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adminBibianaMalgarim

Final de 2011

Olá pessoal,

Hoje minha escrita é mais pessoal e dirigida a todos nós!

O ano de 2011 está acabando e agora é acolher o próximo ano! No início de 2011 comecei esse blog e foi muito gostoso trabalhar nele durante esses meses. Ao mesmo tempo em que abri um espaço pessoal para escrever algumas idéias, alguns pensamentos, algumas palavras, é importante ter clareza do quanto isso pode representar para as pessoas que leram esses pequenos artigos e da responsabilidade sobre o que se diz. Na internet não é raro encontrarmos alardes sobre muitos assuntos e opiniões ásperas, infundadas ou simplesmente equivocadas, mas o que me chama mais atenção é a ausência de responsabilidade sobre o que se escreve de maneira tão pública como são esses registros virtuais.

Sendo assim, espero que algumas coisas que foram postadas aqui tenham servido para algo: informar, mobilizar, inquietar, acolher, fazer rir ou fazer pensar.

Desejo a todos nós um 2012 excelente, cheio de palavras, conversas, boas risadas, boas amizades, bons abraços e incríveis realizações!

Venha 2012!

A Construção da Identidade do Jovem Psicoterapeuta: Uma breve incursão pelos escritos de Freud

A escritora gaúcha Lya Luft já disse: é preciso se achar o tom.

O tom da “nossa linguagem, da nossa arte, e – isso vale para qualquer pessoa – o tom da nossa vida. Em que tom a queremos viver? (não perguntei como somos condenados a viver.)” (2003, p.14).  Continua arrebatando com suas palavras e nos remetendo a pensar: o fato de sermos os próprios afinadores e artistas que buscam seu equilíbrio, seu tom.

Utilizando-se dessa incrível escrita de Luft (2003) a metáfora se torna simples – possivelmente, até demais – ao lançar-se a questão do jovem psicólogo que busca construir uma identidade profissional: qual é o seu tom?

Logo nos primórdios da teorização freudiana já era situado a importância do terapeuta no processo psicoterápico, sendo isso revelado em seu artigo “Sobre a Psicoterapia” (1904), no qual o autor – Freud –, cita: “doenças não são curadas pelo medicamento, mas pelo médico, ou seja, pela personalidade do médico, na medida em que através dela ele exerce uma influência psíquica.” (Freud, 1904).

Posteriormente, o autor em seu artigo “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise” começa (ou continua) a trilhar os caminhos sobre a técnica que deveria ser seguida, isto é, tenta situar as habilidades e necessidades que um terapeuta deveria ter para o exercício da psicanálise, pontos estes que serão mais tarde amplamente discutidos por diversos estudiosos respeitáveis.

Dentre as regras básicas que Freud (1912) expõem, tem-se a princípio uma das questões fundamentais dentro da psicanálise: a atenção flutuante. Ou seja, é a capacidade de escuta que o analista deve ter não privilegiando a priori qualquer elemento do discurso do paciente, o que implica em deixar seu próprio inconsciente livremente trabalhando e deixar de lado as motivações pessoais que dirigem sua atenção.

Relevante também nesse mesmo texto freudiano é a questão da “ambição terapêutica” (Freud, 1912, p.128), isto é, a busca pela produção de efeitos sobre seu paciente de maneira inadequada (por exemplo, excessivamente rápido, não respeitando o tempo que o paciente precisa), da mesma forma como coloca a questão da “ambição educativa” (Freud, 1912, p.132) em que o terapeuta busca incrementar as intervenções com incentivos à sublimação sem levar em conta o desejo ou a possibilidade de seu paciente realizar tal feito. Ambas as ambições não levam a um resultado positivo ou produtivo de fato, sendo claramente desaconselhadas por Freud (1912).

