Entramos em um pequeno café na praia, aqueles que fazem menção a um estilo francês, convidativo e eu estava ansiosa por sentar lá e tomar um cafezinho com qualquer um dos doces lindos expostos na cafeteria. Não sei se você reparou, escrevi acima “entramos”, ou seja, eu, meu marido e meu filho, de dois anos – um fofo, risonho, querido, mas uma criança de 2 anos.
Nunca fomos atendidos tão rapidamente!
Nada de mau com o atendimento, contudo eu sentia os olhares tocando a minha pele (e a do meu filho) enquanto passávamos buscando onde sentar. E talvez (muito provavelmente) porque estávamos com um pequeno (barulhento e curioso). Você sente os olhos cravados em você, ainda que alguns deles tentem ser generosos, forçando-se em outra direção ou com uma disfarçada displicência.
Quase como se tivessem ligado algo em mim, dei-me por conta o que é um casal com uma criança pequena em um lugar que não é típico para o público infantil (e vejam bem, fomos muito bem atendidos): os olhos se voltam com uma mistura de carinho, atenção e dúvida. Qual dúvida? Algumas em verdade: eles vão demorar? Como essa criança vai se comportar aqui? Por que essa criança “fala” tão alto ou não para sentadinha?
Pedi meu café. Pedi meu doce. E um atendimento instantâneo me deixou ambivalente, algo entre a alegria e o choque. Alegre porque estava satisfazendo minha vontade de maneira bastante rápida; em choque porque sabia – e sei mesmo – que a agilidade nos indicava sair na mesma velocidade dali.
Como sei? Também fiquei chocada ao me dar por conta que até um tempo atrás era eu a atendente (que personifica aqui todos os demais personagens presentes no café) com o olhar de carinho, atenção e dúvida.
Meu filho não incomodou ( no sentido mais coloquial da palavra), tomamos o café e fomos embora brincar com ele na praia. Vida seguindo com outros olhares, inclusive os meus sobre mim, sobre o que me rodeia, sobre como tudo muda tão lindamente!
OBS.: Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança, é mera coincidência. (risos)