Luto é um fio que não se enxerga o fim: tece, fia, tece, fia e não acaba. As vezes penso que se é Penélope, mas não sei quem desfaz a tecedura no curso das noites. Ainda não sei.
Penso em ti todos os dias.
Dia sim, dia não sinto a memória tomada e a saudade devora como Cronos devorou seus filhos. Haverá um rebelado que colocará fim a esse banquete nefasto?
Luto não é coisa pequena.
Mas, até para gente grande é demais.
Quisera ver você de novo, tal qual Ícaro.
Prometem que um dia será só uma boa saudade. Ah Luto, quem dera tivesse algo de Perséfone.
Então, é esse emaranhado que fica de um fio que não cessa: moiras incansáveis sempre dispostas à próxima tesourada.
Eco diz por ai que o luto não cede até você aprender a conviver com o que é nó.
Novidade à vista!!!!💛
Em breve meu SITE estará no ar!
Uma forma muito mais fácil de localizar conteúdos e meu contato. Além dos textos do Blog!
E quando ele entrar no ar, essa página será destivada. Mas, todo conteúdo do blog estará lá, inclusive com esse nome cheio de good vibes!!
Então fica ligado que irei dando noticias por aqui e pelo meu insta @bibiana.psico 😉
Até mais!!
Quais foram os meus desafios profissionais no início da carreira?
Perrengue todo mundo passa, correto?
SIM! E que tipo de desafio psicólogos no início de carreira passam? Quais foram meus principais desafios?
Para qualquer recém-graduado o começo da carreira é um desafio por si só. Dependendo de como foi seu percurso durante o curso, a dificuldade será maior, ou menor. A primeira situação que passou pela minha cabeça foi a inserção no mercado de trabalho: como me colocar, como ser reconhecida, como chegariam até mim?
Com essa segunda questão, um segundo desafio se colocou: Como organizar minha rede de encaminhamentos? A partir disso, tantas eram as dúvidas, especialmente em como mostrar meu trabalho e entender o uso de recursos de divulgação e comunicação – hoje infinitamente mais abundantes que na minha época de jovem psicóloga.
Um desafio que nunca me deixou acomodada foi a manutenção do tripé da formação, e, novamente, uma outra dúvida: Como sustentar esse tripé com uma clínica tão incipiente? A questão financeira é realmente uma preocupação bastante grande no início.
Entretanto, deixa eu te perguntar uma coisa: O que é início para você?
E esse foi um ponto fundamental para eu entender como eu trabalharia a partir dos desafios de ser uma jovem e não tão jovem profissional da saúde mental. Quando falamos em início de carreira na nossa área, estamos falando de muitos anos – sim, eu sei que não te contaram isso na faculdade! Eu sei que você pensou que início se referia ao primeiro ano, talvez segundo. Contudo, não. Início de carreira na área da psicologia e psicanálise são muitos primeiros anos de trabalho, no qual nosso investimento muitas vezes é substancialmente maior do que temos como retorno direto. E por mais que possa parecer difícil e sem sentido, esse é um caminho sólido.
Abrir mão de uma certa arrogância e soberba, a qual pode somente estar revestindo uma franca insegurança muito típica desse momento, pode ser um desafio muito complexo e pouco consciente. Essa postura faz com que deixemos de fazer perguntas importantes e pedir ajuda, quando precisamos genuinamente dela. E no fim das contas, estamos falando de sentir vergonha. Corremos, corremos e cairmos em sentimentos marcadamente infantis, os quais ainda nos regem de maneira inconsciente.
Quando entendi o que era início – talvez esse tenha sido meu principal desafio – as coisas começaram a ser diferentes para mim: quer seja na forma como eu me entendia na profissão, quer seja na maneira como me engajei ainda mais na minha formação e com isso, as demais questões acima citadas, aos poucos foram tomando menos tempo do meu dia, e a escuta de pacientes preenchendo mais.
Com quais desses perrengues você se identificou?
Há uma série bastante conhecida e já antiga na qual a personagem principal se chama Carrie. O cerne da série, em tese, seria a busca pelo amor. Em tese. Fiquei escutando algumas pessoas, pensando e já vi vários episódios dessa série em diferentes momentos da minha vida e mais recentemente, percebi o quanto a personagem Carrie é uma pessoa extremamente egocêntrica, insegura e, inevitavelmente, egoísta.
