Há alguns dias a música “Dança da Solidão” invadiu minha mente e quando a escuto a salta para mim as seguintes partes:
“Meu pai sempre me dizia:
Meu filho tome cuidado,
Quando eu penso no futuro,
Não esqueço o meu passado
Oh!..” (Paulinho da Viola)
Essa parte da música remete-me a história pessoal que cada um nós trilha para nos havermos com o que somos hoje. Ou seja, não é preciso poderes mágicos para entender o que está por vir na vida nossa de cada dia, basta não esquecer o passado.
O tal passado, longe de dever ser entendido como correntes pesadas e imobilizadoras, é uma espécie de livro que escrevemos diariamente e que se lido, folheado com cautela, pode nos ajudar a dar uma espiadinha no que nos aguarda a frente, no futuro. Nossas formas de relacionamentos, amores, desgostos, rancores, traumas, felicidades, todos esses vão delineando lentamente nossas personalidades e nos empurrando por caminhos que, embora possam ser doloroso em um primeiro momento, são da ordem do conhecido, são caminhos com os quais sabemos lidar e que podemos prever, dando a falsa sensação de controle sobre a vida.
Entender o passado não é um clichê psicanalítico, é uma forma poderosa de mergulho, cuja superfície não será, nem de longe, superficial.