Li há alguns dias em uma postagem de rede social a seguinte frase:
“A supervisão é um território privilegiado de transmissão de um ofício.”
(frase atribuída a M. Viñar)
Linda a frase, não é mesmo? E se torna tão bonita porque convoca um sentimento genuíno em nós, psicólogos. Ainda que a definição da palavra Supervisão esteja vinculada a uma noção de inspeção, guiar ou auxiliar a gerar resultados, ela claramente transcende isso, simplesmente porque é mais. Para mim, ser supervisor também se trata de testemunhar a descoberta gradual de uma condição: a condição de se tornar psicoterapeuta – constantemente e renovadamente.
Ser psicoterapeuta é algo difícil de definir. Tentamos estudar através dos textos e artigos o que é, como é, o que se diz, como se faz e com quem se faz, contudo é no território do setting terapêutico que se descortina o psicoterapeuta verdadeiramente: aquele que acolhe com uma escuta atenta, generosa e ética o sofrimento de quem lhe procura, e ainda, através dessa dupla (psicólogo/sujeito e paciente/sujeito) que se constrói, desbravam outros tantos territórios inexplorados, mas que sempre estiveram lá, no intimo daquele sujeito que lhe comunica.
Supervisionar é sim um território paralelo porque além de termos a oportunidade de transmitir algo somos convidados a acompanhar os descobrimentos sobre o próprio psicoterapeuta.
Gostei tanto dessa frase, suponho nesse momento, porque ela aponta que ser psicoterapeuta (ou analista) não é meramente uma profissão, é um ofício! Ou seja, vai convocar você a bem mais que ler livros e decorar teorias, vai convocar você a se transformar. E isso pode ser lindo!