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adminBibianaMalgarim

Casa nova não é necessariamente lar

Casa nova não é necessariamente lar.

A casa nova pode ser bem nova mesmo, ou de segunda, terceira ou quarta mão. Entramos nela e nos instalamos com móveis, roupas, fotos e todas as tranqueiras que carregamos pela vida. Mas, até que essa casa nova se torne um lar, pode demorar, pode não vir, pode coincidir.

O lar é também nossa casa nova e nele entram todos essas coisas que se carrega junto, mas de quebra a gente entra junto – esse lar é aquele pedaço – pequeno ou grande – que quando se está nele, sente-se que também está em si!

Coisa boa quando casa nova coincide com lar!

Um feliz 2013 para todos e que as possibilidades desse ano novo sejam muitas!!!

DISCUTINDO OS POSSÍVEIS IMPACTOS DO ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR NA ESTRUTURAÇÃO DO APARELHO PSÍQUICO INFANTIL (Artigo Publicado)

Em uma parceria muito especial com a colega e amiga Maria Luiza Pacheco, publicamos mais um artigo cujo enfoque é a questão do abuso sexual e suas repercussões na infância. Segue o resumo do material e seu respectivo link (Revista de Psicologia Imed).

(http://seer.imed.edu.br/index.php/revistapsico/article/view/229/193)

RESUMO
O presente artigo tem como objetivo discutir os possíveis impactos do abuso sexual intrafamiliar no psiquismo infantil e, para tanto, foi utilizada como metodologia a revisão de bibliografia. Observa-se que uma violência dessa natureza desorganiza todo o funcionamento familiar, pois denuncia uma falha na organização psicológica e estrutural da família, tendo importantes repercussões no psiquismo infantil. A criança fica impossibilitada de elaborar psiquicamente as excitações despertadas pelo abuso sexual, configurando um trauma que será manifestado através de inúmeros sintomas, os quais são uma ameaça no funcionamento do psiquismo na medida em que defesas psicológicas não conseguem sustentar e nem reprimir o afluxo de excitação proveniente do ato abusivo. Considerando o material levantando, afirma-se que embora os efeitos de tal vivência possam aparecer de diversas formas, com diferentes graus de severidade e em qualquer idade da vítima, o abuso sexual infantil pode ser entendido como um propulsor para o surgimento de psicopatologias graves.

Palavras-chaves: Abuso Sexual Intrafamiliar, Funcionamento Psíquico, Psicanálise.

Quando se tem filhos, todos os dias, são dias úteis

Certo dia ouvi o seguinte comentário: “Quando se tem filhos, todos os dias são dias úteis!”. Essa frase, proferida por um pai em tom de desabafo, referia-se a um contexto no qual esse homem comentava que suas horas de sono diminuíram significativamente, finais de semana a rotina é muito parecida com todos os demais dias da semana e as responsabilidades também são as mesmas, ou seja, nessa relação – assim como em muitas outras, mas especialmente nessa – não dá para dar “dar um tempo” ou o famoso sétimo dia de descanso.

Isso e uma recente reportagem de uma revista conhecida, cuja capa trás o questionamento sobre a compatibilidade de ser feliz e ter filhos, fez-me pensar no quanto, possivelmente, esses homens e mulheres não conseguem apreender mais realisticamente o que é o processo de parentalidade e, com isso, todas as implicações que esse novo papel possui em si.

É recorrente escrevermos e falarmos sobre as dificuldades que as crianças passam em seus contextos familiares, e muito pouco, detemo-nos a refletir sobre as dificuldades dos adultos frente a essa nova função – porque a cada filho, primogênito ou não, novos espaços psíquicos se inauguram. Penso que quando nascem os filhos, nascem os pais, e esse nascer implica em toda uma transformação que acontece concomitante com o desenvolvimento dos seus pequenos rebentos. Nascer como pai e como mãe pode ser uma experiência intensa e complexa e isso começa a se tornar evidente quando as dificuldades que começam a emergir quando testemunhamos esses momentos de desabafo, os quais, muito mascarados e pouco discutidos, podem gerar – e muitas vezes, geram – olhares repreensivos sobre esses pais cansados e a partir desse olhar, culpabilizado por não sentir-se feliz integralmente com a experiência de ser pai ou ser mãe.

