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Bibiana Malgarim

Desejo para mais um ano

 

Gostaria de desejar mais um ano para todos nós! Um ano, que possivelmente, não será tão diferente de 2013, ou de todos os outros que já passaram, mas que por alguma razão tendemos a acreditar fervorosamente que será inédito em todos os sentidos!

Certamente você acordará no dia 02 e ao levantar-se fará exatamente a mesma rotina de todos os outros dias, e enfim, irá trabalhar (caso você não esteja de férias, e se estiver, é só esperar acabar para comprovar) e no trabalho todas as mesmíssimas coisas de sempre estarão a espera. Quando o dia de trabalho findar, você tem opções de fazer coisas diferentes, mas provavelmente vá voltar correndo para casa porque não suporta esse calor que anda fazendo.

E assim os dias e dias passarão deste novo ano.

Pareceu um tanto pessimista? Eu diria que não, penso que isso é realista: Eu sei, você sabe.

Porém, pensar que nada pode mudar é tão extremista quanto pensar que tudo será diferente. O que muda então na virada de ano? Por que esse desejo intenso de que o ano que se abre será tão diferente? Parece-me que essa expectativa, ou desejo, é na verdade uma tentativa de  mantermos a perspectiva de que a vida e suas rotinas podem – e no caso da virada de ano – ser diferentes, e para melhor.Parece-me uma forma de se manter “ancorado” numa busca incessante, incansável – justa e autêntica a todos nós!

O que deveria mudar não é o em torno, o externo, somos nós. Nós, internamente, temos a condição de mudar essa perspectiva ainda que façamos as mesmas coisas em vários dias do ano e de nossas vidas. O que pode ser visto e sentido, pode ser experimentado através de outras lentes, e isso muda tudo.

Então, desejo um 2014 para todos nós no qual nós sejamos a novidade do ano – ainda que tudo pareça igual!

Abraços a todos!!

O andador e suas polêmicas

Por que razão há tanta polêmica sobre este objeto, o andador?

Porque realmente é um objeto controverso e isso é um fato para muitas áreas da saúde, as quais trabalham com a infância e para os pais dos pequenos.

Algumas sociedades de profissionais não só assumem publicamente que são contra o andador, como também promovem campanhas ou ações contra o uso do mesmo. Dentistas, pediatras, fisioterapeutas e psicólogos em sua grande maioria representam essa parcela de profissionais que “votam” contra o uso do objeto.

O que tem o andador de negativo? Realmente há muitos fatores, como os casos de quedas importantes e situações como lesões e quebra de dentes, por exemplo. Psicologicamente, o andador pode acabar, inversamente ao que se pretende, não estimulando apropriadamente a aquisição da segurança na exploração do ambiente para a criança.

Proibir é uma opção como a Sociedade Brasileira de Pediatria solicitou a justiça? Possivelmente, pois se trata de um objeto com normas de segurança imprecisas e que comprovadamente geram lesões em crianças. Entretanto, ainda assim entendo que é importante pensar a serviço do que os pais e cuidadores fazem uso do andador e se, em como diversos exemplos no Brasil podem demonstrar diariamente, não ocorrerá de haver andadores “piratas” mais baratos, mais perigosos disponibilizados por aí!

Matéria na Revista Nex Day: Mil Histórias para Sonhar

Nex Day Revsita fig. capa

 

Nesse mês a Revista Nex Day publicou a matéria “Mil Histórias para Sonhar: No mundo de Faz de Conta” que aborda a questão das estórias infantis e contos por diversos pontos de vistas, incluindo o meu, como psicóloga infantil.

Na matéria aponto que os contos infantis possuem uma importância bem significativa para o desenvolvimento infantil, isso em função de os mesmos são equivalentes a “pontes” entre o mundo interno das crianças (fantasia e realidade interna) e o externo (pais e pessoas reais, situações reais de ansiedade e de desenvolvimento esperado).

