Quando se está mal resolvido com algo, tudo e todos viram alvo. Uma forma de ser/viver, é verdade: Uma metralhadora de dor – sem mira, sem objetivo claro, sem critério ou bom senso (é possível usar bom senso como uma descrição nesse caso? Realmente, não sei!).
Não é infrequente que nos deparemos com pessoas que estão sofrendo. Em verdade, é muito comum. E há muitas formas de lidar com a dor: há quem se retire, há quem chore, há quem busque ajuda, quem não queira ajuda, quem ataque a si mesmo, quem ataque aos outros – e tantos outros caminhos e combinações. A dor quando não tem destino – está perdida e solta, sem poder ser processada, pensada e elaborada – pode se transformar em artilharia pesada e ser atirada em cima de qualquer um que passar pela frente – ou, às vezes, basta estar por perto.
Sentir não é o problema em si (não mesmo!). A primeira questão sempre será: qual destino esses afetos tomarão? Alguns discursos vindos de uma cultura centenária de rechaço à dor e ao pensar (discursos que negam o sofrimento; discursos de autoajuda, por exemplo) sempre colocam empecilhos para uma resolução mais consistente para quem sofre.
Nesse caminho que é poder pensar sobre o que está vivendo e sentindo, alguns “mortos e feridos” ficam pelo caminho – ok, inevitável algumas “baixas”. Contudo, torna-se especialmente doloroso quando a intensidade é a de um massacre: é difícil (muito difícil) descobrir que o verdadeiro alvo a ser atingido era o tempo todo você mesmo – e não os outros – e ainda, esse alvo não se trata de ser atingido, extinto, danificado. Dupla tarefa: redirecionar e sofisticar a mira, e, transformar o alvo em um propósito de caminho.