Finalmente, outro ponto a ser pensado devido a sua importância é o que Freud (1912) postula como a capacidade do terapeuta voltar seu próprio inconsciente, “como órgão receptor” (Freud, 1912, p.129), na direção do inconsciente do paciente, ou seja, o par deve estar sintonizado, um disposto a colocar-se a serviço da escuta e análise e outro da fala e processamento. Para isso, surge mais um ponto fundamental: a preparação desse terapeuta através de sua própria análise.

Todos esses pontos assinalados pelo Pai da Psicanálise são, até hoje, fundamentais na formação dos psicoterapeutas, porque tão importante quanto a técnica em si, é o profissional sentir-se habilitado para executar a tarefa única que é ser psicoterapeuta. Ainda, salienta-se que após Freud outros teóricos contribuíram de maneira substancial e singular nesse quesito, tais como Antonino Ferro, David Zimerman e Contardo Calligaris, para citar alguns exemplos atuais.

E então, já foi possível achar o seu tom?

Referência:

Freud, Sigmund. (1901-1905). Um caso de histeria Três Ensaios sobre a sexualidade e Outros trabalhos. Vol. VII. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

_____________. (1911-1913). O caso de Schreber Artigos sobre a Técnica e Outros trabalhos. Vol. XII. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

Luft, Lya (2003) 3a ed.. Perdas & Ganhos. Rio de Janeiro: Record.

Um conto… de faz de conta…

Olhando para o alto, como se olhasse para um arranha-céu, enquanto caminhávamos pela calçada com uma falsa displicência, fincou suas palavras no ar:

“_ Nunca vi uma loira de cabelo preto!”

Em um primeiro momento, olhei para a pequena mão que se perdia na minha, segui pelo braço – como o braço de uma boneca grande – e cheguei ao seu rostinho miúdo. Não sabia ao certo se era para rir naquele momento. Acabei rindo da observação que soou tão peculiar e impensável para mim.

A pequena não entendeu minhas risadas. Estava na cara que não compreendia. Simplesmente o que não compreendia era a razão da graça em função da sua constatação, a qual era tão séria e pautada pela sua experiência de quase cinco anos de vida. Inevitavelmente tentei pensar o que eu nunca havia visto. Pensei tantas coisas, mas absolutamente tão lógicas e com olhos tão acostumados. Senti-me previsível de dar enjôo.

Afinal entendi: o assombro de nossos olhos diminui significativamente com o passar dos anos – o tempo não ajuda a ficarmos mais espertos ao que acontece ao redor; os olhos se acostumam como se fossem marginais à própria ignorância.

Nunca vi uma loira de cabelo preto?

Fui obrigada a concordar com ela, olhando para o rostinho que encarava fortemente minha expressão quase que perdida: eu também nunca havia visto uma loira de cabelo preto. Ou tinha?

Não ri mais.

Agenda

Em Santa Maria: Nessa semana concluiremos o Curso de Psicopatologia Infantil na ULBRA de Santa Maria, sendo que os temas serão abordados incluirão os quadros de depressão na infância e outras situações de sofrimento.

Em Santiago (25/Novembro): Curso de Psicopatologia Infantil e Prática Clínica.

EM DEZEMBRO  (Porto Alegre)

Palestra no Instituto de Terapias Integradas (ITI) em Porto Alegre:

Apresentação da Dissertação de Mestrado, cuja pesquisa foi centrada no tema “Abuso Sexual Infantil”.

Psicopatologia Infantil: entre a saúde e a adaptação

            O termo “psicopatologia” é por si só uma palavra revista de peso e, por conseguinte, geralmente é visto por muitos com certa desconfiança. Agregando-se a isso, a psicopatologia da infância especificamente solicita ainda mais cuidados nas discussões.

Pensar em diagnósticos na infância quando se fala da perspectiva da psicanálise é quase um contracenso. Não que a avaliação do caso ou o levantamento de pontos de ansiedade e sofrimento não sejam de extrema relevância, contudo a clínica psicanalítica infantil não busca trabalhar em cima de diagnósticos e sequer está detida em descrever listas sintomáticas.

