de DESENVOLVER continuamente ferramentas que possam proteger o direito da criança a se desenvolver em um ambiente salubre, especialmente do ponto de vista emocional – nesse caso da Lei da Alienação Parental – e o caminho sempre, SEMPRE, deverá ser através de uma conversa que dê voz a TODOS os envolvidos, com o objetivo único, volto a dizer: PROTEGER E GARANTIR O DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL DAS NOSSAS CRIANÇAS.
Esse é o lugar que entendo para o/a psicólogo/a: garantir através de seu conhecimento técnico-científico e uma postura ética, respeitando o Código de Ética Profissional, a escuta do sofrimento infantil e adolescente, para que assim os mesmos possam ser ouvidos, considerados e que se destine um cuidado qualificado a eles. Ou seja, não se trata de ocupar um lugar de agente a serviço do poder punitivo, mas de UM AGENTE DE SAÚDE MENTAL QUE DIALOGA COM OUTROS PROFISSIONAIS E ESFERAS SOCIAIS e se propõem a auxiliar através do conhecimento especializado.
Sugiro, acima de tudo, continuarmos a conversar e a trabalhar no combate a violência infantil, seja ela qual for!
Att.,
Psc. Dr.ª Bibiana G. Malgarim
Psicóloga Clínica, especializada em Psicoterapia Psicanalítica Infantil e Adolescente, Mestre em Psicologia Clínica e Doutora em Psiquiatria Ciências do Comportamento. Realizou pesquisas na área de abuso sexual infantil, trauma, resiliência e psicanálise. Apresentou vários trabalhos na área da infância e violência, publicou artigos científicos e publicou um livro sobre relacionamento pais e filhos frente a situação de separação e alienação parental. Contato: bmalgarim@yahoo.com.br .
OBS.: Essa nota foi publicada originalmente na página do facebook do Conversa de Gente Miúda.
Na semana do dia 20 a 23 de Setembro (2018) estive no XIII Encontro Brasileiro sobre o Pensamento de D.W.Winnicott em Fortaleza e quero dividir com vocês algumas breves considerações sobre o encontro.
É um momento realmente muito interessante, no qual pessoas de todo o Brasil
se juntam para conversarem sobre o que pensam e fazem nas suas práticas clínicas. Exatamente! Conversar! São dias de efetiva troca, nos quais você sai inspirado e alimentado, não só teoricamente, mas também afetivamente. Foi possível constatar o quanto as ideias de Winnicott circulam entre colegas psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e outras áreas afins, e ainda, não só circulam como são extremamente fecundas: os trabalhos apresentados refletiram a profundidade, a complexidade e a autoria dos colegas no curso desses dias. Cito, em especial, a fala da conferência de encerramento de Luís Cláudio Figueiredo que foi absolutamente fiel ao Gesto Espontâneo e reafirmou entre nós a necessidade de falarmos nosso própria língua, sem matar a espontaneidade, sem matar a originalidade – e tudo isso seria uma maneira de sermos gratos ao que todos esses teóricos construíram até o momento.
Particularmente, minha fala versou sobre “Resiliência, Holding e Mãe Suficientemente Boa:Em nome de um viver criativo” (22 de Setembro). Nesse momento, pude apresentar aos colegas como tenho pensado esse laço entre o conceito de Resiliência com as complexas ideias cunhadas por Winnicott. Foi possível apresentar a definição de Resiliência, a qual foi construída durante o curso do meu doutorado, e também apontar como essa se encontra profundamente conectada ao Holding e a noção de Mãe Suficientemente Boa, seja no começo da vida, seja na nossa prática clínica diária.
Sigamos pensando no próximo Encontro no Mato Grosso do Sul!
Os bebês são sensacionais! Nada de novo nisso!
E um bebê faz muita coisa, mesmo que aparente a um adulto o contrário. Uma das coisas que os bebês fazem é crescer e se entender como uma pessoa no mundo, isso em geral ocorre através da ação do brincar.
Brincar não é brinquedo. E falo aqui do objeto brinquedo. É bem comum – e hoje é uma demanda intensa – que os pais tentem montar verdadeiros cenários para as crianças/bebês brincarem, quando é na ausência que a brincadeira se constrói e pode alcançar todo o seu potencial.
Não levemos para o outro extremo: ausência no sentido de negligência! Não!
Ausência no sentido de oferecer espaço, tempo, não presença constante e intensa.
Os bebês brincam sozinhos. Brincam consigo. Brincar com a sua roupa; seu bico; com a mão que acabam de descobrir.
Eles brincam com a textura do chão que tocam; e com aquele bonequinho velho e feio que o adulto deixou por lá até descartar.
Além disso, os bebês com o tempo, crescendo, adquirem a condição de prescindir de um adulto o tempo todo ao seu lado: eles vão brincando sozinhos e sonhando com a mãe ou com o pai, com o outro… e quando precisam de um deles _ porque se angustiaram, porque sentem sua falta _ solicitarão e solicitam com veemência. Não deixam margem para dúvida quando querem a presença de alguém.
Mas só solicitam porque sentiram falta.
E aí a presença ganha outro sentido.
Essa falta _ que não é abandono ou coisa do tipo_ promove o que hoje é tão vendido nos brinquedos caros: criatividade.
Se eu não sinto falta de nada, não posso criar. E brincar é criar o tempo todo: criar a si, o mundo, os pais. Cria-se uma cria de gente dentro de si porque não se está sozinho.
Em tempo… tudo isso dito acima dará margem para pensarmos conceitos importantes dentro da Psicologia: Apego, Independência e Autonomia, Constituição de Self, Criatividade e Capacidade de Estar só são alguns deles.
Confira mais sobre o tema no link abaixo:
https://conversadegentemiuda.wordpress.com/2011/08/04/e-brincando-que-a-gente-se-entende/
Sabe o que vai começar nessa próxima segunda-feira, dia 10 de setembro?
Nosso Grupo de Estudos sobre Escrita Clínica!
Confere ao lado as informações e fique a vontade de entrar em contato caso tenha alguma dúvida.
Contaremos com a participação super especial da psicanalista e autora Ana Claudia Meira.
Quer saber um pouquinho mais sobre Resiliência? Mais especificamente o que foi produzido sobre o tema no período de 10 anos?
Então, esse artigo, publicado esse mês na Revista PSICO – PUCRS trás uma revisão sistemática sobre a resiliência. Trata-se de um estudo que comporta rigor metodológico e que foca especificamente o conceito central – Resiliência – em uma linha teórica particular, a psicanálise.
A Resiliência não é um tema muito recorrente dentro do campo psicanalítico e está sempre articulado com outros conceitos. Sua definição ainda desafia os psicanalistas, tanto no sentido de incorporá-lo, quanto no sentido de circunscrever suas características, assim como sua origem.
Fique a vontade para ler e fazer contato para conversarmos sobre o tema! Será um prazer!