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Psicologia

Tempo de férias x Tempo de aulas

 

Nada como as férias do meio do ano para revigorar a gurizada e, em alguns casos, dar um cansaço nos pais. As crianças definitivamente precisam desse tempo para descansar e poder diversificar as atividades através de brincadeiras, passeios ou qualquer outra possibilidade que vá além da escola.

 

Contudo, o tempo é pequeno entre o início e o fim das férias e logo os pequenos retomam suas atividades: uns com saudades, outros nem tanto. O fato é que nos encaminhamos para o fim do ano letivo e nesse momento parece ser comum que algumas questões de desempenho escolar não satisfatório, a qual vinha se arrastando até então, tornar-se urgente.

 

Salienta-se que, muitas dessas dificuldades escolares podem ser questões relativamente simples de serem solucionada: algumas vezes a criança sofre com dificuldades visuais ou auditivas, as quais indiscutivelmente dificultam o aprendizado.

 

Já outras, as de cunho psicológico, são mais complexas no que tange a resolução. É preciso avaliar e compreender o que está acontecendo com a criança e por que razão está aparecendo no contexto escolar. Uma hipótese (que compartilho com outros colegas e estudiosos) é que, as crianças atualmente passam muito mais tempo envolvidas com as atividades da escola e, portanto é nesse local que suas questões acabam se desenrolando, mesmo quando seus conflitos não estão vinculados diretamente a escola propriamente dita.

Bom retorno as aulas!

Terapia das Havaianas? (Quando as palavras falham, as ações surgem)

 

Há quem acredite que uma maneira eficaz e adequada de educar crianças chama-se “terapia das Havaianas”, ou seja, uma boa chinelada e as coisas se resolvem. Contudo, não entendo que as coisas andem bem por aí, se pensarmos na conduta do adulto, principalmente.

Parece-me que quando a fala se torna impossível ou ainda, quando se mostra insuficiente é comum que se passe ao ato. Isso poderia ser exemplificado em várias situações, entretanto uma das mais comuns e igualmente uma das mais controversas é sobre o uso da força – palmadas, etc. – na “educação” das crianças.

O adulto em franca vantagem física pode não ter clareza da brutalidade que sua ação supostamente educativa pode ter para uma criança. Sua palavra falha diante de um ser pequeno e, algumas vezes, desafiador; na falta de um recurso, usa-se outro: a força física.

Imaginar a cena é o suficiente para muitos entenderem a desproporção que se apresenta. Quando me refiro a desproporção é em vários sentidos: de tamanho, de força e, talvez o mais importante, de maturidade.

O interessante é pensar como um ser pequeno pode simplesmente privar os pais da capacidade de pensar e buscar outra solução para a questão na qual estão envolvidos.

O que certamente será um aprendizado quando pensamos na possibilidade de bater em uma criança, será: aprende-se que quem grita mais alto, é ouvido; que quem bate mais forte, é “respeitado”; que quem deveria ser mais maduro por ser mais experiente e portanto, mais lúcido, nem sempre conseguirá entender e ensinar isso.

Trauma e Boris Cyrulnik: um autor que merece ser lido

A questão do trauma e suas implicações certamente é um dos pontos centrais na teoria psicanalítica. Entretanto, diante da realidade atual em que vivemos, das situações diárias com as quais nos defrontamos com violência, negligência, dentre tantas outras possibilidades da dor mostrar sua face, trazer o tema do trauma para discussão me parece absolutamente necessário.

Para tanto, vou começar esse tema – o qual será explorado em vários outros momentos novamente – trazendo um autor que trata da questão com a delicadeza necessária, sem perder o comprometimento com a complexidade que se exige quando abordamos pontos delicados como esse, do trauma e suas implicações.

Quando falamos de algo que nos traumatizou, buscamos um lugar para isso dentro de nós mesmos. Buscamos um sentido para algo que circula como um fantasma sem nome, sem casa, sem destino – mas que perturba, que nos inquieta, que nos assombra. É sobre isso e nesse tom que Cirulnyk traz a noção de trauma e as possibilidades que cada sujeito acha de lidar com ele.

Cyrulnik (2005, p.47) nos diz que:

“Toda fala pretende iluminar um pedaço do real. Mas, ao fazer isso, transforma o acontecimento porque objetiva tornar claro algo que, sem a palavra, continuaria na ordem do confuso ou da percepção sem representação.

Contar o que aconteceu significa interpretar o acontecimento, atribuir um significado a um mundão que foi perturbado, a uma desordem que compreendemos mal e à qual já não podemos reagir.

