Quero começar pedindo DESCULPAS a todas as mulheres (sim, exclusivamente mulheres) que eu “enchi o saco” de forma direta ou indireta sobre seus cabelos brancos. Eu tenho vívido na minha memória eu e uma colega de trabalho falando – com indignação – por que razão mulheres não pintavam seus cabelos!
Contexto 1: A indignação que falo é típica daquela que não tinha cabelos brancos e por alguma razão se importava com quem os tinha.
Contexto 2: Essa memória é de muitos anos atrás, mais de década – perdoem minha imaturidade sobre o tema.
Contextos colocados, retomo: me perdoem!
Hoje, eu com mais de 40 anos e com muitos cabelos brancos misturados com os castanhos remanescentes me dou conta do que eu fiz e do que se faz cotidianamente: encher o saco alheio.
Eu não vou pegar nesse texto o caminho legítimo sobre o direito aos nossos corpos, o que incluiria nossos cabelos, mas de qualquer forma, acaba que é sobre como algumas características nossas, no meu caso o cabelo branco, acaba incomodando muito outras pessoas.
E digo mais: incomoda a mim mesma. Quando vi o que julguei ser o primeiro não tive dúvida: arranquei.
A cada vez que me dizem: Nossa! Quanto cabelo branco tu tá!! – e são tantas vezes que dá vontade de fazer uma mensagem automática, como nos e-mails. De qualquer forma, eu replico:
_ Pois é, eu to pensando o que fazer ainda.
Falo isso porque realmente não sei o que quero fazer comigo, com meu cabelo, em minha defesa ou sobre meu envelhecimento. E talvez seja esse um dos pontos: acusar a velhice do outro é falar de forma projetiva do medo da sua própria perda de juventude. De todo modo, é um saco.
Eu não sei o que fazer com meus cabelos brancos.
Fato é, que eles serão maioria em breve e serão evidências incontestáveis dos anos que vivi até agora e que, sinceramente, desejo muitos ainda pela frente.