A idéia de muitos psicanalistas infantis é trabalhar a partir de pontos de convergência do funcionamento da criança, buscando compreender como essa dinâmica está organizada no contexto familiar e que sentidos podemos apreender disso tudo. Essa conjunção de dados e fatores certamente oferecerá ao profissional um contorno para o caso daquele paciente, contudo o que mais interessará é como aquele contorno foi montado e como é utilizado.

Sempre é relevante relembrar que, ainda que se fale de sintomas ou até mesmo de quadros mais sistematizados de funcionamentos de personalidades – o que entre as áreas do conhecimento chama-se de diagnóstico – as crianças se encontram em um estado de desenvolvimento e isso deve ser entendido como potencial para novos arranjos para essa personalidade.

 

 

Bibiana G. Malgarim

Psicóloga – 07/13403

Especialista e Mestre em Clínica Infantil

Curso de Psicopatologia: é essa semana!

Nessa semana, sexta-feira (11 / novembro), darei início ao Curso de Extensão sobre Psicopatologia Infantil na ULBRA de Santa Maria.

Esse curso foi planejado desde o início do ano e tem como propósito oferecer aos acadêmicos uma possibilidade de aprofundar seus conhecimentos na área da clínica infantil. É importante salientar que, quando fala-se em Psicopatologia Infantil também se está falando no seu contraponto: a saúde.

O cronograma do curso pretende iniciar justamente com essa questão: o conceito de saúde e doença na clínica infantil. Após essa introdução, serão discutidos algumas situações comuns de serem vista na prática profissional.

Bom curso para nós!

O que pode acontecer em um Quarto?

 

Estou no tema “Feira do Livro” nesse momento e, portanto surge uma outra indicação de leitura, a qual faz eco à coluna da escritora Martha Medeiros no Jornal Zero Hora de hoje. O livro se chama “Quarto” da autora Emma Donoghue.

O livro me despertou atenção no aeroporto de Curitiba há um mês em um primeiro momento em virtude do seu título. Após uma leitura rápida da contracapa e uma folhada no livro eu estava cativada e, hoje percebi que o livro tem chamado atenção de mais gente por aqui. A história – a qual ainda estou descobrindo – é sobre  um menino de cinco anos e sua mãe que vivem dentro de um quarto, cativos de um sujeito que o menino chama de “velho Nick”.

A leitura tem sido muito gostosa, visto que a narração é feita pelo menino e assim, a linguagem é própria e cheia de vida, além de oferecer ao leitor a maneira pela qual uma criança pode compreender seu mundo e a sua vida. Acrescento ainda um interesse pessoal pelo livro: o conteúdo psicológico que a trama calcada na narrativa de uma criança  em uma situação de cativeiro sem que ele tenha consciência dessa situação pode oferecer, sendo que sua referência de vida passa somente por  sua mãe e um outro sujeito, o qual o menino não possui bem certeza se é real.

Mais uma vez me proponho a ver no que isso tudo vai dar!

Segundo Martha Medeiros, a leitura é convidativa e surpreendente. Tomara!

 

Clarice Lispector como meu tema na Feira do Livro (Porto Alegre)

Em um passeio pela Feira Livro de Porto Alegre e é impossível não ficar deslumbrada com aqueles corredores de livros organizados em meio a arquitetura antiga da cidade.

É um mescla inebriante que certamente contagia leitores ou visitantes.

Uma sugestão para aquisição na Feira do Livro é a biografia de Clarice Lispector. Talvez, essa seja uma sugestão que eu mesma me dei e me concedi. Isso em virtude de um artigo do blog que foi postado há um tempo, o qual fazia referência ao tema da Resiliência.

