“Eu já passei por isso que você está passando, te entendo perfeitamente!”
Quem ainda não escutou essa frase? Quem já não disse essa frase?
Sem dúvida, na grande parte dos casos, é uma tentativa empática, entretanto, se prestarmos atenção nela perceberemos que não se trata de empatia. Trata-se de contar uma história sobre você, ainda que em pedaços, ainda que indiretamente. Escutar o outro é extremamente difícil. Lembro de um trecho do livro A Casa das Estrelas, no qual vários conceitos são apresentados pela ótica das crianças, e um deles é sobre o que é ser adulto – para um dos pequenos adulto é, aquele que primeiramente fala dele mesmo. Genial, triste e brutalmente real.
Empatia não passa necessariamente por ter vivido uma experiência equivalente – ou igual – a do outro para assim, poder entender a dor pela qual quem fala passa. Isso é de outra ordem, definitivamente não é empatia.
Empatia não depende de você ter vivido algo, sofrido por alguém, ter traumas semelhantes, ser do mesmo gênero ou mesma idade. A sua experiência não garante que você realmente consiga escutar e se colocar no lugar do outro. Ser empático, sim.
Empatia diz respeito a uma possibilidade de se desprender do que dói em você – ou do que te alegra – para sentir uma dor que, talvez, você nunca a tenha sentido e, mesmo assim, sentir tão profundamente como SE sua. Entretanto, ironicamente, você nunca vem em primeiro lugar: quem é escutado é a quem se acolhe com a simplicidade de se conceder genuinamente ouvidos e alma.
Empatia é um abraço que não precisa dos braços, precisa,em verdade, que você se afaste de você mesmo para dar espaço para o outro.