Factualmente, cá entre nós, não existem formas de se preparar para a experiência de parentalidade. Entretanto, quando se nasce pai e mãe, viver essa experiência emocional de uma maneira mais plena é possível e dentro disso, pensar abertamente sobre as dificuldades e as limitações afetivas e de disposição é plenamente cabível e saudável, até mesmo porque o ditado “padecer no paraíso” não deve ser mais o suficiente. Esse “paraíso” deve conseguir abarcar o gozo das funções parentais e o tal padecimento deveria ser igualmente integrado à experiência. Ou seja, as características do extremo ao paraíso, o inferno, deveriam poder conviver sem culpa dentro desses pais.

Dessa forma, talvez não devêssemos idealizar o paraíso, nem tampouco fugir do inferno, talvez a medida seja deixar os pés – e os afetos – no meio, em terra, por exemplo.

Poeminha para um sábado de novembro

Minha janela respirava.

Sempre me disseram que as janelas eram os olhos,

mas descobri que elas são os pulmões,

por onde o ar escorrega através dos espaços de persianas, furos e frestas,

E enfim, afoga-se em si.

As janelas não olham,

Elas respiram.

Bufam quando contrariadas,

E abrem-se, enfim, quando deleitadas.

Observação de Bebês e o Processo de Supervisão em Grupo: Alguns apontamentos a partir dessa experiência – Jornada de Psicologia FADERGS

Através da experiência de supervisão de Observação Pais-Bebês com os colegas Felipe Marazita, Clara dos Anjos e Luciane David e com a supervisora Elizabeth Zambrano surgiu esse trabalho, cuja apresentação acontecerá em formato de pôster na Jornada de Psicologia da FADERGS.

MALGARIM, Bibiana G. (Psicóloga, CEAPIA, professora de Psicologia da FADERGS), ANJOS, Clara (Psicóloga e CEAPIA), MARAZITA, Felipe (Psicólogo e CEAPIA), DAVID, Luciane (Psicóloga e CEAPIA), ZAMBRANO, Elizabeth (Psiquiatra, psicanalista e supervisora CEAPIA). Observação de Bebês e o Processo de Supervisão em Grupo: Alguns apontamentos a partir dessa experiência.

O presente trabalho possui como objetivo apresentar a experiência de Observação de Bebês através do relato das supervisões em grupo. A Observação de Bebês, introduzida inicialmente pelo Método Bick, foi modificada no processo de formação do CEAPIA (Centro de Estudo, Atendimento e Pesquisa da Infância e Adolescência), agregando-se assim a experiência uma entrevista antes do nascimento do bebê e filmagens sistemáticas. Tal processo passa para além da mera observação de desenvolvimento e interação mãe-bebê: auxilia a construção de uma série de predicativos fundamentais para um bom psicoterapeuta em sua prática clínica e para tanto, como um dos pilares dessa prática aponta-se o processo de supervisão em grupo. O grupo de supervisão auxilia como um continente, presta-se a ser um dos aspectos egóicos saudáveis, incluindo a possibilidade de apoio e de propiciar o aumento da capacidade de pensar e internalizar os aspectos observados e sentidos durante a observação de bebês. Como resultado desse processo, entende-se que os profissionais envolvidos com as questões de saúde mental possuam maiores recursos instrumentais para a sua prática clínica.

Palavras-chaves: Observação, Bebê e Supervisão em Grupo.

Qual é a sua história? Entre números, diagnósticos e histórias

Há alguns dias atrás, voltei a escutar uma música cuja letra continha as seguintes frases:

“Números, números, números
O que é, o que são
O que dizem sobre você
Números, números, números
O que é, o que são
O que dizem sobre você

Essa não é a sua vida
Essa não é a sua história
Essa não é a sua vida
Essa não é a sua história” (Papas na Língua).

Essa música acabou fazendo para mim uma associação com um tema que venho pensando e discutindo, o diagnóstico infantil (e todos os processos diagnósticos) na área da psicologia e psicanálise. Em certos momentos, ou a partir de certas demandas, verifica-se o que poderíamos chamar de um verdadeiro fetiche pela classificação diagnóstica, como se ela, por si só pudesse “salvar” ou “subtrair” o sofrimento a que o sujeito em questão está enlaçado. Curiosamente, o que poucos se questionam – ou querem se questionar – é o que esse mesmo sofrimento pode dizer sobre a história desse sujeito e o que, por sua vez, pode significar.