É necessário falar para tornar a pôr as coisas em ordem, mas falando interpretamos o acontecimento, o que pode lhe atribuir mil direções diferentes. “

                                                                                Fragmento do livro O Murmúrio dos fantasmas,

de Boris Cyrulnik (2005) 

 

Depressão Infantil: que bicho papão é esse?

 

 

Nem sempre carinha triste, falta de motivação para atividades diárias ou lentidão de movimentos e ações estão presentes nos quadros de depressão infantil.

A depressão pode ser entendida como um estado de humor em que o indivíduo se encontra com o humor modificado, caracterizado pelo que se concebe como um aspecto de tristeza constante, irritação, diminuição ou aumento de apetite, alterações de sono (aumento das horas de sono, em geral), sentimentos negativistas, dentre tantos outros sinais. Entretanto, esses sintomas não podem ser generalizados de maneira absoluta, pois dependem da faixa etária em que se encontra o sujeito e da análise do contexto em que isso está acontecendo.

E quando falamos especificamente de crianças, devemos tomar mais cuidado ainda, pois a depressão pode tomar outra face, isto é, não apresenta necessariamente sinais tão parecidos com os dos adultos. Nos pequenos, muitas vezes, o que encontramos são quadros de agitação motora agregados a outros sintomas, ou ainda, o que se popularizou pelo nome de “hiperatividade”, visto que a criança pode ficar exageradamente ativa diante de um ambiente confuso para ela.

A depressão infantil pode ser desencadeada por várias situações, dentre elas por razões aparentemente tolas para os adultos, como por exemplo, a perda de um animal de estimação, mudança de casa ou cidade, perdas em geral.

Entretanto, cabe salientar que todos esses sintomas ou sinais devem ser entendidos como indicadores de que algo não está bem e como uma forma de comunicação que a criança nos faz de um estado interno dela. As causas mais profundas serão passíveis de serem entendidas através de uma avaliação psicológica ou psicoterapia.

A depressão é um bicho-papão porque é algo sério e que deve receber atenção, contudo não é tão feio ou tão assustador que não possa ser transformado em outra coisa, mudando de cara, mudando seu caminho.

Por

Bibiana G. Malgarim 

Psicóloga – 07/13403

 

O peso da expectativa

Muitos de nós nascemos com algumas tarefas pré-determinadas para nossa vida, que mal começou a respirar. Muitas crianças já sabem desde cedo que deverão cumprir com uma série de objetivos já traçados e desempenhar com louvor uma verdadeira performance. Esse será o peso que cada um levará consigo: o peso da expectativa.

Essa expectativa se arrastará como grilhões para alguns; já para outros será apenas uma referência e, finalmente, para alguns nada significará. Entretanto, o que aparecerá, certamente, serão os casos em que esse peso se tornou intolerável e agora não é mais possível de ser carregado sozinho.

As facetas que essas expectativas (sociais e parentais) podem tomar são variadas, ou ainda, infinitas. Alguns autores da área da psicanálise nomearão fenômeno semelhante como ideal de ego (ou Ego Ideal, dependendo do teórico). Contudo, não é o nome que nos interessa e sim, o que isso significa para uma criança.

Em geral (e que se frise o termo: “em geral”), as expectativas demasiadas e irreais que recaem sobre as crianças são fruto de frustrações dos seus próprios pais, ou seja, situações que eles mesmos não deram conta por alguma impossibilidade e em virtude disso, e de todas as outras questões que se agregam, colocam essa herança em vida para seus pequenos.

Não se trata de culpabilizar. Nunca uso esse termo. Entretanto, parece-me que estamos tentando compreender a razão pela qual, em algumas situações, os pequenos desmontam diante de suas agendas abarrotadas, de suas notas “baixas” (oito ou nove) ou do segundo lugar em um campeonato.

Parece-me que não tolerar a frustração também pode ser “hereditário”.

Por Bibiana G. Malgarim

As 48 horas sem Tecnologia da Zero Hora

Hoje saiu no Jornal Zero Hora uma “experiência” que fizeram com o estagiário do Kzuka: 48 horas SEM tecnologia, ou seja, sem internet, sem celular, sem computador, sem Google! (Zero Hora de 24 de Junho de 2011)

Isso tudo em virtude de uma pesquisa norte americana, a qual comenta que os jovens sofrem de abstinência quando privados da tecnologia. A matéria acabou me fazendo pensar sobre o uso cotidiano da tecnologia e se realmente nos encontramos reféns dela.

E ainda,  como isso poderá (e será?) usado contra nós em algum momento.