Os contos ou fábulas podem ser entendidos como uma forma de acesso controlado e seguro, e ainda, possibilita a vazão de aspectos não toleráveis socialmente, como citado acima: “é o João e a Maria que mataram a bruxa num caldeirão de água fervente, não tem nada a ver comigo, embora ache muito legal a estória e queira a ouvir diversas vezes.”.

Ainda podemos dizer não é preciso haver uma “moral” explícita para que cause impacto sob a forma de registros na criança, isso porque estamos falando de conteú
dos predominantemente inconscientes.

A possibilidade de transitar por esse mundo de faz de conta diz do quanto a criança possui uma flexibilidade criativa, o que pode nos falar do seu potencial de saúde. Para crianças o “fazer de conta” deveria ser algo natural.  Aos poucos, com o amadurecimento e a inserção cada vez mais intensa nas questões relativas a idade adulta, as crianças vão descobrindo através de sua própria experiência e trocas com os pares, o que diz respeito a ordem da fantasia e o diz respeito a realidade. Logo, essa descoberta deveria ser algo natural, evitando quebra abruptas. Entretanto, podemos afirmar que há consenso entre os especia

lista que não existe fórmula para isso.

Confiram a matéria completa na Revista, na qual inclusive consta partes originais  do texto acima (Referência: Revista Nex Day, 9ª Ed. , ano 2013 ).

REvsita Nex Day

 

Filhos: melhor não tê-los, mas se não os temos, como sabê-lo?

Já dizia o poeta:

“Filhos… Filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?” (Vinícuis de Moraes)

 

 Embora ninguém possa desautorizar as palavras eternizadas do poeta, e muitos de nós concordemos com elas, já parece não ser consenso a necessidade aparentemente inerente do ser humano em ter filhos. Ainda, parece que a “necessidade” implícita na poesia também já não vigora mais com dominância suficiente para não ser ao menos questionada.

 

No jornal Zero Hora desse domingo (20 de outubro de 2013) em uma extensa reportagem mulheres, em sua maioria, mencionaram no texto seu não desejo pela maternidade e o que as levaram a esse posicionamento, aparentemente tão avesso ao que se espera de mulheres e casais maduros (em vários sentidos). Os argumentos são diversos, assim como as citações de estudos sobre a razão pela qual não ter filhos ou tê-los seria importante, bom ou ruim. O fato, aparente ao menos, é que esses sujeitos que optam por uma vida sem prole cresce e demanda mais espaço para essa nova forma de se constituir como família ou como forma de desejo autorizada socialmente.

 

Uma das colocações me chama especial atenção, referindo-me a um depoimento de uma mulher que optou por não ter filhos em sua relação, disse ela, mais ou menos nessas palavras: “Não há vazio a ser preenchido.” Essa frase me despertou atenção não somente por ser direcionada a ter ou não filhos, e o destino a que muitos desses filhos parecem destinados nas suas histórias familiares: sanar o vazio de existências incompletas. Chama-me a atenção de forma ampla: como nós, como sujeitos e sociedade, depositamos em um outro nossas expectativas de completar as nossas vidas, as quais, possivelmente, inadvertidamente, não conseguimos por nós mesmos. Isso vale para filhos, maridos, esposas, parceiros, amigos, amigas, parentes.

 

Ao contrário de uma postura narcísica, na qual através de um egocentrismo tortuoso, o sujeito se basta, pensei na perspectiva do sujeito não prescindir do outro necessariamente, mas não utiliza-los para tamponar buracos cavados somente a duas mãos, na maior parte dos casos. Não se trata de preencher vazios, trata-se de abrir novos espaços. Quando se quer colocar alguém em algum lugar vazio, é porque já havia espaço predestinado. Se há esse espaço, há uma configuração à espera. Com ela a expectativa inerente e a frustração logo adiante. Preencher vazios é como oferecer o já usado, o que sobrou, o já instalado, o lugar empoeirado. Construir espaços me parece diferente, mais próximo do que os sujeitos podem ser uns em relação aos outros, mais genuíno, onde até a poeira é diferente: porque ela surge da ação, não do vazio.