A princípio, parece consenso, que pessoa alguma opta ou quer viver em sofrimento. A princípio, isso poderia ser entendido como uma verdade absoluta. Em certa medida – quantitativa ou qualitativa, como medir? – sofrimento frequente, intenso e contínuo não indica condições de saúde e bem-estar. Contudo, execrar esse processo numa tentativa de pura negação dessa vivência pode trazer – e certamente trará – outros tipos de consequências.

Dessa forma, quando pensamos em atribuir um diagnóstico – e vejam bem, não afirmo em momento algum que o diagnóstico seja desnecessário ou uma prática inadequada, pelo contrário – antes dele, e para chegar até ele quando for o caso, é necessário pensar na história desse sujeito e como ela se construiu, para além da quantidade de vezes que um sintoma aparece ou dos miligramas de medicação prescrita, buscando perceber a dinâmica por trás desses números e encontrando um sentido próprio e único. Essa sim é verdadeira a história de cada um: suas vivências, suas dores, suas satisfações, suas limitações e inclui-se nisso tudo, os sofrimentos de cada um como uma parte que integra, não que se nega.

V Colóquio Winnicott de Porto Alegre: A linguagem em Winnicott

Data: 6 de outubro de 2012
Local: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Auditório da FABICO
R. Ramiro Barcelos, 2705
Estacionamento: entrada pela Jacinto Gomes (atrás da FABICO)

Conferencistas convidados
André Neves (ilustrador e escritor)
Caroline Vasconcelos Ribeiro (psicóloga, UFBA)
Elsa Oliveira Dias (psicanalista, CWSP)
Tagma Schneider Donelli (psicóloga, UNISINOS)
Zeljko Loparic (filósofo, UNICAMP, PUCPR)

Apoio
Núcleo de Infância e Família do PPG-Psicologia da UFRGS
Grupo de Pesquisa em Filosofia e Práticas Psicoterápicas (GFPP)
do Centro de Lógica (CLE) da Unicamp
Centro Winnicott de São Paulo (CWSP)
Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana (SBPW)
Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise Natureza Humana
Revista Internacional de Psicanálise Winnicottiana Winnicott e-Prints

Inscrições gratuitas
Faça sua inscrição on-line indicando seu nome completo, profissão e instituição para winnicottpoa@hotmail.com

Entre 2008 e 2011, numa parceria entre o GFPP do Centro de Lógica da Unicamp e o Núcleo de Infância e Família do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS, foram realizados os quatro primeiros Colóquios Winnicott de Porto Alegre, com o objetivo de estabelecer, na universidade, um espaço de discussão e desenvolvimento de pesquisas sobre a teoria e a clínica winnicottiana. O I Colóquio Winnicott teve como tema A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott, o II, A ética do cuidado, o III Colóquio, Solidão essencial e dependência e, no IV, o tema foi Criatividade na vida e na arte.
Em 2012, estamos realizando o V Colóquio Winnicott de Porto Alegre, que terá como tema Linguagem em Winnicott. O pensamento winnicottiano traz uma ampliação retrospectiva da teoria psicanalítica rumo às fases mais primitivas do amadurecimento. Contribui, assim, para a descoberta de novos fenômenos psíquicos, em particular, de formas de linguagem não verbal, que levam a uma transformação da linguagem da psicanálise para dar conta da natureza humana e suas manifestações no tempo. Winnicott impressiona pela capacidade de recriar em palavras o estranho mundo do bebê e da relação mãe-bebê.

Programação

Sábado, 6 de outubro de 2012

9h00: Zeljko Loparic
Linguagens para falar da natureza humana

10h00: Caroline Vasconcelos Ribeiro
Winnicott e a descrição dos fenômenos humanos: uma linguagem não
Objetificante

11h00: Nara Amália Caron, Rita de Cássia Sobreira Lopes, Denise Steibel, Tagma
Schneider Donelli
“Um lugar onde a verbalização perde todo e qualquer sentido”

12h30: Almoço

14h30: Elsa Oliveira Dias
Comunicação verbal, não-verbal e não comunicação

15h30: André Neves
O TOM da narrativa visual

Bullying: Vamos continuar conversando sobre o assunto…

Apesar da palavra soar estranha ao ouvirmos, é um fenômeno muito comum. Quando vemos crianças ouvindo e tendo que conviver por muito tempo (anos) com “brincadeiras” e piadas a seu respeito, cada vez mais depreciativas e ofensivas, temos o que, então, chamamos de Bullying.