Será que realmente conseguiríamos voltar a usar o telefone fixo sem maiores dores? Ou pesquisar em enciclopédias? Creio que não. Mas o que me solicita verdadeiramente em tudo isso é, pensar qual é a nossa medida. Isto é, como fazer um uso adequado de todas essas possibilidades tecnológicas (até porque estou escrevendo em um BLOG!) sem perder ou deixar de ganhar outras coisas, como relações próximas e afetivas, como ler bons livros, como exercitar tantas outras habilidades sociais importantes.

Qual é a medida sem cair em uma crise de abstinência? Há escolha nesse sentido?

Sobre a Geração Felicidade (Diário de Santa Maria)

21/08/2010 | N° 2586

REPORTAGEM

Geração Felicidade

Calças, camisetas, óculos e tênis coloridos. O happy rock faz o visual e a cabeça dos fãs do estilo

Basta dar uma volta nos locais mais frequentados pelos adolescentes para perceber que uma nova onda – colorida, feliz – acompanha a galera teen. Nos colégios, no Calçadão e nos shoppings da cidade, onde há uma calça verde-limão, há outra rosa-choque. Os integrantes da nova tribo atendem pelo nome de “coloridos”. Nada mais legítimo, porque as cores nem um pouco discretas não se restringem somente a uma peça do look. Elas também estão em camisetas, tênis, óculos e outros acessórios. Tanta criatividade para deixar o visual divertido deve ter uma inspiração nacional, não é mesmo? Uma não, várias. A principal se chama Restart.

Por essa banda, formada pelos jovens inspiradores Pe Lu, Pe Lanza, Thomas e Koba, fãs se reuniram na Praça Saldanha Marinho, no início deste mês, e organizaram o movimento Queremos Restart em Santa Maria. As quase mil assinaturas que foram recolhidas no abaixo-assinado serão enviadas ao empresário do grupo paulista. Em agosto, também foi realizada a primeira edição de Crazy Colors Fest, na qual tocaram os meninos da Dinks – banda santa-mariense que entrou na onda das cores.

– Se a Restart vier para cá, vamos enlouquecer! – sentencia Dévana de Souza Moura, 13 anos, ao pensar na possibilidade de o fenômeno colorido aterrissar por aqui.

– Dependemos apenas de as pessoas da cidade pedirem muito para os produtores de show. Não sabia do abaixo-assinado, mas fiquei muito feliz! Tenho certeza que, em breve, devemos aparecer por aí – comenta, por e-mail, Pe Lu.

A Restart disseminou a onda feliz na qual já estavam surfando outros grupos, como Hori, do cantor e ator Fiuk – outro ídolo da galera. Aliás, a novela Malhação ID, na qual Fiuk vivia o jovem Bernardo – ajudou a colorir a vida dos adolescentes. O sucesso do cantor foi tão grande que ele já está à frente do quadro Jogo da Verdade, do programa Fantástico. Nele, Fiuk comanda uma brincadeira de perguntas e respostas entre cinco jovens, de 15 a 19 anos.

Em busca de uma identidade diferente

O fato é que a turma dos coloridos parece deixar para trás a tribo dos emocores – emotional hardcore –, conhecida por usar roupas pretas e aparentar certa tristeza. Apesar de a música ter basicamente o mesmo som, com guitarras velozes e refrões-chicletes, em um ponto essas tribos são opostas: no sentimento. O estilo que acompanha os coloridos, criado pelos próprios meninos da banda Restart, é o happy rock. Feliz, como o próprio nome já diz.

– O adolescente gosta de buscar um contraponto. Possivelmente, daqui a algum tempo, vai surgir outro grupo para contrapor o dos coloridos. Adolescência é o período de reorganização da identidade – diz a psicóloga Bibiana Godoi Malgarim, 29 anos, especialista em crianças e adolescentes.

Na busca inconstante pela identidade, muitos adolescentes migraram da tribo dos emos para o grupo dos coloridos. Outros, no entanto, quando começaram a fazer as suas próprias escolhas, já estavam em plena “geração felicidade”. Isso mostra que grupos como NX Zero e Fresno podem até ser considerados “tios” da galera colorida.

Para os seus fãs, Pe Lu, Pe Lanza, Thomas e Koba criaram a família Restart. Os coloridos também são conhecidos por usar o símbolo S2 e por unir as mãos em formato de coração.

– A formação de grupos é supernatural. É o movimento para criar uma identidade diferenciada – diz Bibiana.

Natural e contagiante. Assim como a nova geração felicidade.

silvia.medeiros@diariosm.com.br

SÍLVIA MEDEIROS

(FONTE: Jornal Diário de Santa Maria.http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/dsm/capa,14,225,0,1365,Capa.html)

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