No ano anterior escrevi no BLOG sobre brincar de boneca, motivada especialmente por uma reportagem que falava do quanto brincar de boneca é importante para as crianças.
Esse brincar envolve um processo de identificação muito complexo e fundamental para o desenvolvimento psíquico do miúdo. A identificação é um dos mecanismos de defesa que os indivíduos (saudáveis, inclusive) utilizam e o qual serve como importante ferramenta para a constituição da identidade. Semana passada uma miúda chama atenção da mídia quando escolhe uma boneca negra para ganhar de sua mãe. A questão toda foi o impacto que essa escolha causou na vendedora da loja que não entendia a razão pela qual uma menina branca escolhia uma boneca negra. Ver reportagem: http://www.geledes.org.br/essa-boneca-nao-parece-com-voce-resposta-de-garota-de-2-anos-vendedora-e-fabulosa/
Sophia, a menina com sua boneca, deu uma aula sobre processos de identificação: a cor da boneca não era um fator para ela, antes disso (e mais importante que isso!) o que a chama e cola nela era o que a boneca representava: uma boneca bem sucedida e bonita. É claro que esses estereótipos também podem ser questionados, nada mais justo. Contudo, há de se convir que é um grande passo para uma miúda e para uma sociedade marcada historicamente pela escravidão e preconceito racial.
O fato de Sophia conseguir enxergar além do óbvio e da superfície que é a pele – dentro de uma sociedade que parece relutar para abrir mão de uma cultura de exclusão – pode nos indicar que há uma geração apontando com novas estruturas identificatória. Será bom? Será ruim? Será diferente? Só o tempo, como sempre, conseguirá dar conta desses questionamentos, mas dá uma certa esperança, não dá? 😉