Dia das Crianças

Nesse dia das crianças o Blog Conversa de Gente Miúda deseja um super feliz dia das crianças!!
Lembrando que, criança deve ser criança, tanto nos direitos quanto espaços, e adultos devem fazer o devido contraponto, sendo genuinamente, adultos!

Feliz dia das crianças para todos!!

Filmes: Variações sobre o mesmo tema!

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Nesse final de semana assisti a dois filmes: O lado bom da vida e Terapia de Risco. Embora ambos tragam em seus contextos questões vinculadas a doença, saúde mental, medicações e relacionamentos, a proposta de ambos é distinta, mas não menos interessante, tanto um quanto outro.

O primeiro, no estilo dramédia, tangencia a medida da delicadeza e da angústia que é presenciar a retoma do curso da vida após situações intensas de sofrimento. Já no segundo filme, estilo suspense, é posto para o expectador a justa expectativa de compreender quem é o vilão – a indústria farmacêutica? – e quem é o mocinho – o psiquiatra?.

Confiram!

Dia 27 de Agosto: Dia do Psicólogo

Hoje, no dia em que comemoramos o dia do Psicólogo, além de parabenizar os colegas psicólogos, gostaria de expressar meu desejo pelo sucesso no caminho dos estudantes que hoje se preparam para exercer essa profissão, que longe de ser fácil, simples ou pouco trabalhosa, nos surpreende diariamente através da prática!

 

Esse tema é tão interessante para mim que já escrevi aqui no Blog sobre questões que norteiam a construção da identidade profissional na nossa área. Sendo assim, dedico a todos vocês, colegas e futuros colegas, um texto que gosto muito e ao qual fui apresentada por uma das grandes mestres que tive,  Joyce Goldstein, que chama-se “Fora um dinossauro, o que é que tu queres ser quando cresce?: recomendações a um jovem psicoterapeuta”. Dele, em especial tomo emprestado um trecho que faz referência a um grande teórico, Donald Winnicott, segue:

 

” O trabalho não pode ser tão absorvente que afaste o terapeuta da vida: é preciso haver tempo para pensar, sentir e viver. […] Estar dentro do curso da vida é o objetivo de todos os seres humanos, no caso do terapeuta, porém, trata-se de uma obrigação profissional.”

 

Parabéns pelo nosso dia e obrigada a todos os meus mestres!!!

 

O Brincar e o Desenvolvimento Infantil

bebe e chocalho

 

 

Semana passada (dia 23 de agosto de 2013) fui convidada a falar em um seminário promovido pelo Programa Primeira Infância Melhor sobre o Brincar e o Desenvolvimento Infantil, temática já abordada aqui no Blog, e que retomo dada a sua importância no desenvolvimento infantil e nas implicações que o processo / ato pode ter na família.

O brincar possui influencia em múltiplas áreas do desenvolvimento da criança, assim como pode ser utilizado como uma ferramenta de intervenção de áreas quando o enfoque é na família e na criança.  Do ponto de vista psicológico, o brincar pode ser entendido como o que constitui o fundamento da cultura, ou seja, fornece uma espécie de molde para as relações futuras, com o mundo, com os demais sujeitos e consigo mesmo.

O brincar para a criança é compreendido como um ato repleto de significados, é uma atividade comprometida, até poderíamos dizer, séria – assim, como várias atividades para os adultos – e sendo assim comporta em si a possibilidade de transformar sua realizada interna, ou seja, através do brinquedo a criança pode “achar soluções” para suas angústias, repetindo situações de prazer ou de desprazer.