Muitos autores quando discutem a Resiliência citam como exemplo a escritora Clarice Lispector. Certamente isso se deve à sua vida, a qual foi repleta de situações consideradas de vulnerabilidade e que, posteriormente, podem ter se transformado em um terreno fértil para sua obra.

Vou ter que conferir!

Um mundo sem limites: começando a pensar sobre a homoparentalidade



            Há um livro com o título “Um mundo sem limites”, cujo autor é um psicanalista que discute de maneira cuidadosa e interessante algumas questões atuais, as quais incluem uma que captura a atenção da área frequentemente nas rodas de discussões: a função paterna.

Essa função caracteriza a possibilidade do sujeito ser apresentado ao social, internalizar as questões da cultura e, por conseguinte, organizar-se como um sujeito subjetivado pelo meio no qual se encontra inserido. A Função Paterna era razoavelmente clara no século XX na classe burguesa, entretanto houve um “remanejamento” dessa função, a qual acarretou mudanças sociais intensas: novas configurações familiares, novos quadros de sofrimento, novas possibilidades de enlace com o social, etc. Por conseguinte a família também sofreu com esse deslocamento.

Uma questão que vem ao enlace das citadas acima é a adoção de crianças por casais homoafetivos. Novas configurações familiares se organizam na pós-modernidade, por conseqüência, deduz-se que novas subjetivações irão surgir igualmente, entretanto o que a psicanálise ainda não se ocupou é buscar saber aonde chegaremos e, que espaços devem ser buscados nessas “novas” possibilidades da instituição familiar.

Alguém quer chutar?

Bibiana G. Malgarim

Psicóloga – 07/13403

Mestre em Clínica da Infância

Especialistaem Psicoterapia Psicanalíticade Crianças e Adolescente

Um assunto a ser retomado: quais são os limites? (Jornal do Almoço do dia 10 de outubro)

Essa semana – na segunda-feira (10 de outubro) estive no Jornal do Almoço em um quadro que busca responder dúvidas dos telespectadores. O tema em questão era Educação Infantil e como lidar com as crianças hoje.

Duas coisas me chamaram a atenção de maneira mais intensa:

A primeira é uma constatação em relação ao fato dos pais se encontram ansiosos e inseguros com a sua posição de educadores. E a segunda, é referente à velha questão: fazer uso de força física com crianças ou não (bater ou não?).

Em relação a primeira constatação,  é interessante pensar que na mesma proporção em que os pais se questionam e assustam-se com o fato dos filhos “não terem limites” , eles mesmos parecem estar perdidos com o que podem fazer ou não na educação dos seus filhos, inseguros com relação ao que estão “autorizados”, ou seja, parecem estar absolutamente perdidos com seus próprios limites como pais e como sujeitos. Onde acaba a função dos pais? Ou melhor, onde ela deveria começar?

No que diz respeito à questão que se arrasta para nós, se é válido bater em uma criança, parece-me que ela está intimamente articulada com a constatação anterior. Quando pensamos nessa notável dificuldade dos pais com seus papéis – e o mais relevante nesse caso: eles se sentirem à vontade com seus papéis – o uso da força física com as crianças parece ainda ser um recurso útil e lógico, na medida em que a diferença física é mais concreta e, assim, pode ser exercida com relativa “tranquilidade” visto ainda pairar certa aprovação cultural ao castigo físico.

Entretanto, quando passamos para um plano de idéias, de conceitos e de diferença de papéis a situação fica obscura, pois os pais parecem estar sentindo que suas posições dentro das famílias estão fragilizadas e postas em dúvida. Logo, esses sentimentos de insegurança alcançam suas relações com os filhos e com a sociedade através de uma questão latente: qual o meu limite como pai?

Que fique claro: é ótimo podermos pensar sobre novas formas de educar e transmitir conhecimento e afeto para os pequenos, contudo, a impressão que muitas vezes fica é que, o que se discute não é nada novo, ao contrário, é relativo a algo absolutamente tradicional: ser mãe e ser pai.

 

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