Dei-me por conta de uma coisa (somente) há alguns dias: quando compro flores não escolho as mais perfeitas, ou as completamente perfeitas, acabo escolhendo a que possui alguma marca, nas folhas, nas flores, não importa.
Escolho uma que contenha algo que explicite para mim seu registro de vida e de percurso. A razão pela qual sou tomada a escolher flores (ou plantas) com alguma marca, dei-me conte pensando, é porque assim como nós, sujeitos, a vida não se faz de perfeição, a vida só se constróis através de marcas, umas mais brandas, outras cicatrizes, outras invisíveis. Sujeitos “contam” de onde vieram, quais lugares percorreram para se tornarem quem são hoje, porque sucessivamente marcaram e foram marcados pelas experiências… achei tão semelhante quando olhei para uma violeta e vi suas folhas com cores diferentes do habitual, além de um rasgadinho já cicatrizado.
Quem sabe, as flores e plantas “perfeitas” também tenham suas marcas, porém imperceptíveis. Ou talvez sejam perfeitas mesmo. Pobrezinhas, que sem graça!