A série não é sobre o amor. É uma amostra de como uma pessoa se conecta com outras, amigas no caso, e faz com que todas as questões fiquem centradas em si mesmas, o tempo todo.
E se pensarmos: “Ok, mas é só uma série! É ficção!”.
Na prática, na vida “real”, será curiosamente fácil achar muitas Carries por aí – ou quem viva com o que brinco aqui de Síndrome de Carrie B.
As situações são corriqueiras, mas vão lesando os laços. A falta de investimento enfraquece o vínculo, e, com isso, esvazia o sentido da relação. Quem se mantém nesse tipo de relação, está funcionando de maneira dependente e submissa, perdendo a condição de ser espontâneo e com isso, humano: ou seja, há de se ter espaços verdadeiros para as pessoas dentro de uma relação, seja ela de amizade, seja ela amorosa.
Onde prevalece um, o resto é escada – está ali para que um outro a ase para ascender, subir, aparecer. Há quem queira ser escada? Sem dúvida. Quem precise ser escada? Certamente. Há muitas e muitas formas de construir relacionamentos e tentativas de vínculos. Na série em questão, as amigas se prestavam a isso todas as temporadas, incansavelmente. Primeiramente, o roteiro as obrigava, ponto pacífico e pobre em discussão; em segundo, porque reflete um funcionamento que não é incomum nas relações. E o que se busca enxergar ou sentir nas séries ou filmes as quais assistimos diariamente? Algo que nos inquieta, mas que é estranhamente familiar.
O que é estranho e familiar na série ou filme que você vê nesse momento?
Saudade é aquele pedacinho do passado que pode ter cheiro de mato, som de grilo e olhos maduros.
Quando meu pai morreu eu estava escutando uma paciente com todo meu coração e ouvidos, e com toda a condição que eu tinha de esquecer de mim mesma naquela hora. Eu sabia que as coisas não estavam bem com ele. Eu sabia que as coisas não iriam ficar bem _ assim, como não ficaram e até hoje, são dolorosamente diferentes e com um vazio que dói todos os dias.
Quando meu pai morreu eu estava trabalhando. Eu sou psicóloga.
Eu trabalho escutando a dor dos outros e tantas vezes escutei frases semelhantes a “você não entende a dor que sinto”. É uma afirmação justa. Ninguém é capaz de sentir o que o outro sente. É verdade. Justamente no dia e na hora mais dura que a vida me impôs, estava eu escutando.
Escutei com todas as minhas possibilidades.
Hoje entendo tanto meu trabalho. Entendo tanto o quanto é preciso deixar de se escutar para poder dar espaço para o outro; entendo tanto que meu trabalho é tão delicado e é tão precioso: consigo sentir o humano que existe em mim e o reconheço nas outras pessoas. A dor por si só não me fez melhor e duvido que simplesmente faça alguém melhor. É sobre o que se FAZ com ela.
A dor me fez entender com muito mais profundidade o respeito que tenho pelo meu trabalho.
A dor me fez estar mais presente do que eu supus poder estar. Ela alargou meus limites.
A dor me faz escutar com ouvidos, olhos, empatia e presença todas as histórias que chegam para mim, sem julgamentos, sem comparar dores ou intensidades. A dor é sua, e ela dói. Isso basta.
Quando meu pai morreu e eu soube de maneira oficial, eu não pude mais. Eu pedi para encarrar a sessão do meu paciente quase sem segurar o desespero que estava arrebentando meu peito e meu rosto.
Depois que meu pai morreu, voltei a atender ainda na mesma semana. Algumas coisas não quis retomar de imediato, mas as sessões dos meus pacientes, sim. A mãe de uma miúda mandou uma mensagem, perguntando-me se eu estava bem e se voltaria a atender ainda aquela semana. Respondi que, sim. E ela, “se você acha que isso é o melhor para você, nós também achamos, estaremos aí.”.