A palavra de origem inglesa, significa valentão, brigão e como verbo, significa ameaçar, amedrontar, tiranizar, oprimir, intimidar, maltratar. Desta forma, podemos entender que esse fenômeno é um comportamento agressivo e intimidador onde, em geral, uma criança é alvo de um grupo de colegas, os quais, repetidas vezes, amedrontam, oprimem, humilham e até agridem fisicamente a vítima do bullying.

Esse problema, que atualmente está sendo estudado e amplamente divulgado pelos meios de comunicação,  é passível de ser observado em qualquer escola – independente do tamanho da mesma, de ser pública ou privada – tem se tornado uma questão freqüente tanto para educadores quanto para os próprios alunos, contudo ainda percebemos muitos professores, pais e até os alunos acreditando que realmente se trata de uma brincadeira inocente.

O que pode ser visto por muitos como uma brincadeira “inocente” e “inofensiva” pode causar à vítima do bullying muito sofrimento e angústia, e pode acabar repercutindo de forma negativa no seu desenvolvimento. Os sintomas ou comportamentos apresentados são diversos, do isolamento a condutas agressivas, do baixo rendimento escolar a somatizações, além de problemas com sono, sociabilização e construção da identidade. Quanto à questão da identidade e do desenvolvimento, as vítimas do bullying são constantemente “minadas” e passam a viver com medo, dessa forma acabam por ter comportamentos que não são compreensíveis aos olhos dos pais e professores. Os apelidos, por exemplo, são as expressões mais comuns do bullying e encontrados quase que na maioria dos casos, embora possamos observar que esse comportamento tirânico pode chegar – e chega – a atingir a agressão física.

Salienta-se que, existem algumas diferenças entre as meninas e os meninos no que diz respeito à postura geral que adotam frente ao bullying, isto é, meninas, em geral, são muito mais discretas, suas mensagens são bem mais sutis, contudo não menos perversas, ou seja, as expressões do bullying com as meninas são feitas através de fofocas, maledicências e exclusões do grupo. Com os meninos o bullying é mais aberto em virtude de um comportamento mais externalizante como xingamentos e agressões.

Independentemente de meninos ou meninas, esse fenômeno é observado em grande parte das instituições de ensino e não pode mais ser um assunto marginalizado como os alunos alvos se sentem frente a isso! É importante ter claro que o bullying pode ter tanto expressões sutis e com certa facilidade contornáveis, como também chegar a atitudes extremas, principalmente por parte de quem sofre com a discriminação e brincadeiras maldosas.

É difícil imaginar o que pode vir a acontecer com uma criança que passe anos sendo submetida a situações de humilhação e constrangimento, entretanto acredita-se que seja uma experiência marcante a qual certamente deixará “rastros” no percurso do desenvolvimento da mesma.

Ser criança garante uma infância?

Já faz algum tempo que um documentário chamado “A Invenção da Infância” foi lançado e tinha como uma das perspectivas questionar se infância e ser criança eram conceitos que estavam entrelaçados na prática.

É esperado que você creia que “ser criança” e “infância” sejam sinônimos. Mas não o são.

A fase em que o sujeito é considerado criança diz respeito a um momento específico do desenvolvimento psíquico, físico e social. Já a infância é um período que foi “descoberto” em um dado momento histórico e atribuído a esse momento em que o sujeito é criança. O interessante é que, em alguns momentos, em algumas vidas, esses momentos não coincidem e ser criança não garante ter uma infância.

Na pós-modernidade a infância é um momento exaltado e extremamente protegido, talvez porque nessas crianças se depositem a esperança de um futuro melhor. Contudo, esses pequenos muitas vezes trabalham – como é mostrado no filme – e são absorvidos por diversas demandas as quais, seriam tipicamente referentes à fase adulta, e assim, ser criança deixa de garantir a infância, pois seu ingresso no mundo adulto já foi realizado – pelo menos em alguns pontos importantes.

Agendas cheias e trabalhos intensos e perigosos podem ser os violões evidentes desse “atalho” entre a infância e a adultez, contudo é preciso pensar num sentido mais macro, num sentido mais social e contextualizado, compreendendo em profundidade a razão pelas quais essa realidade é entendida como aceitável e até mesmo incentivada. A criança, nessa confusão de espaço social e valor, acaba sendo vista como algo que pode ser consumido e as realidades acabam de diferentes mundos (adulto e infância) acabam ficando muito parecidos, e isso, gera confusão não só nas crianças, mas nos próprios adultos.

Será que acabaremos roubando a infância das crianças?

 

 

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