Compartilho aqui no Blog o discurso que fiz para minhas afilhadas e meus afilhados no dia 13 de janeiro de 2018. É realmente especial fazer parte desse momento, e embora as palavras não representem com toda a intensidade o momento, elas ajudam a dar um suave contorno ao afeto que foi dividido nessa noite tão especial, na qual 41 novos colegas foram apresentados! Segue:
“Pensei tanto no que dizer para vocês nesse momento e teria tanto para dizer, mas ao mesmo tempo o que é preciso ser dito em um dia como esse no qual as palavras pouco fazer jus à intensidade desse momento de hoje? Certamente o mais importante eu e meus colegas já mostramos para vocês nas nossas pequenas ações diárias – e elas são (e serão) o mais importante com certeza que levarão de nós em cada um de vocês: nossas ações, mais que nossas palavras.
Há tantos conselhos, há tantas orientações, há tantas dicas. Inevitavelmente, me peguei pensando no meu percurso como psicóloga e lembrei de tantas coisas que me disseram para fazer, como fazer. Tantas pessoas que te querem tão bem expressando o desejo de que você faça isso ou faça aquilo. Isso pode ser bastante confuso!
Nós já dissemos tantas coisas para vocês! Não é?
Então, pensei em dizer as minhas afilhadas e aos meus afilhados algumas coisas que desejo que vocês NÃO façam:
Desejo que não fiquem indiferentes a palavra do outro; que não descuidem das belezas que os detalhes recobrem, nem das sutilezas que as relações solicitam.
Não desanimem, não desacreditem, não deixem de sentir o que precisam sentir em cada momento.
Não corram demais, as aventuras e descobertas virão no tempo de cada um. Não descuidem do caminho: ele precisa de cuidado para ser percorrido, de respeito, paciência e uma boa quantidade de dedicação.
Não creiam demais, é preciso duvidar para crescer.
Não deixem de experimentar: o desconhecido, o antigo, o novo, o gosto, o beijo, o adeus, um recomeço, um novo dia.
Não ignorem o que os rodeia: o conhecimento, as amizades, a espontaneidade do gesto.
Não sejam mesquinhos com vocês mesmos: sejam generosos com os erros, sejam corteses com os deslizes e riam – bastante, e se der, alto.
Ah, fundamentalmente, não se esqueçam de rir de vocês mesmos – se levar a sério demais é enfadonho. Bom humor não é o oposto de seriedade e comprometimento.
Não evitem a saudades, ela nos torna mais humanos – mas, não deixem de apreciar o presente e de investir e buscar o que está por vir.
Não deixem de voar, não esqueçam de descansar, não evitem de parar e, sempre, não deixem de continuar.
Não se desesperem, há sempre com quem contar: olhe par ao lado ( para seus colegas); olhe para frente (aos pais e amigos); e olhem para trás (a nós professores). Mas, também não se omitam.
Estaremos sempre juntos de alguma forma!
Finalmente, tomo algumas palavras emprestadas do bom velhinho, mas que representam com perfeição o que quero dizer para vocês nesse momento :
“ Como poderia esquecer de falar sobre a técnica da arte de viver? Ela se faz visível por uma notável combinação de aspectos característicos. Naturalmente, visa também a tornar o indivíduo independente do destino e, para esse fim, localiza a satisfação em processos mentais internos […]. A libido não volta as costas ao mundo externo: ao contrário, prende-se aos objetos pertencentes a esse mundo e obtém felicidade de um relacionamento emocional com eles. Estou falando da modalidade de vida que faz do amor o centro de tudo.” (Freud, 1930, p.89).
A felicidade exige uma aposta grande, então apostem alto – tão alto quanto julgarem que merecem. Há um caminho enorme pela frente, posto que um pedaço lindo dele já foi cumprido até o momento. Mas eu digo para vocês de todo coração: Não economizem com o caminho de vocês porque será somente através dele que vocês se tornarão o que almejam.”