Aprendi com a minha dor que cuidado vem de todos os lados. Inclusive quando o paciente deixa ser escutado por você. Cuidei de outras pessoas, cuidei de miúdos e miúdas, e sem querer, eles me deram chance de eu seguir e, a cada dia, compreender com todo meu corpo, que minha profissão é sobre pessoas, é sobre o que as faz gente, o que as faz chorar, o que se perde, e o que se escolhe. Eu escolho ser uma profissional da psicologia e da psicanálise – da alma, do inconsciente, da escuta, dos encontros.
Poder estar presente, paradoxalmente, foi o que aprendi quando perdi um pedaço. Meu trabalho também é sobre presença: uma forma de cuidado que é sutil e vital.
Minha profissão é tão humana quanto qualquer um de nós. E a dor está sempre presente. De um lado, ou de outro.
Texto escrito dia 02 de Fevereiro, ao som de Pedro Guará de José Cláudio Machado;
Era uma vez um menino que queria saber o que vinha depois do felizes para sempre!!
Por que os contos, estórias e a fantasia são tão importantes?
Porque elas promovem acesso a um mundo de magia no qual, há conteúdos inconscientes os quais podem ser abordados de maneira menos assustadora, por que?
Porque é de faz de conta, moça!!
As crianças irão, aos poucos, descobrindo através de suas próprias experiências e trocas o que faz parte dos sonhos e o que faz parte de uma realidade externa.
Mas, acreditar no que é mágico é fundamental para o desenvolvimento da criatividade, dos laços sociais, da transmissão da cultura e da capacidade cognitiva do miúdo.
Além disso, os contos e estórias se prestam como ferramentas lindas e relevantes para dar conta de momentos emocionalmente difíceis. Para isso, basta observar quantos escritores nasceram a partir dos leitores infantis que foram.
E se viveremos felizes para sempre?
É provável que não: é provável que tenhamos dificuldades, que haverá um ou outro momento de dor. Mas, na fantasia, nas historinhas infantis, as saídas esperançosas é o que nos ensina, desde miúdos, a acreditar e a seguir lindamente uma vida plena de afetos e experiências!🧡🙏
O que os pais querem para seus filhos é um imperativo muito forte na vida dos rebentos! Essas expectativas são traduzidas pelo comportamento verbal e não verbal, ou seja, pelo que é dito e principalmente pelo que não é dito.
.
.
.
Quando os pais comentam sobre a aparência física do filho, suas habilidades ou suas relações, eles estão colocando em jogo o que esperam. Isso é sempre assim!
.
.
.
O que importa é um equilíbrio aí: entre investir os filhos para que eles cresçam seguros das suas escolhas e de quem são, e, o espaço para que essas escolhas sejam criativas, espontâneas e assim, singulares.
.
.
.
Quando isso não acontece os pequenos são atropelados pelos desejos não realizados dos pais, pelas suas frustrações ou pelos seus ideias impossíveis.
Querer é fundamental!
Querer por ou pelos filhos, é demais.
Essa pergunta é bastante típica nessa época do ano, não é?
Embora um pouco behaviorista (Piada interna!!!!), a questão “você se comportou bem?” sempre vem a tona no mês do bom velhinho. Hoje, a lógica que se emprega às crianças, proponho que aplique aos adultos, à todos nós.
Quero propor que pensemos em que tipo de pessoas fomos nesse ano tão cheio de desafios e singularidades. Quais coisas fizemos? O que fizemos por nós mesmos e pelo outro? Será que conseguimos, de verdade, olhar para o outro?
Penso que não tem quem discorde que 2020 foi um ano absolutamente atípico – e ruim, em muitos sentidos! Mas, como todo ano, ele foi feito e vivido por nós, por nossas ações e nossas escolhas. E são essas escolhas – as escolhas da vida adulta – que colocam em marcha o que hoje vemos como nossa realidade: um mundo submetido a uma pandemia, isolamento, aquecimento global e uma desigualdade social assustadora.
E quando se pode fazer escolhas, quais escolhas foram feitas:
#Quando você pôde ficar isolado, você ficou?
#Quando você foi votar, você sabia em que proposta estava votando (que mundo escolhia)?
#Quando foi orientado que usasse máscara, você a usou?
#Quando foi possível se ver sem adereços ou disfarces, você se enxergou?