Logo, dessa perspectiva em especial, notamos que os bebês possuem formas de brincar bem típicas e esperadas para determinadas faixas etárias, vejamos algumas até o primeiro ano de vida do bebê:

  • Do primeiro ao sexto mês do bebê, sua atenção está quase que totalmente focada na figura materna: a exploração do corpo dessa pessoa através do cheiro, do tato, do sabor da pele (amamentação), dos tons da voz irão fomentando esse mundo interno de fantasias, enriquecendo o bebê;

 

  • É fundamental que a pele da mãe esteja em contato com a do bebê: só gradativamente deve ir se afastando e cedendo espaço para as demais atividades, dentre elas o brincar propriamente dito;

 

  • Especificamente entre o 3º e o 4º mês do bebê há uma clara maturação desse sujeito: suas capacidades fisiológicas estão mais aguçadas e psiquicamente a criança começa a ter uma noção de integralidade das coisas (objetos): como por exemplo, a mãe é uma pessoa diferente dele, boa e má ao mesmo tempo. Nesse mesmo período há o primeiro brincar propriamente dito, a atividade lúdica tem seu início: brinca de se esconder com os lençóis, paninhos ou cobertas, buscando elaborar a angústia do desprendimento – o objeto mãe passa a ter a característica de “poder ser perdido” (quando não o vejo): é o brincar de perder e achar. Brinca com o seu próprio corpo e objetos circundantes: balbucios, por exemplo;

 

Percebemos aqui que o Chocalho é o brinquedo que mais chama atenção do bebê: o chocalho e a palavra passam a ser alvo de atenção: o som aparece e desaparece;

 

  • Ente o 4º e o 6º mês os sons tomam mais intensidade e percebe-se que a brincadeira fica centrada no jogar os brinquedos para o chão esperando que os mesmos sejam devolvidos, aprimorando sua capacidade de experimentar o poder de perder e recuperar o que ama – embora, para o adulto seja extenuante esse jogo!

 

Nessa época, a criança exige mais dos pais, da sua presença concreta, isso porque paradoxalmente encontrou a via de elaborar suas angústias de separação/perda; O pai entra em jogo também – sua presença passa a ser muito relevante (o pai vem se colocar como um terceiro nessa relação e concomitantemente reforça-la);

 

 

  • Aos 6 meses um novo interesse lúdico surge: brinquedos que são ocos: tirar e botar – esse grande descobrimento vem a ser, na fase adulta, a forma como manifestará o amor: entrar e sair de alguém, dar, receber, unir-se ou separar-se. Aqui, os objetos prediletos passam a ser de tamanho pequeno. O brincar passa, gradativamente, do seu corpo para objetos inanimados, entretanto, nessa fase tudo deve servir para tirar e pôr, unir e separar;

 

  • Entre os 8 a 12 meses a questão da sexualidade toma a cena e meninos e meninas passam a explorar esses conteúdos nas suas brincadeiras. A exploração do ambiente é mais intensa, uma vez que os bebês já engatinham e alguns já colocam-se em pé, afastando de forma voluntária;

 

O símbolo da sua capacidade criadora passa a ser o que seu corpo mesmo produz: urina e fezes. Embora, não possa brincar com isso, uma vez que os adultos não permitem, outros elementos serão utilizados como substitutos permitidos: areia, massa de modelar, argila. Nessa fase os tambores e bolas emergem como brinquedos mais interessantes. O tambor simboliza algo do materno e da comunicação, além de ser satisfatório em termos de descarga motora – tendências agressivas.

 

Referência para Pesquisa:

Aberastury, A. Acriança e seus jogos. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.20130826_172701

 

 

Agenda

Nessa sexta-feira (23 de agosto de 2013)  falarei sobre o processo de desenvolvimento da criança e suas profundas articulações com o Brincar no V Encontro Municipal de Porto Alegre, RS.

 

Afinal, brincar é coisa “séria”! O tema é tão relevante para a infância e para a prática dos profissionais que trabalham com crianças que já discutimos essas questões aqui no Blog algumas vezes, confira abaixo:

http://conversadegentemiuda.wordpress.com/2011/08/05/com-que-seu-filho-brinca/

http://conversadegentemiuda.wordpress.com/2011/08/04/e-brincando-que-a-gente-se-entende/

 

 

Após essa fala, postarei novas contribuições sobre o ato do brincar no Blog!

Até mais!

 

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